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Cotidiano

Lula diz que não deve focar em pessimistas e defende Haddad após 100 dias de governo

Nesta segunda, o mandatário elogiou o projeto do novo marco fiscal apresentado por Haddad e criticado por correligionários

Leonardo Sandre

10/04/2023 às 17:00  atualizado em 10/04/2023 às 17:38

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (10) que, se for governar pensando em pessimistas, melhor desistir.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (10) que, se for governar pensando em pessimistas, melhor desistir. | Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (10) que, se for governar pensando em pessimistas, melhor desistir. Ele também aproveitou seu discurso, na reunião de balanço dos cem dias de governo no Palácio do Planalto, para fazer desagravo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e cobrar medidas de titulares, de forma direta ou não.

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"Ninguém acredita no governo que acorda todo dia [e diz]: 'Ah o PIB não vai crescer, ah porque a economia não está muito boa, ah porque o FMI disse tal coisa, ah porque o Banco Mundial disse tal coisa, ah porque o mercado financeiro disse tal coisa'. Olha, se a gente for governar pensando nisso, é melhor desistir. É importante que essa gente fale para a gente fazer diferente do que eles querem que a gente faça", disse Lula.

O discurso do presidente abre a reunião com os 37 ministros e três líderes do governo no Congresso. A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, também participou da reunião, apesar de ainda não ter cargo oficial no Planalto.

"Lula 3" completa cem dias sob críticas de aliados, que reclamam de entraves para deslanchar projetos e da falta de uma nova marca ao novo mandato do petista. O próprio mandatário tem cobrado integrantes do primeiro escalão por entregas nas últimas reuniões, como mostrou a Folha.

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Até então, apontam ministros e parlamentares alinhados ao Planalto, o governo reciclou programas antigos e foi palco de embates entre expoentes da equipe ministerial, que se desentenderam publicamente sobre o lançamento de propostas do governo.

Nesta segunda, o mandatário elogiou o projeto do novo marco fiscal apresentado por Haddad e criticado por correligionários, como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), em entrevista à Folha.

"Haddad, de vez em quando eu sei que você ouve algumas críticas, tenho que elogiar você e a equipe que trabalharam porque certamente, em se tratando de economia, em se tratando de política tributária, a gente nunca vai ter 100% de solidariedade", disse o presidente.

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"Eu, essa semana, vi um artigo muito ruim contra você, eu pensei em responder, meu conciliador, o [Alexandre] Padilha, achou que não valia a pena, melhor ficar quieto, porque a compreensão da sociedade sobre o que foi feito vale mais do que uma crítica de uma pessoa", completou.

Mas o mandatário fez questão de reforçar crítica à taxa de juros de 13,75%: "Continuo achando que estão brincando com o país". Nesses 100 dias de governo, um dos principais embates de Lula foi com o Banco Central e o seu dirigente, Roberto Campos Neto, por causa da taxa de juros.

Se por um lado Lula saiu em defesa do seu ministro, por outro, cobrou-o publicamente. "Vamos desenrolar, pelo amor de Deus", disse, em referência ao Desenrola.

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O programa, a que ele se refere e pede que o titular da Fazenda tire do papel, é promessa de campanha. A medida promete a renegociação de dívidas e é uma das principais apostas de Lula.

O titular da Fazenda não foi o único cobrado. Ao ministro da Previdência, Carlos Lupi, com quem o Planalto teve ruídos neste começo de governo, Lula disse ver notícias na imprensa sobre filas da Previdência Social.

"Não sei o que que está acontecendo na Previdência, mas queria te dizer que um dia nós acabamos com a fila, um dia o trabalhador não precisava apresentar documento para requerer aposentadoria, era a previdência que mandava documento para essa pessoa. (...) Um dia em que uma perícia médica demorava 9 meses para ser marcada, nós reduzimos para 105 dias. Já fomos capazes de fazer isso e significa que vamos voltar a fazer isso", disse o presidente.

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Em outro momento, Lula disse que chegam a ele relatos sobre pessoas que não conseguem ser atendidas na saúde pública e pediu à ministra Nísia Trindade (Saúde) que providencie uma forma de tornar consultas com especialistas mais acessíveis à população. Ele sugeriu a ela uma espécie de convênio com especialistas.

O mandatário mencionou ainda casos de pessoas encontradas em situação de trabalho escravo ou análogo à escravidão. "Uma coisa tem que ser dita, não temos que ser respeitosos com essa gente. A lei tem que ser dura, não é possível, no século 21, a gente saber que esse país ainda tem trabalho escravo", disse.

O presidente afirmou ainda, à ministra Cida Gonçalves (Mulher), que é preciso pensar de fundo no combate à violência contra a mulher. "Mais dureza da nossa parte, porque está virando a farra do boi de muito marmanjo fascista", afirmou.

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As cobranças de Lula a seus ministros não são de hoje. Nas últimas reuniões, ele vem pedindo novos anúncios, novas medidas.

Em relação à falta de uma nova marca, auxiliares do presidente afirmam que o slogan do governo é "União e Reconstrução", o que justifica o relançamento de iniciativas de gestões anteriores, como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, retomado no lugar do Auxílio Brasil, e que eles voltaram turbinados.

Nota em alusão à data divulgada pela Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) destaca investimentos em educação e saúde, respeito aos direitos humanos e políticas ambientais, além do combate ao golpismo, tudo sob o slogan de "O Brasil voltou".

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"Em 100 dias, um novo Brasil. Capaz de fazer frente a tentativas golpistas e de voltar a ter esperança. Preparado para enfrentar a insegurança alimentar que aflige 33 milhões de brasileiros e obstinado a deixar mais uma vez o Mapa da Fome. (...) Em pouco mais de três meses, o Brasil voltou", diz o texto.

Dentre as medidas, há a disponibilização de R$ 600 milhões para auxiliar estados e municípios a reduzirem filas de cirurgias. No âmbito do Mais Médicos, foram criadas 15 mil vagas.

Em habitação, desde o início do ano, foram entregues 5.693 moradias. De acordo com a Secom, a meta do governo é contratar 2 milhões de moradias até o fim do mandato. Também destacaram o projeto que instituiu a Lei de Igualdade Salarial e Remuneratória entre Mulheres e Homens.

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O slogan da campanha lançado pelo governo também coincide com uma frase usada em 2018 pelo governo Michel Temer (MDB).

A frase "O Brasil voltou" foi usada por Temer quando ele quando completou dois anos na Presidência. Temer era vice de Dilma Rousseff (PT) e chegou ao cargo após o impeachment dela, processo que petistas chamam de golpe.

Inicialmente, o slogan de Temer era "O Brasil voltou, 20 anos em 2", mas a ambiguidade que causava quando a frase era lida fez com que esse complemento fosse retirado.

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O mote do governo Lula 3 divulgado do vídeo nas redes sociais do presidente no final de semana. Nas imagens, são ressaltados o que seria a volta do valor da cultura, do meio ambiente e do respeito internacional, entre outros temas defendidos pelo novo governo, sobretudo em contraste ao mandato de Jair Bolsonaro (PL).

O vídeo termina com o slogan oficial do governo Lula, que é "Brasil, união e reconstrução".

Em outro material divulgado na manhã desta segunda-feira, o governo admite que ainda há o que ser feito e diz que 100 dias é "só o começo".

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"Ainda falta muita coisa pra consertar, é verdade. O governo está completando apenas 100 dias. Mas já está dando pra enxergar uma luz no fim do túnel. Ainda faltam 1360 dias de muito trabalho pra reconstruir o sorriso no rosto de cada brasileiro e cada brasileira", diz a locutora do vídeo.

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