A+

A-

Alternar Contraste

Quinta, 19 Setembro 2024

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta

Cotidiano

Ministério da Saúde aprova política nacional de cuidados paliativos

A decisão foi anunciada em reunião da CIT (Comissão Intergestores Tripartite), que reúne o ministério e as secretarias estaduais e municipais de Saúde

15/12/2023 às 12:04  atualizado em 15/12/2023 às 12:18

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Ainda não há definição do orçamento previsto para 2024

Ainda não há definição do orçamento previsto para 2024 | Divulgação/Governo de SP

O Ministério da Saúde aprovou nesta quinta (14) a Política Nacional de Cuidados Paliativos com a proposta de garantir essa assistência a pacientes adultos e pediátricos do SUS desde o diagnóstico até a fase final de uma doença grave e incurável.

Continua depois da publicidade

A decisão foi anunciada em reunião da CIT (Comissão Intergestores Tripartite), que reúne o ministério e as secretarias estaduais e municipais de Saúde. A portaria deve ser publicada na próxima semana. Ainda não há definição do orçamento previsto para 2024.

Segundo a Folha de S.Paulo apurou, a proposta prevê um número máximo de 1.321 equipes compostas por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, que contarão com apoio de profissionais da telessaúde. Estão previstos 400 leitos.

Faça parte do grupo da Gazeta no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Continua depois da publicidade

De acordo com os estudos que embasaram a nova política, a previsão é que sejam necessários R$ 851 milhões para financiar essas novas equipes, mas não há menção de onde virão esses recursos.

Segundo dados do ministério, existem hoje 316 serviços no SUS destinados a cuidados paliativos, envolvendo hospitais, ambulatórios e equipes de atendimento domiciliar. Eles estão em 120 municípios.

Já um atlas lançado nesta semana pela ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos) aponta que há apenas 234 serviços públicos e privados nos mais de 5.000 municípios brasileiros, a maioria centrada em hospitais na região Sudeste.

Continua depois da publicidade

Desde 2002 há normas no SUS determinando a oferta de cuidados paliativos, mas elas nunca se efetivaram de forma ampla, principalmente, pela falta de orçamento previsto para esse fim e de equipes capacitadas.

"É um momento de voltar a ter esperança de acesso a esses cuidados no SUS", afirma o médico Rodrigo Kappel Castilho, presidente da ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos).

Segundo ele, na reunião com os gestores da saúde, foi garantido que haverá orçamento para a política já em 2024. Questionado, o Ministério da Saúde disse que essa informação ainda está sendo analisada e constará na portaria a ser publicada.

Continua depois da publicidade

Castilho diz que a política reforça as diretrizes e princípios internacionais dos cuidados paliativos, como a busca por melhorar a qualidade de vida dos pacientes, prevenir e controlar os sintomas físicos, emocionais, espirituais e sociofamiliares.

Além da criação de novas equipes, estão previstas a capacitação da atenção primária para esse atendimento, a inclusão da disciplina nos currículos de cursos da área da saúde e a ampliação do acesso aos analgésicos opioides.

O médico afirma que o acesso a esses remédios no SUS e nas farmácias privadas ainda é bem complicado tanto pela burocracia para se conseguir o receituário amarelo (necessário para se obter a medicação) quanto pela falta de conhecimento de muitos profissionais no manejo da dor.

Continua depois da publicidade

"Precisamos de uma capacitação em massa, educar a população e, principalmente, os profissionais de saúde para que entendam que os cuidados paliativos são uma boa prática de saúde, melhoram a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes."

A ênfase dada aos profissionais de saúde não é por acaso. Ainda hoje é comum que muitos médicos especialistas, como oncologistas e cardiologistas, relutem em encaminhar pacientes às equipes de cuidados paliativos. Quando o fazem, o doente já está à beira da morte.

Às vezes, a resistência também é do próprio paciente que, por desinformação, acredita que, aderindo aos cuidados paliativos, estaria abrindo mão de uma chance de tratamento ou cura.

Continua depois da publicidade

Desde 2020, há um projeto coordenado pelo Hospital Sírio-Libanês, por meio do Proadi (programa de apoio ao desenvolvimento institucional do SUS), que vem capacitando equipes do SUS a adotar protocolos de cuidados paliativos. Busca também desconstruir a ideia de que eles estão restritos a uma fase final de vida do paciente, a um único setor e a uma única equipe médica.

Castilho defende que o Brasil precisa avançar agora para a aprovação da especialidade de medicina paliativa. Segundo ele, o país o único país na América Latina sem essa modalidade. Uma das razões é a resistência dentro da própria classe médica.

A aprovação da política nacional acontece na mesma semana em que a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei da deputada Luisa Canziani (PSD-PR) com o mesmo objetivo.

Continua depois da publicidade

O texto segue para o Senado com mudanças feitas pela comissão de finanças, que estabeleceu que os cuidados paliativos devem ser financiados por todos os entes federados (União, Estados e municípios), em vez de dotações orçamentárias apenas da União, como previa o texto original.

"Está começando uma nova era dos cuidados paliativos que vai tirar o Brasil daquelas posições muito incômodas de ser um dos piores lugares para morrer", afirmou Mariana Borges Dias, coordenadora-geral da atenção domiciliar do Ministério da Saúde, no plenário da Câmara na quarta (13).

Ela se referiu uma pesquisa internacional publicada no ano passado que mostrou que o Brasil é o terceiro pior país para morrer entre 81 nações analisadas. Ficou na frente apenas do Paraguai e do Líbano. O Reino Unido foi considerado o melhor país para se ter os momentos finais de vida.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados