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Cotidiano
Museu alegou que o conjunto de documentos e fotografias não poderia integrar a mostra porque foram requisitados após o prazo estipulado pelo museu para empréstimo das obras
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Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, localizado na região central de São Paulo | Eduardo Ortega
Parte da exposição do Masp "Histórias Brasileiras", prevista para julho deste ano, foi cancelada após o museu vetar um conjunto de documentos e fotos do Movimento Sem Terra, o MST, e de fotografias dos artistas João Zinclar, André Vilaron e Edgar Kanaykõ.
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Artistas e outros envolvidos no núcleo denominado "Retomadas" foram informados da decisão das organizadoras dessa parte da mostra, Sandra Benites e Clarissa Diniz, curadora adjunta e curadora convidada da instituição, respectivamente, em email assinado por ambas.
Segundo as organizadoras, o museu alegou que o conjunto de documentos e fotografias não poderia integrar a mostra porque foram requisitados após o prazo estipulado pelo museu para empréstimo das obras. Elas afirmam, no entanto, que não foram informadas dessa data máxima definida pela instituição.
O museu não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
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O email das curadoras foi enviado na mesma semana em que o lançamento do livro "Sem Medo do Futuro", de Guilherme Boulos (PSOL), que aconteceria também no Masp foi cancelado pela instituição. Eles alegaram que o evento não estaria de acordo com as diretrizes do museu, que proíbe manifestações políticas.
Nele, elas afirmaram que "apesar do cuidadoso trabalho realizado, para a nossa surpresa, o Masp não concordou com a integral inclusão da representação das retomadas pelo suposto descumprimento de um prazo que não nos foi informado pela produção ou pela curadoria do museu".
"Impedidas de levar adiante nosso acordo com o Movimento Sem Terra, seus fotógrafos e Edgar Kanaykõ como sanção a um erro que sabemos não ter cometido, sentimo-nos desrespeitadas, injustiçadas e instadas, em consequência de tal decisão, a trair a confiança deste que não é só o maior movimento social do Brasil, como também é a coluna vertebral do 'Retomadas'", justificaram elas ainda no email enviado na semana passada.
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Um dos artistas que estaria nessa parte da mostra e que não quis se identificar na reportagem afirmou que recebeu "com tristeza" o email das curadoras e que aguarda a posição do museu.
O MST manifestou "indignação" com a atitude do museu em nota em que afirmam serem "testemunhas da forma ética e profissional com que as curadoras e os acervos parceiros se empenharam na produção do projeto".
"Ao inviabilizar a inserção da totalidade desses documentos o que de fato se efetiva é a exclusão de um dos maiores movimentos sociais da história contemporânea brasileira e latino-americana", afirmam ainda no documento. Para o movimento, a atitude está inclusive em desacordo com a função social da instituição museológica.
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Na ocasião do cancelamento do evento de Boulos, caso revelado pelo UOL, o museu afirmou que "o lançamento precisou ser cancelado por não estar de acordo com o Artigo 2, Parágrafo Terceiro do estatuto social do Masp que expressa a 'vedação à realização de quaisquer manifestações de caráter político e/ou religioso', impossibilitando que o museu atue como sede de qualquer tipo de evento relacionado a esses temas".
A editora do livro, a Contracorrente, ainda assim lembrou que a equipe já havia feito visitas técnicas, assinado a minuta contratual e até mesmo iniciado a divulgação do lançamento.
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