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Cotidiano
'Operação Formosa' envolverá neste ano mais de 2.500 militares das três Forças
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Blindados da Marinha durante o desfile cívico-militar de 07 de setembro | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Em meio a uma série de declarações golpistas do presidente Jair Bolsonaro e na semana em que está prevista a votação do voto impresso na Câmara, o Ministério da Defesa realizará nesta terça-feira (10) um desfile de blindados que passará em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília.
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De acordo com um comunicado da Marinha, o desfile marcará a entrega a Bolsonaro e ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) de um convite para que as autoridades acompanhem, em 16 de agosto, um tradicional exercício da Marinha que ocorre desde 1988.
Embora autoridades normalmente sejam chamadas a assistir à Operação Formosa, que ocorre na cidade de mesmo nome em Goiás, é a primeira vez que o convite ocorrerá com um desfile de blindados militares.
De acordo com a assessoria de comunicação da Defesa, trata-se de uma ação de divulgação do exercício. Segundo a Marinha, a Operação Formosa envolverá neste ano mais de 2.500 militares das três Forças -é a primeira edição que Exército e Aeronáutica participam.
No total, serão 150 diferentes equipamentos, entre carros de combate, blindados, aeronaves e lançadores de mísseis e foguetes. O objetivo é simular uma operação anfíbia. Questionado, o Ministério da Defesa não precisou quantos desses veículos estarão no desfile desta terça.
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"Nesta terça-feira, pela manhã, comboio com veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro, passará por Brasília, a caminho do Campo de Instrução de Formosa. Na oportunidade, às 8h30, no Palácio do Planalto, serão entregues ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, os convites para comparecerem à demonstração operativa", diz a Marinha, em nota.
A presença de blindados em frente ao Planalto -um local em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao lado do Congresso Nacional- ocorre em meio ao agravamento de uma crise institucional entre Bolsonaro e o Judiciário.
O presidente tem feito uma série de ameaças contra a organização das eleições do ano que vem. Na sua defesa do voto impresso, ele chegou a colocar em dúvida a realização do pleito. "Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição", disse Bolsonaro em 1º de agosto.
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Dias depois, ao ser incluído pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) como investigado no inquérito das fake news, o mandatário disse que poderia atuar fora dos limites constitucionais. "Ainda mais um inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico, não pode começar por ele [pelo Supremo Tribunal Federal]. Ele abre, apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição", declarou Bolsonaro, durante uma entrevista.
Após reiterados ataques de Bolsonaro a integrantes do STF, principalmente contra Moraes e Luís Roberto Barroso, o presidente do tribunal, Luiz Fux, cancelou uma reunião prevista entre os chefes dos três Poderes.
A demonstração das Forças Armadas ocorrerá ainda na semana em que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso pode ser derrotada no Plenário da Câmara.
Pauta prioritária do bolsonarismo, a PEC foi rechaçada numa comissão especial na semana passada, mas o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), deve pautá-la em Plenário. Lira diz que planeja pautá-la para esta terça ou quarta-feira (11). A tendência é que deputados rejeitem a PEC.
Além da escalada de declarações golpistas de Bolsonaro, especialistas têm alertado para o risco de politização das forças.
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No final de março, Bolsonaro demitiu o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo. De acordo com interlocutores, Azevedo vinha resistindo a pressões do presidente por um maior apoio das Forças Armadas na defesa de medidas do governo, principalmente na oposição a políticas de distanciamento social adotadas por governadores e prefeitos.
No lugar, Bolsonaro nomeou o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, visto como um militar mais alinhado às pautas bolsonaristas. Como resultado da demissão de Azevedo, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica também anunciaram que deixariam seus postos.
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