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Cotidiano

Marina Helena: 'Nunes gasta mais com buraco do que com segurança'

Pré-candidata do Novo à Prefeitura de SP diz que Ricardo Nunes não representa a direita, defende atuação mais dura na cracolândia e exalta filiação de Dallagnol ao partido

Bruno Hoffmann

02/11/2023 às 17:48  atualizado em 02/11/2023 às 21:01

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Marina Helena, pré-candidata do Novo à Prefeitura de São Paulo, durante entrevista ao podcast De Olho no Poder

Marina Helena, pré-candidata do Novo à Prefeitura de São Paulo, durante entrevista ao podcast De Olho no Poder | Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

Marina Helena é a pré-candidata do Novo à Prefeitura de São Paulo. A indicação foi divulgada na última segunda-feira (30) pela direção do partido e pegou de surpresa quem esperava a opção pelo deputado federal Vinicius Poit. A economista, porém, já vinha sendo analisada internamente há meses como um nome interessante na Capital.

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Hoje aos 43 anos e grávida do segundo filho, Marina concorreu ao cargo de deputada federal pela sigla em 2022, e, com 50.073 votos, se tornou a primeira suplente à Câmara. Também tem em seu currículo público ter comandado a secretaria de Desestatização do Ministério da Economia durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a convite do então ministro Paulo Guedes. Agora, vai em busca do seu primeiro cargo eletivo, com o desafio de se tornar mais popular em menos de um ano e de reverter o quadro de baixa votação do partido na Capital nos últimos pleitos.

Em entrevista ao podcast de Olho no Poder, feita dois dias após se tornar oficialmente pré-candidata, ela focou as críticas na gestão de Ricardo Nunes (MDB), principalmente na questão da segurança pública e na do aumento de impostos. Para ela, o atual prefeito prefere “tapar buraco” a investir na segurança. “Alguém que faz isso claramente tem um descaso completo com a pauta”, analisou. Ela também afirmou que o emedebista não pode ser considerado alguém que represente a direita.

Leia a entrevista:

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As pesquisas indicavam o deputado federal Vinicius Poit como o pré-candidato do Novo em São Paulo. Como se deu a escolha pelo seu nome?

O Poit está comigo, somos um time. Foram colocados diversos nomes na mesa, e se escutou as nossas principais lideranças na cidade, inclusive o Poit. Foi uma discussão tanto do diretório municipal quanto do diretório estadual, e o meu nome foi um dos que surgiram e eles me fizeram o convite. Estou bastante feliz, é uma honra representar o partido.

A sra. atuou no Ministério da Economia a convite de Paulo Guedes. Como classifica a atuação do governo Bolsonaro na área da economia?

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Guedes foi o melhor Ministro da Economia que o Brasil já teve. Primeiro, porque tinha uma projeção do FMI que dizia que o Brasil iria cair 10% durante a pandemia, e no fim foi 3,5%. Foi um dos países que se saiu melhor durante a crise, e considero que isso teve tudo a ver com a resposta do Ministério da Economia. Agora vemos de novo as estatais sendo usadas para fins políticos, e isso claramente vai gerar uma menor receita para políticas públicas. Voltamos àquele ciclo vicioso de corrupção e má gestão que colocou o País na pior crise já vivida, a do fim do governo Dilma.

Quais são as semelhanças e as diferenças principais do Novo com o bolsonarismo?

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Agora [parece que] tudo o que é de direita é bolsonarista... Mas o Bolsonaro foi uma figura superimportante para a direita do Brasil, já que desde a redemocratização tivemos sucessivos governos de esquerda. É a maior liderança da direita, isso é incontestável, e trouxe para o debate pautas importantes para a direita. Duas delas são, para mim, as mais importantes para o município. A primeira é a questão da segurança. A direita tem um posicionamento de não passar pano para bandido. A outra é em relação à economia. Vemos o setor privado como o grande motor de geração de renda. Acreditamos que o melhor programa social é o emprego, que o estado não pode atrapalhar. A geração de emprego e renda é a melhor maneira de tirar as pessoas da miséria e da pobreza. Temos essas semelhanças.

Houve uma experiência autointitulada liberal no continente recentemente, a do Maurício Macri, na Argentina. Por que não deu certo como os liberais do Brasil imaginavam?

Porque fez muito pouco, essa é a realidade. E é óbvio que ninguém faz nada sozinho. É um absurdo acreditar que se elege uma pessoa e que ela é a salvadora da pátria, que ela consegue implementar tudo. Vejo que o governo Macri cometeu um grande erro: não trazer as reformas de uma vez, mesmo no início, quando tinha mais capital político. Foi exatamente por não fazer as reformas liberais que não teve sucesso.

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Em relação a São Paulo: na sua concepção em que o prefeito Ricardo Nunes erra na questão da segurança pública?

Ele foi completamente ausente. Agora, depois de três anos, que a gente se aproxima de um período de eleição, e também por conta do foco do governador Tarcísio [de Freitas] no tema, ele começou a se mexer. Por exemplo, desde a época do Bruno Covas tinha uma promessa de aumentar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana, e só agora teve esse aumento de 6 mil para 7 mil GCMs. O descaso fica claro também na alocação de recursos. Só 0,8% da arrecadação do ano passado foi investida em segurança. Alguém que faz isso claramente tem um descaso completo com a pauta. Isso fica claro no aumento no número de furtos e roubos em São Paulo. Neste ano ele já está gastando seis vezes mais com tapa-buraco do que em segurança. Essa é a prioridade da população?

Marina Helena'Só 0,8% da arrecadação do ano passado [de São Paulo] foi investida em segurança'/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

E Guilherme Boulos [deputado federal pelo PSOL e atual líder nas pesquisas em São Paulo]?

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Boulos é ainda pior. Na terça-feira a Câmara votou um projeto de lei que endurece a pena por roubo e furto. O partido de Guilherme Boulos se posicionou contrário a esse endurecimento da pena. O projeto passou apesar da oposição do PT e do PSOL. E a deputada Tabata Amaral [também pré-candidata à prefeitura] se absteve, apesar do partido dela ser favorável. Vejo como algo ainda pior, porque o partido dela orientou que votasse favorável ao endurecimento das penas e ela se absteve.

Qual seria sua atuação na questão da cracolândia?

Primeiro, vejo que Nunes começa a se mover só agora que está se aproximando das eleições, só agora com o governador Tarcísio, que tem isso como uma das bandeiras principais. Antes, não tinha feito nada. Eu acredito na tolerância zero com o crime organizado. Zero. E também há uma questão de saúde. Sou favorável, por exemplo, à internação compulsória. É óbvio que o prefeito não pode fazer isso da sua vontade, hoje não é permitido, mas você consegue fazer isso com laudo médico. É preciso trazer a comunidade médica e explicar, porque a gente sabe que quase metade dos dependentes químicos já está ali há mais de 10 anos.

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Ricardo Nunes busca o apoio de Bolsonaro. Ainda pode haver o [deputado federal] Ricardo Salles para representar a direita. A sra. vai tentar conseguir o apoio do ex-presidente?

Isso é muito complicado. A gente está vendo uma pressão do cacique do partido do Bolsonaro [Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL]. Bolsonaro queria mostrar um apoio ao Salles e não conseguiu torná-lo candidato. Se vê que Valdemar quer que ele apoie de fato Nunes. Esse é o grande problema dos partidos brasileiros que têm cacique. Nós, graças a Deus, tiramos o nosso cacique do partido, que era o João Amôedo [fundador do Novo]. Isso dá bastante autonomia para irmos para a frente defendendo as pautas que se acreditamos.

Marina Helena'Não acredito que Ricardo Nunes seja um candidato de direita, definitivamente'/Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

Nunes vai representar a direita em São Paulo?

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Não acredito que Ricardo Nunes seja um candidato de direita, definitivamente. Primeiro por conta da omissão na segurança. Depois, alguém de direita não pode defender aumento de impostos, e nos dois anos de mandato desse prefeito os impostos subiram 19% em São Paulo, descontado da inflação. Isso é um absurdo e totalmente contrário a alguém que se diga de direita.

A sra. citou Amôedo. Ele disse que o Novo atual só tem o nome em relação ao partido original. O que achou da frase?

Foi uma afirmação muito infeliz do Amôedo, mas mostra por que ele está fora do partido. Ao dizer que a gente aceita ficha suja claramente se referia ao Deltan Dallagnol. Chamar de ficha suja o homem que descobriu todos os crimes que a gente viu na Lava Jato, que foi responsável por desvendar o maior escândalo de corrupção da história do Brasil, mostra por que ele está fora do partido. João teve o mérito gigante de fundar o partido Novo, sem ele eu não estaria na política, mas acho que se perdeu no meio do caminho.

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O Novo nasceu promissor, só que nas últimas eleições não se mostrou tão forte eleitoralmente. As ideais liberais não conseguiram se propagar na sociedade como vocês queriam?

Pelo contrário. Primeiro, vejo que as pessoas talvez não entendam a palavra “liberal”. A esquerda também dominou muito essa palavra. Muitas vezes as pessoas confundem liberal com a ausência de responsabilidade, de uma maneira muito pejorativa. O liberal defende sobretudo um estado que não se meta tanto na vida do cidadão, seja nas suas liberdades individuais, seja na liberdade econômica, seja na liberdade de expressão. Pelo menos metade da população brasileira me parece liberal, ainda que não entenda o significado da palavra.

O Novo vai buscar alianças para a sua pré-candidatura?

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Estamos abertos, sim, a fazer alianças, mas ao contrário de outros partidos as nossas alianças não são feitas em troca de cargos e de favores. A gente não compactua com o toma-lá-dá-cá. Muito pelo contrário. O Novo é o único partido que não tem nenhum receio enfrentar os donos do poder e enfrentar a corrupção de frente. A vinda do Deltan reforça isso.

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