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Cotidiano

Memória: você sabia que o Mercadão já foi um depósito de armas?

Mercado Municipal foi inaugurado em 1933 e quase foi demolido na década de 1960

Gladys Magalhães

17/02/2022 às 15:30

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O Mercado da Cantareira, ou Mercadão, foi idealizado para ser um entreposto comercial de atacado e varejo; ele foi inaugurado em 1933

O Mercado da Cantareira, ou Mercadão, foi idealizado para ser um entreposto comercial de atacado e varejo; ele foi inaugurado em 1933 | /Divulgação/PMSP

No início do século passado, a cidade de São Paulo contava com um pequeno mercado municipal, popularmente conhecido como “Mercado dos Caipiras”. Localizado no número 377 da Rua da Cantareira, o hoje conhecido Mercado Kinjo Yamato, na época, já não dava conta das necessidades da capital paulista, que crescia na esteira do sucesso da produção cafeeira. Nascia aí, a ideia de se construir um novo mercado municipal para o município.

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O Mercado da Cantareira, ou Mercadão, foi idealizado para ser um entreposto comercial de atacado e varejo, especializado na comercialização de frutas e verduras, entre outros produtos alimentícios. Mas, sua primeira função foi servir de depósito de armas e munições para as tropas paulistas durante a Revolução Constitucionalista de 1932.

A construção do local se iniciou em 1928 e durou quatro anos. Mas, por conta da Revolução, a inauguração ocorreu apenas em 25 de janeiro de 1933, após o Mercado passar por uma reforma em seus vitrais, visto que estes eram usados como alvo no treinamento dos soldados.

Macaque in the trees
Mercado Municipal de São Paulo em construção, no ano de 1927 - Reprodução

O prédio
Assim como diversas outras construções da cidade de São Paulo, o Mercadão teve inspiração europeia. Sua arquitetura segue o modelo utilizado no Mercado Central de Berlim e sua construção foi direcionada a Felisberto Ranzini, que trabalhava no escritório mais famoso da cidade, o de Ramos de Azevedo, responsável, entre outros, pela construção da Pinacoteca e do Theatro Municipal.

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Os vitrais, que encantam turistas e paulistanos, foram idealizados por Conrado Sorgenicht Filho. Neles, é possível observar cenas comuns à agricultura, porém, Conrado ficou famoso por projetar os vitrais da Catedral da Sé e de outras 300 igrejas espalhadas pelo Brasil.

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Os vitrais, que encantam turistas e paulistanos, foram idealizados por Conrado Sorgenicht Filho - Alf Ribeiro/Folhapress

Quase no chão
O Mercadão conta com 12,6 mil m², cerca de 290 boxes e 1,5 mil trabalhadores. Entre suas histórias curiosas duas chamam a atenção: a primeira aconteceu na década de 1960, quando o Ceasa foi inaugurado e o Mercadão perdeu um pouco de sua importância.

Na mesma época, começava a crescer a violência e degradação da região, o que levou as autoridades a cogitarem demolir o Mercado Municipal. O plano só não foi concretizado porque um grupo de lojistas entrou com um pedido de tombamento do prédio e conseguiu arrecadar um montante para restaurar o espaço.

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Essa, contudo, não foi a principal reforma pela qual passou o Centro Comercial. A mais importante ocorreu em 2004, quando o arquiteto Pedro Paulo de Mello Saraiva recuperou a fachada e os vitrais e construiu o mezanino, que hoje abriga dezenas de bares e restaurantes famosos.

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O sanduíche teria sido inventado, por acaso, em uma brincadeira dos funcionários do atual Bar do Mané - Reprodução/Facebook/Mercado Municipal de São Paulo

O Sanduíche
Outra história curiosa envolvendo o Mercadão é a que diz respeito ao famoso sanduíche de mortadela. Segundo consta, ele teria sido inventado, por acaso, em uma brincadeira dos funcionários do atual Bar do Mané, que na época, ainda em 1933, tinha outro nome e era administrado por parentes dos atuais donos.

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