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Cotidiano

Mercado imobiliário: Venda de imóveis em SP bate recorde na pandemia

A cidade vendeu mais em 2020 e 2021 do que nos últimos quatro anos anteriores, mas desemprego em alta preocupa especialistas

14/09/2021 às 14:42

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Mercado de compra e venda de imóveis na Capital registrou um recorde histórico durante a pandemia

Mercado de compra e venda de imóveis na Capital registrou um recorde histórico durante a pandemia | /Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

O mercado de compra e venda de imóveis na cidade de São Paulo registrou um recorde histórico durante a pandemia da Covid-19. Segundo levantamento do G1, foram 47 mil imóveis novos vendidos na capital somente nos primeiros semestres de 2020 e 2021. Esse número é maior do que a soma de vendas dos últimos quatro anos anteriores, em seus primeiros semestres, de acordo com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP)

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Não é difícil andar pela cidade e não encontrar uma obra em andamento. Segundo Emilio Kallas, vice-presidente do Secovi-SP, diversos fatores têm influenciado a alta procura por imóveis novos durante a pandemia. 

"[Nos últimos meses], os juros ficaram mais adequados. Gostaríamos que [a taxa Selic] ficasse naqueles 2% que chegou a bater, o que não se confirmou, mas ainda está em um valor adequado. O pessoal está procurando imóvel porque as prestações ficaram mais baratas. Já teve meses em que a prestação caia 15 ou 20%", afirma ele, em entrevista ao portal "G1".

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Apesar de a taxa Selic marcar atualmente 5,25% ao ano, os compradores não se intimidaram. Kallas explica que "O povo percebeu que há uma pressão muito forte para que os preços dos apartamentos fiquem cada vez mais altos, então, eles aproveitam para comprar enquanto estão podendo".

Nunca se registrou nas pesquisas da Secovi-SP tantos lançamentos como no primeiro semestre de 2021. Foram lançados 27.114 imóveis novos, o maior número em um semestre desde 2014, quando começaram as medições.

Nos dois primeiros semestres de 2020 e 2021, o número de imóveis lançados (36.699) foi maior do que o total registrado nos primeiros semestres dos anos de 2017 a 2019, juntos.

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Contraste com o déficit habitacional

Estes números, no entanto, contrastam com o déficit habitacional da cidade. De acordo com o próprio Sindicato, 474 mil moradias seriam necessárias para zerar esse índice. O que significa que quase meio milhão de famílias ainda pleiteiam moradia popular ou estão atualmente em situação de carência de moradia adequada.

A pandemia acentuou ainda mais essa crise e fez aumentar em 660% o número de famílias ameaçadas de despejo no Estado de São Paulo. Segundo levantamento realizado por entidades da área de moradia, 36.800 pessoas necessitam de habitação só na capital paulista e 55 mil famílias tiveram de se mudar para habitações precárias e favelas.

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Em 2021 o total de famílias vivendo em moradias precárias já está em 392 mil, que se encontram distribuídas em mais de 1,7 mil favelas. Em 2019 esse mesmo número era de 372 mil famílias.

Contraste com a taxa de desemprego

Segundo o arquiteto Marcelo Ignatios, diretor-executivo do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o fato de o Brasil estar enfrentando uma das maiores taxas históricas de desemprego é outro contraste preocupante frente ao elevado número de transações de compra e venda de imóveis. 

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"A gente começou a observar o mercado tendo recorde de lançamentos e recorde de absorção desses lançamentos em um período de pandemia, que é contradição toda, a gente fica bastante preocupado com a estabilidade do emprego dessas pessoas que estão comprando", explica.

Ignatios explica ainda que "O fenônemo mais esquisito é que o Brasil está com a maior taxa de desemprego da história recente. Estamos com quase 15 milhões de desempregados ao mesmo tempo em que o mercado imobiliário está vendendo muitos imóveis. Existe aí um possível paradoxo".

A preocupação envolve ainda, na visão do especialista, a situação econômica do país e o futuro do mercado. "Na minha visão, esse paradoxo só se justifica enquanto a gente tem taxa de juros baixa e uma possibilidade de crédito ainda elevada. Se a economia não retomar sua atividade, se o Produto Interno Bruto (PIB) não cresce, automaticamente a taxa de juros vai ter que subir e a atividade econômica não emprega mais as pessoas, que passam a perder seus empregos" concluiu o arquiteto.

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Aumento de preços

O aumento dos preços dos imóveis tem chamado a atenção do Secovi-SP. Segundo o vice-presidente da entidade esse efeito pode ser diretamente explicado pelas determinações do Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade de São Paulo.

"É o grande entrave, está sendo injusto com os munícipes. A gente deveria fazer uma reforma do Plano Diretor. Os terrenos adequados estão ficando escassos, [...] você não aproveita o terreno como deveria", explicou Kallas.

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O diretor do IAB complementa o raciocínio e diz que "Os imóveis estão subindo os preços porque, na medida em que há menos oportunidades de visão de longo prazo para o mercado construir, incorporar e vender, automaticamente começam a vender mais caro".

O arquiteto explica ainda que a Prefeitura deve se preocupar com a acessibilidade de compra das famílias mais pobres. Segundo ele, a Gestão deve "rever como entregar habitação acessível para a população efetivamente de baixa renda. O deixar de receber a outorga não está sendo respaldado para reurbanizar favelas, para produzir unidades habitacionais para quem tem até três salários-mínimos".

Mercado da construção civil está aquecido

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De acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os novos postos de trabalho gerados na indústria da construção civil somaram 208.259 em 2021. Só no estado de São Paulo foram 54.084.

Numa amostra anual, o setor da construção foi o quarto que mais gerou vagas. Foram 310.541 empregos entre agosto de 2020 e julho de 2021. O setor ficou atrás apenas dos setores de serviços (1.149.948), comércio (781.542) e indústria (697.387).

"As obras não ficaram paradas. Como eram ao ar livre, como a incidência de Covid-19 foi mínima, pois os operários foram muito diligentes, a parte de produção nossa continuou normal. Mesmo com essa pandemia, ela não sofreu interrupção. O que sofreu interrupção foram os stands de vendas, que, em alguns períodos, não podíamos abrir", complementou Emilio Kallas.

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O mercado tem mostrado equilíbrio entre a oferta e a demanda de imóveis. Até o mês de julho de 2021, foram vendidas 35,3 mil unidades habitacionais contra cerca de 34 mil produzidas.

Em 2021, até o mês de julho, cerca de 34 mil unidades habitacionais foram produzidas e 35,3 mil foram vendidas. Cenário similar ao do ano anterior que teve 51,4 mil unidades vendidas e 59,9 mil unidades produzidas.

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