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Cotidiano
Madame Satã foi criado em 1980 e palco de ícones do rock nacional e até internacional; a Gazeta entrevistou o atual dono da casa legendária
13/07/2023 às 13:45 atualizado em 05/02/2024 às 12:23
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O Madame Satã é considerado por muitos um patrimônio cultural, ele que já foi palco de muitos artistas como RPM, Titãse Ira | Divulgação/ Madame Satã
O Madame Satã é considerado por muitos um patrimônio cultural paulista, e tem uma história repleta de cultura e história. A Gazeta entrevistou um dos atuais donos do madame, Igor Calmona, que contou a história e curiosidades do casarão que é berço do rock nacional e foi palco de artistas como RPM, Titãs e Ira.
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História
Originalmente “Restaurante Cultural Madame Satã”, o local foi fundado por Miriam Dutra, Márcia Dutra, Wilson José e Williams Jorge, no dia 21 de outubro de 1983. Foi no ano seguinte, em 1984, que José Claudio Mendes entra para a sociedade e insere um novo conceito: a pista de dança e um palco para apresentações.
Segundo Igor, o Madame trouxe à tona uma tendência mundial, a new wave. “Quando a new wave começou a se destacar no Brasil, [a casa] ficou conhecida principalmente pela 'salada cultural'. Ao mesmo tempo em que funcionava majoritariamente como discoteca, também acolhia manifestações artísticas e culturais de todos os tipos”.
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Desde então o bar passou por diferentes administrações, mudança de nome e até fechamento de portas. Porém, em fevereiro de 2011, após a casa ser reformada, o imóvel da rua Conselheiro Ramalho, na Bela Vista, voltou a ter vida com o nome de Madame Satã.
Quem foi Madame Satã?
“O nome Madame Satã é inspirado em João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, uma transformista brasileira, figura emblemática e um dos personagens mais representativos da vida noturna e marginal da Lapa carioca na primeira metade do século XX”, explicou o proprietário.
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Período de instabilidade
O Madame Satã passou por alguns períodos de instabilidade, fechamento e realocação de endereço em sua história. Igor contou um pouco deste processo.
“Após um hiato de aproximadamente sete anos fechado o casarão foi reaberto pelos sócios Igor Calmona e Gé Rodrigues, transformando o Madame Club em um patrimônio histórico tombado da cidade de São Paulo e preza pela diversidade do público e pela história do centro cultural Madame Satã, que ficou conhecido nos anos 80 pela convivência pacífica entre pessoas de postura, classe social, etnia e ideologias diferentes presentes em um mesmo lugar, o que fugia à regra dos demais points da época; artistas, escritores, estudantes, homossexuais assumidos, intelectuais, jornalistas, poetas, punks, góticos, socialites, transexuais, transformistas, entre outros, faziam a clientela da casa”, explicou Igor.
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Reforma da casa
A casa passou por diversos proprietários ao decorrer de suas histórias, mas foi com Igor Calmona e Gé Rodrigue, donos atuais, que a casa se tornou o que é hoje. “Meu sócio [Gé Rodrigues] trabalhou na casa nos anos 80, ainda menor de idade, como office boy do fanzine do Madame Satã que também era sucesso na época e posteriormente iniciou sua carreira como DJ lá também”.
“Eu por outro lado morava na mesma rua e via a casa lá fechada para alugar e conhecendo e tendo participado de toda a história sabíamos do 'diamante' que era aquele lugar, depois de muita negociação conseguimos alugar o espaço e com muito trabalho após quase um ano de reforma, pois o imóvel estava totalmente deteriorado, com nossa larga experiência no ramo. Na ocasião éramos donos de 5 casas noturnas entre outros empreendimentos. Conhecendo a história da casa fizemos uma reforma que deu dignidade aos frequentadores com uma estrutura de respeito e uma decoração que manteve a identidade da casa e assim conseguimos reabrir o Madame em fevereiro de 2012. O sucesso foi imediato, no dia da reabertura a casa já estava lotada e olha que aconteceu num dia de semana e depois com uma boa programação conseguimos perdurar esse sucesso até hoje”, pontuou Igor.
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Ele ainda explicou que a casa em 2018 teve um aumento de tamanho. “Naquele ano, conseguimos alugar mais cinco galpões e expandimos a casa que ficou 3x maior com palco exclusivo para show, área exclusiva de alimentação, museu do madame, sala de jogos.”
Quais foram os artistas que já passaram pela casa?
Igor explicou que o Madame foi ninho de muitos dos artistas influentes que existem até hoje. “O Madame foi berço de muitas bandas e artistas principalmente aqui em São Paulo, como Ira, Capital Inicial, 365, As Mercenárias, RPM, Viola de Outono e até Cazuza. Depois que reabrimos a casa trouxemos algumas atrações internacionais também. Em setembro, comemorando os 40 anos de 'casarão', traremos a banda Mecano que é mais um clássico dos anos 80 e sucesso nas pistas do Madame em sua última turnê.”
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Hoje a casa recebe democraticamente todos os grupos
A casa permanece sendo um espaço seguro para minorias e pessoas de diversos gostos musicais, como era originalmente, explicou Igor.
“O público se renova constantemente mas com todas as melhorias e avanços até as pessoas que frequentavam a casa nos anos 80 e 90 ainda vem bastante pois o madame é um lugar acolhedor e sem preconceitos, vem gente de toda idade e até pessoas de outras tribos se sentem à vontade nesse espaço democrático”
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Endereço: R. Conselheiro Ramalho, 873 - Bela Vista, São Paulo
Horário de funcionamento: sexta a domingo das 22h até 5h00
Telefone: (11) 937406752
*Estagiária, sob supervisão da redação
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