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Cotidiano
Tradicional bairro da zona leste paulistana, Mooca foi palco da primeira greve de São Paulo e cenário de guerra
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Antigos galpões no bairro da Mooca | /Alf Ribeiro/Folhapress
Quem mora na cidade de São Paulo, mesmo que distante da Mooca, fala com carinho do tradicional bairro da zona leste paulistana, que no dia 17 de agosto completa 465 anos.
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Fundado em 1556, somente dois anos depois da cidade de São Paulo, a história da Mooca tem sua origem ligada aos povos indígenas que habitavam a região, sendo, inclusive, eles os responsáveis pelo nome do distrito, que vem de “moo” (faz) “oca” (casa). Segundo historiadores, a expressão era muito utilizada pelos indígenas que habitavam a região quando os portugueses ali chegaram e começaram a construir casas. Espantados com a rapidez com que os primeiros habitantes brancos erguiam as moradias, eles diziam: “Moo-ca!”.
As influências indígenas não pararam por aí, muitas ruas do bairro homenageiam os primeiros habitantes, como Javari, Guaimbé, Piratininga, entre outras.
Nas décadas seguintes, o bairro da Mooca começou sua expansão e, 200 anos depois, em 1867, a então Câmara Régia de São Paulo começou a doar terras na região para a formação de povoados.
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Ferrovia
Assim como aconteceu com outros bairros e pontos turísticos da cidade de São Paulo, o bairro da Mooca tem muito de sua história atravessada pelos trilhos da primeira ferrovia paulista que, em 1865, fez sua viagem inaugural entre a Estação da Luz e a Estação Mooca.
Ao longo dos trilhos, surgiram as vilas de operários e foi por meio deles que chegaram muitos dos imigrantes que passaram a viver na região, como os italianos, lituanos e croatas. Os primeiros possuem até hoje uma forte identificação com o bairro, que é lotado de cantinas e possui uma das festas mais tradicionais da cidade, a festa de San Gennaro, com comidas e bebidas típicas da Itália.
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Alta sociedade
Com o passar dos anos, as chácaras e sítios que formavam a região passaram a dar lugar às fábricas, usinas e vilas de operários. Mas, engana-se quem pensa que a alta sociedade paulistana da época não frequentava a região.
Em 1876, Rafael Paes de Barros, que era dono de muitas terras entre o que hoje é a Mooca, Vila Prudente e Vila Alpina, fundou o Clube Paulista de Corrida de Cavalos, atual Jockey Club. O local atraía a alta sociedade do café, que apostava fortunas nas corridas de cavalo. Entre as frequentadoras ilustres estava a Marquesa de Santos, descrita como uma das animadoras das corridas.
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Greve e guerra
A chegada dos imigrantes italianos à Mooca, com o tempo, fez surgir muitas fábricas na região, sobretudo de massa e têxteis. Uma das mais importantes foi a Indústria Rodolpho Crespi, fundada em 1896 e que chegou a ser a maior tecelagem de São Paulo. Em 1917, contudo, o nome da fábrica ficou marcado pelo fato de seus trabalhadores iniciarem a primeira greve geral de trabalhadores de São Paulo, por conta da hiperexploração, que incluía jornadas diárias de 14 horas de trabalho, incluindo para crianças.
Depois de sediar a primeira greve de São Paulo, o bairro da Mooca foi cenário de chocantes cenas de guerra. Em 1924, oficiais do exército contrários ao governo do presidente Arthur Bernardes deflagram um movimento nacional que, inclusive, derrubou o então presidente do Estado, Carlos de Campos. Para tanto, os paulistas recrutaram muitos imigrantes para lutar no movimento oferecendo em troca 30 mil réis e 50 hectares de terra.
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O Governo Federal reagiu à revolta e bombardeou a cidade, tendo como alvo principal os bairros de imigrantes, como a Mooca, que foi atingido, junto com Braz e Belenzinho, por um canhoneiro que deixou as ruas repletas de cadáveres.
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O conflito durou 23 dias e deixou 503 mortos e mais de 4,8 mil feridos.
Cultura
Depois da revolução a Mooca se reergueu e hoje é um dos bairros mais queridos de São Paulo, com forte presença do comércio e reconhecido pólo cultural, que conta com o belo teatro Arthur Azevedo e o Museu da Imigração, que guarda a história da imigração no Brasil.
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Além disso, o bairro possui um dos clubes mais amados da cidade, o Clube Atlético Juventus, mais conhecido como Juventus da Mooca, que foi fundado em 1924 por funcionários da Indústria Rodolpho Crespi e teve como patronos o próprio Rodolfo e seu filho, Adriano. O nome do clube e as cores da agremiação seriam homenagens aos clubes do coração dos dois patronos: a Juventus da Itália e a Fiorentina.
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