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Cotidiano

Mercadão de SP impõe medidas para acabar com golpe da fruta

Entre elas está o uso de faca de plástico e despejo a quem desrespeitar regras

05/03/2023 às 12:00

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Desde fevereiro de 2022, quando reclamações na internet e reportagens na imprensa deram projeção nacional às reclamações de consumidores, o Procon-SP não recebeu novas denúncias contra comerciantes de frutas do Mercadão

Desde fevereiro de 2022, quando reclamações na internet e reportagens na imprensa deram projeção nacional às reclamações de consumidores, o Procon-SP não recebeu novas denúncias contra comerciantes de frutas do Mercadão | JOSÉ CORDEIRO/SPTURIS

"Cuidado para não exagerar porque essa é 'Viagra' natural", diz o vendedor enquanto corta com faca de plástico a fatia de pitaia branca que entrega ao homem de chapéu panamá e barba grisalha no corredor central do Mercado Municipal de São Paulo.

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Quase qualquer argumento é valido para o vendedor tentar convencer o turista a pagar até R$ 140 pelo quilo de pinhas, tâmaras e outras iguarias consideradas exóticas. Lâminas de metal, porém, foram proibidas.

Também não são mais permitidas abordagens de múltiplos vendedores a um único cliente, nem chegar perto demais. Um metro é a distância recomendada para fazer a venda.

Exigências impostas pela administração do Mercadão na tentativa de acabar com o ambiente considerado intimidatório por clientes que, vez ou outra, relatam nas redes sociais terem sido coagidos a comprar mais do que pretendiam ou a não reclamar quanto supostamente ludibriados com a troca de preços na hora de pagar a conta.

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A situação que muitos já vivenciaram ao visitar pela primeira vez o nonagenário ponto turístico paulistano é o que se convencionou chamar de golpe da fruta.

O grupo privado que administra o espaço diz ter colocado fim a essa prática ao implementar uma série de ações desde o ano passado.

"Esse golpe da fruta não pode existir. Tive que tomar medidas enérgicas, como interditar e multar barracas", diz Aldo Bonametti, diretor-presidente da Mercado SP SPE S.A.

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Bonametti tem argumento mais convincente do que as multas: o direito da concessionária de não renovar os atuais contratos de aluguel. A privatização do Mercadão extinguiu a condição de permissionários dos proprietários de bancas, que passaram a ser locatários do espaço.

"Hoje eu posso multar e até entrar com o despejo, dependendo da gravidade, mas daqui a um ano, eu vou renovar o contrato com quem eu quiser. Não vou deixar aqui quem está manchando. Eu não posso deixar essa pecha."

É quase impossível confirmar se o golpe da fruta acabou de fato, mas cessaram as denúncias ao serviço de proteção ao consumidor paulista.

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Desde fevereiro de 2022, quando reclamações na internet e reportagens na imprensa deram projeção nacional às reclamações de consumidores, o Procon-SP não recebeu novas denúncias contra comerciantes de frutas do Mercadão.

Mesmo nas fiscalizações realizadas em 17 estabelecimentos no ano passado para a averiguação das denúncias, e que resultaram em 11 multas, não houve flagrante de golpe da fruta.

"As principais irregularidades encontradas foram por problemas relativos à informação de preço e validade", informou o Procon.

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A Folha de S.Paulo esteve no Mercadão em duas ocasiões Sem se identificar, o repórter foi abordado por vendedores que ofereceram degustação de frutas e, apesar da persistência, não ocorreram problemas quando a compra foi recusada. Situação semelhante foi observada com os demais consumidores.

Não era fácil, porém, entender os preços anotados com garranchos em folhas do tamanho de um caderno brochura pequeno e parcialmente encobertas pela mercadoria.

Encarregado de uma das principais barracas do setor, Flávio Cássio, 52, conta que a repercussão negativa e a administração "pegando no pé" conseguiram "dar uma acalmada" em vendedores adeptos do assédio. "Acho que tem que pegar no pé mesmo. Quem trabalha direito não tem medo", comentou.

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Cássio também cobra atenção dos clientes. "Tem que andar um pouco mais, em vez de comprar na primeira banca. Tem fruta que custa R$ 130 em outra barraca, mas aqui a gente vende por R$ 60."

Parte dos negociantes afirma haver injustiça por parte de consumidores, da Mercado SP e da imprensa.

Um dos vendedores, que pediu para não ter seu nome revelado, contou que clientes tiraram proveito da má fama gerada pela repercussão na mídia para não pagar pela mercadoria.

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