A+

A-

Alternar Contraste

Terça, 22 Outubro 2024

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta

Cotidiano

Mais de 80% das espécies nativas da Mata Atlântica estão em risco de extinção

Pau-Brasil está Criticamente em Perigo", dada a redução estimada de 84% das suas populações selvagens e o palmito-juçara (Euterpe edulis) está classificado na condição "Em Perigo"

Igor de Paiva

12/01/2024 às 14:10  atualizado em 12/01/2024 às 14:12

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Entre as ameaçadas, 75% estão na categoria

Entre as ameaçadas, 75% estão na categoria | Fernando Frazão/Agência Brasil

Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros e publicado ontem na revista científica Science aponta que 82% das mais de duas mil espécies de árvores exclusivas da Mata Atlântica sofrem algum grau de ameaça de extinção. Entre as espécies que também ocorrem em outros biomas a situação é menos crítica. Porém, nem por isso deixa de ser preocupante. Segundo a investigação conduzida com o apoio da Fundação De Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) das 4.950 espécies arbóreas presentes tanto na Mata Atlântica quanto em outros biomas, 65% estão com suas populações ameaçadas.

Continua depois da publicidade

Faça parte do grupo da Gazeta no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

É a primeira vez que todas as populações das espécies arbóreas da Mata Atlântica têm seu grau de ameaça avaliado segundo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), maior referência global em espécies ameaçadas.

“O número [de 82% de espécies endêmicas ameaçadas] foi um susto para nós, porque usamos uma abordagem conservadora. Levamos em conta se as espécies tinham ou não floresta disponível, independentemente de ser ou não uma floresta saudável. Portanto, é possível que a realidade seja ainda mais preocupante”, resume Renato Lima, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (Esalq), e coordenador do estudo.

Continua depois da publicidade

O levantamento foi realizado em mais de três milhões de registros de herbários e inventários florestais. Os pesquisadores adicionaram ainda o maior número possível de informações, como usos comerciais das espécies e séries temporais de perdas de hábitat, entre outros.
Outro dado preocupante encontrado é que apenas 7% das espécies endêmicas tiveram declínio populacional abaixo de 30% nas últimas três gerações. A IUCN considera que, acima desse patamar, a espécie já pode ser considerada “Vulnerável”, a primeira categoria de ameaça de extinção. Acima dessa estão “Em Perigo” e “Criticamente em Perigo”.

Entre as ameaçadas, 75% estão na categoria “Em Perigo”. Já o emblemático pau-brasil (Paubrasilia echinata) foi listado como “Criticamente em Perigo”, dada a redução estimada de 84% das suas populações selvagens.

Árvores antes comuns, como a araucária (Araucaria angustifolia), o palmito-juçara (Euterpe edulis) e a erva-mate (Ilex paraguariensis), tiveram declínios de pelo menos 50% e por isso foram classificadas como “Em Perigo”.

Continua depois da publicidade

Espécies exclusivas da Mata Atlântica, entre elas a canela (espécies como Ocotea odorifera e O. porosa), sofreram reduções de 53% a 89%, sendo classificadas como “Em Perigo” ou “Criticamente em Perigo”.

Levantamento inédito

A IUCN conta com uma série de critérios para definir o grau de ameaça de uma espécie, seja animal ou vegetal, divididos entre A, B, C e D. No estudo atual, os pesquisadores observaram que, quanto mais dados eram inseridos, o grau de ameaça aumentava.

Continua depois da publicidade

Em linhas gerais, o critério A avalia o declínio da população nas últimas três gerações; o critério B, o tamanho da área ocupada pela espécie; e os C e D se a população é pequena e em declínio ou muito pequena, com menos de dez mil indivíduos adultos.

O método inovador será utilizado a partir de 2024 para avaliar o grau de ameaça das cerca de 12 mil espécies vegetais presentes exclusivamente no Brasil e que ainda não passaram por esse tipo de avaliação. O trabalho é realizado pelo Centro Nacional de Conservação da Flora, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde atuam alguns dos coautores do estudo.

TREZE ESTÃO EXTINTAS.

Continua depois da publicidade

Os autores propõem ainda que o método possa ser utilizado em escala global. Em uma simulação usando dados de outras florestas tropicais, os pesquisadores atestaram que 30% a 35% das espécies de árvores do planeta podem estar ameaçadas apenas pelo desmatamento.
“Informações desse tipo são primordiais para a criação de políticas públicas de conservação e reflorestamento. Pode-se priorizar áreas mais degradadas e espécies mais ameaçadas, sem deixar de considerar locais em que há florestas que podem não ser mais viáveis no longo prazo se algo não for feito agora”, comenta o pesquisador.

A boa notícia é que cinco espécies consideradas extintas na natureza foram redescobertas no estudo. Por outro lado, 13 espécies de árvores exclusivas da Mata Atlântica foram reclassificadas como possivelmente extintas

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados