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Cotidiano
Mourão comentou o assunto em entrevista à agência de notícias da ONU em Nova York
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O tema voltou à tona nesta semana depois de o presidente Volodimir Zelenski fazer uma crítica direta à postura de Jair Bolsonaro (PL) | MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) disse nesta quinta-feira (21) que o Brasil não tem uma posição de neutralidade na Guerra da Ucrânia e condena o conflito. O tema voltou à tona nesta semana depois de o presidente Volodimir Zelenski fazer uma crítica direta à postura de Jair Bolsonaro (PL), que por mais de uma vez disse que se mantém neutro.
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Os dois líderes se falaram pelo telefone pela primeira vez na segunda (18), e a cobrança de Zelenski foi feita no dia seguinte, à TV Globo. "Não apoio a posição dele. Não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo", disse o ucraniano. Na terça, Bolsonaro apenas afirmou "estar do lado da paz".
Mourão comentou o assunto em entrevista à agência de notícias da ONU em Nova York, para onde viajou para participar de encontros do Conselho de Segurança, que tem neste mês a presidência ocupada pela delegação brasileira -uma das que assumiram um assento rotativo no órgão.
"Na realidade, o Brasil não está neutro [na guerra]. O Brasil condena o conflito. Agora, nós temos interesses tanto com a Ucrânia como com a Rússia. É uma questão de pragmatismo, de flexibilidade", disse. "O Brasil não concorda com o conflito, mas é uma questão que tem que ser resolvida pela via diplomática."
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A posição que Bolsonaro manifestou mais de uma vez, citando neutralidade, está ligada principalmente à alta dependência de fertilizantes da Rússia. Apesar dessas falas, em fóruns internacionais como a ONU o Brasil se posicionou por vezes de forma crítica a Moscou. O presidente, que nesta semana falou pela primeira vez com Zelenski desde o início da guerra, já tinha se encontrado com Vladimir Putin dias antes de a Rússia iniciar a invasão ao vizinho e tido ao menos um telefonema com ele.
Apesar de discordar das falas sobre neutralidade, Mourão ecoou outra posição defendida pelo presidente e pelo Itamaraty, dizendo que as sanções aplicadas pelo Ocidente "não estão surtindo o efeito necessário". Segundo ele, a guerra "está causando tanto dano à Ucrânia e também à Rússia".
Na entrevista, ele ainda falou sobre o cenário eleitoral do Brasil, usando a expressão "disse me disse" para tratar do aumento de tensões na pré-campanha. "É óbvio que é um momento de polarização entre o presidente Bolsonaro e o candidato da oposição, que é o presidente Lula", disse. "Há pressões de parte a parte, mas a minha visão muito clara é que nós chegaremos a outubro, no mês das eleições, sem maiores confusões, e aquele que a população eleger irá tomar posse no dia 1º de janeiro, sem maiores problemas."
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Em meio a um quadro de aumento nos casos de violência contra lideranças políticas, Bolsonaro tem feito uma série de ataques ao sistema eleitoral, que incluem mentiras sobre as urnas, críticas a ministros do TSE e ameaças golpistas.
Antes de dar entrevista à agência da ONU, Mourão participou de encontros do Conselho de Segurança e defendeu a decisão do órgão, tomada no início deste mês, de prolongar a permanência de tropas no Haiti até julho de 2023. O país caribenho há um ano viu novas camadas se acumularem a uma crise que já é estrutural, com o assassinato do presidente Jovenel Moïse e um terremoto de grandes proporções.
O vice-presidente centrou sua fala no CS na situação das mulheres -as Nações Unidas adicionaram o combate à violência sexual e de gênero como parte da missão no país. Segundo Mourão, a deterioração da situação dos direitos humanos levou a um aumento desse tipo de violência, em sua maioria contra mulheres e meninas.
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"A comunidade internacional tem que entender que deve haver um apoio maior àquele país. Não é uma quantidade tão grande assim de recursos financeiros que seriam necessários para que o povo haitiano consiga ter dignidade", disse.
Mais cedo, o vice-presidente havia se encontrado com o subsecretário-geral para Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix. Hoje, o Brasil participa de sete das 12 operações de paz da ONU, com 76 oficiais. O país chefiou, entre 2004 e 2017, a missão no Haiti, com o envolvimento de mais de 30 mil militares. "Acredito que até o final do ano [após as eleições], talvez no ano que vem, a gente consiga abrir espaço no Orçamento para que a gente desdobre, efetivamente, tropas em apoio às operações de paz", afirmou.
A agenda de Mourão em Nova York também incluiu encontros com investidores, em reuniões fechadas na quarta-feira (20) no Bank of America e na Câmara de Comércio Brasil-EUA. Ele não parou para falar com os jornalistas em nenhum momento e à Folha disse apenas que passou "só mensagens positivas" nos encontros.
Mourão não deve integrar a chapa de Bolsonaro nas eleições de outubro. Ele é pré-candidato ao Senado no Rio Grande do Sul.
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