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Cotidiano

Memória: Pinacoteca, o museu de arte mais antigo de SP

Museu inaugurado em 1905 já serviu de quartel improvisado durante a Revolução de 1930 e na Revolução Constitucionalista de 1932

Gladys Magalhães

14/10/2021 às 15:34

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A Pinacoteca foi fundada em dezembro de 1905 e é o museu de arte mais antigo de São Paulo

A Pinacoteca foi fundada em dezembro de 1905 e é o museu de arte mais antigo de São Paulo | /Rodrigo Zorzi

No último trimestre de 2020, a Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, virou notícia ao realizar uma exposição da dupla de grafiteiros OSGEMEOS. A exposição marcou a reabertura daquele que é considerado o museu de arte mais antigo do estado de São Paulo.

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A Pinacoteca, ou Pina, como também é conhecida, ficou meses sem encontrar o público, por conta da pandemia do novo coronavírus. Contudo, esta não foi a primeira vez que o museu, fundado em dezembro de 1905, ficou de portas fechadas.

Macaque in the trees
Revolucionários de 1930 acampados no Jardim da Luz, em São Paulo - Acervo Iconographia/Pinacoteca do Estado

Revoluções
Alguns anos depois de sua fundação, na década de 1930, a Pinacoteca deixou de funcionar para virar um quartel improvisado.

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Primeiramente, ela recebeu os soldados da Primeira Legião, vindos do estado do Paraná, em 1930, quando houve o rompimento do pacto entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, que costumavam revezar a presidência do país.

Depois, já em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, o prédio foi novamente requisitado, dessa vez, para alocar o Batalhão Militar Santos Dumont.

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Vista do pátio interior da Pinacoteca - Leonardo Wen/Folhapress

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De escola a museu
O fechamento para servir de quartel, pode ter sido o maior, mas não foi o único momento inusitado vivido pela Pinacoteca. Na verdade, para muitos, o próprio surgimento do museu é curioso.

Projetado por Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi, o prédio que hoje abriga a Pinacoteca foi originalmente criado para receber o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, que tinha como objetivo ensinar às classes trabalhadoras os conhecimentos necessários para atuar no comércio, na lavoura e na indústria.

Ramos de Azevedo, inclusive, foi um dos diretores do Liceu e ele pretendia estabelecer ali a futura escola de Belas Artes de São Paulo, para isso, o local deveria ter um acervo com referências artísticas para os alunos.

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Em 1910, boa parte das atividades da escola foi transferida para outra unidade, localizada na Rua da Cantareira. Ao prédio do Jardim da Luz ficou reservada a missão, entre outras coisas, de receber as exposições dos trabalhos dos alunos.

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Exposição da Arte Francesa, realizada na Pinacoteca do Estado em 1913 - Acervo Cia. da Memória/Pinacoteca do Estado

As primeiras obras
No início do século 20, a sociedade paulistana crescia economicamente e desejava construir sua identidade também por meio da cultura. Assim, Bernardino de Campos, que na época estava à frente do governo paulista, resolveu solicitar ao Liceu de Artes e Ofícios um de seus salões para ali instalar uma galeria de pintura, consolidava-se, então, a Pinacoteca.

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As primeiras 26 obras vieram do Museu Paulista, o Museu do Ipiranga, que também abrigava objetos históricos e depois se firmaria em tal proposta. Com o tempo, o acervo foi se ampliando e aconteceram as primeiras exposições, como a Exposição de Arte Francesa, um marco, realizada em 1913.

Na década de 1970, a Pinacoteca passa por uma ampla reforma e em 1982 tem seu prédio tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat). Em 1994, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha realiza nova reforma no espaço, mudando sua entrada para frente da Estação da Luz e acrescentando passarelas no prédio.

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O acervo da Pinacoteca conta com 11 mil obras - Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

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Acervo atual
Hoje, a Pinacoteca conta com cerca de 11 mil peças, entre elas, trabalhos de autoria de importantes artistas brasileiros como Anita Malfatti, Lygia Clark, Tarsila do Amaral, Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Candido Portinari, Oscar Pereira da Silva, entre outros. Além disso, o museu administra o espaço Pina Estação e a Biblioteca Walter Wey.

“A Pinacoteca foi inaugurada em meio a um amplo processo de modernização da capital paulista, que compreendeu a criação de diversos equipamentos culturais e de instrução pública. Nesse momento inicial, o museu se destinava a incentivar o desenvolvimento do gosto pelas artes no ambiente local e concentrava sua coleção em obras de artistas naturais ou atuantes em São Paulo, cidade e província. Hoje, a Pinacoteca se define como um museu de arte visuais com ênfase na produção brasileira e em diálogo com as culturas do mundo”, finaliza por meio de nota, o museu.

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