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Cotidiano
Presidente francês afirmou compreender a revolta da população
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O presidente da França, Emmanuel Macron | Reprodução/Instagram
O panelaço chegou à França. Convocado pela Attac, a Associação pela Tributação das Transações Financeiras para Ajuda aos Cidadãos, o concerto de panelas deu o tom nas ruas de Paris, Marselha, Nantes, Rennes e de outras cidades durante o pronunciamento de Emmanuel Macron nesta segunda (17).
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O panelaço foi programado para o momento em que o presidente francês fazia um gesto na tentativa de apaziguar os ânimos no país depois que ter promulgado sua impopular reforma da Previdência horas após o texto ter sido validado pelo Conselho Constitucional, na última sexta-feira (14).
"Arrependo-me de não termos conseguido chegar a um consenso", disse o chefe do Eliseu. "Mas é [um projeto] necessário. Ele foi aceito pelos franceses? Evidente que não", reconheceu Macron.
O presidente disse ainda compreender a revolta da população. Para ele, trata-se de uma "raiva de ter um emprego que, para muitos, já não lhes permite viver bem, a preços crescentes de gasolina, compras e refeições na cantina". "Raiva porque algumas pessoas sentem que estão fazendo a sua parte, mas sem serem recompensadas por seus esforços, seja em ajuda ou em serviços públicos eficazes."
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Macron também se comprometeu a fazer um novo "pacto pela vida e pelo trabalho", que será organizado nos próximos cem dias em torno de três eixos: emprego, justiça e ordem social e democrática".
O Conselho Constitucional validou parcialmente o texto que mobilizou milhares de franceses desde janeiro, mas chancelou seu ponto mais crítico: a aposentadoria aos 64 anos. A decisão gerou uma série de protestos pelo país, com incêndios e conflitos com forças de segurança. Minutos depois, a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, celebrou no Twitter a decisão, ao escrever que o texto havia chegado "ao fim de seu processo democrático". "Esta noite, não há vencedor nem perdedor."
Não foi como a oposição enxergou a decisão do conselho. Uma deputada do Nupes, a coalizão de esquerda do Parlamento francês, disse considerar que, "em 14 de abril, a Quinta República morreu".
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Assim, a representante eleita aponta para "os chamados Sábios", que "não mostraram sabedoria": "Se os membros do Conselho Constitucional nos dizem que [a reforma] é legal, de acordo com a Constituição, e que é possível impor uma lei contra a opinião do povo, então existe um problema institucional".
O projeto de reestruturação previdenciária do governo aumenta a idade mínima para a aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e prolonga os anos de contribuição de 42 para 43 anos já em 2027 como condição de acesso à pensão integral. O texto é rejeitado por cerca de 70% dos franceses.
Mesmo após a decisão do conselho, 64% dos franceses afirmam que a mobilização em torno da reforma da Previdência deve continuar. Pesquisa encomendada pelo jornal Le Figaro apontou que quase 90% da população acha que, agora, depredações e confrontos com a polícia se tornarão mais sistemáticos.
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