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Cotidiano
Na semana passada, o presidente ucraniano Zelensky concedeu uma entrevista à Rede Globo e criticou a posição de neutralidade advogada por Bolsonaro
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Lula | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O governo da Ucrânia incluiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT para tentar voltar ao cargo em outubro, numa lista de "oradores que promovem narrativas de propaganda russa".
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A acusação foi publicada no site do Centro para Contenção de Desinformação, uma entidade criada pelo presidente Volodimir Zelensky no ano passado que integra a guerra informativa entre Rússia e Ucrânia pela ótica do que Kiev considera fake news e manipulações do Kremlin.
Lula é o único brasileiro numa relação de 78 pessoas, 30 das quais americanas. Está lá por dois motivos, segundo o centro: disse que a Rússia deveria liderar uma nova ordem mundial e que Zelensky é tão culpado pela guerra quanto o presidente russo, Vladimir Putin.
Não há registro sobre o petista ter dito a primeira assertiva. Nos seus oito anos de mandato (2003-10), Lula promoveu uma política externa voltada para relações Sul-Sul, na qual a Rússia estava inserida como membro fundador do Brics, bloco político-econômico que une Brasil, China, Índia e África do Sul também.
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Em inúmeras ocasiões o então presidente e membros do seu governo enalteceram a ideia de uma alternativa à diplomacia dominada pelos EUA e pela Europa, o que é bastante diferente de dizer que a Rússia deveria dominar o sistema internacional.
Já a segunda frase está na polêmica entrevista concedida por Lula à revista norte-americana Time, em maio. Nela, ele afirmou: "Fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os Parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado".
A assessoria de Lula disse que não comentaria o caso, mas lembrou que petista condenou a invasão da Ucrânia. Considera as críticas à fala de Lula uma questão de "má vontade".
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Mesmo entre aliados do petista, houve a leitura de que, independentemente do mérito da opinião, ela poderia ter sido amainada, já que Kiev foi o objeto da agressão de Moscou. Mas não houve a usual exploração por parte de seu maior rival, o presidente Jair Bolsonaro (PL), por um motivo simples: o mandatário concorda com o antecessor.
Esta é a segunda interação entre o conflito no Leste Europeu e a eleição brasileira. Na semana passada, Zelensky concedeu uma entrevista à Rede Globo e criticou a posição de neutralidade advogada por Bolsonaro. O Brasil condenou a invasão em uma resolução na ONU (Organização das Nações Unidas), mas não aderiu ao regime de sanções contra Moscou.
O fez por interesses econômicos: quis manter o fluxo de fertilizantes russos para o agronegócio brasileiro e, agora, busca negociar a compra de diesel a preços com desconto para aliviar a crise inflacionário dos combustíveis.
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