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Cotidiano

Lula diz a Lira que não vai interferir em eleição da Câmara e reforça chance de aliança

Caso isso se confirme, fica praticamente selada a reeleição do presidente da Câmara em fevereiro

Maria Eduarda Guimarães

09/11/2022 às 16:56  atualizado em 09/11/2022 às 17:02

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 Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quarta-feira (9) por cerca de duas horas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cumprindo mais uma etapa da articulação que pode unir em um mesmo lado o presidente eleito e o líder do centrão, que desde 2020 é aliado de Jair Bolsonaro (PL).

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De acordo com pessoas que acompanharam o encontro na residência oficial do presidente da Câmara, Lula disse a Lira que não pretende interferir na eleição para o comando da Casa.

Caso isso se confirme, fica praticamente selada a reeleição de Lira em fevereiro, já que se torna bastante improvável que surja um concorrente competitivo sem o apoio do presidente eleito.

Em troca, dizem aliados do petista, Lira trabalhará em um primeiro momento em prol da aprovação da PEC da Transição, medida essencial para que Lula acomode no orçamento verbas para cumprir em 2023 algumas de suas principais promessas de campanha.

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Em um segundo momento, afirmam esses parlamentares, a ideia é que haja uma aliança formal entre Lira e Lula, o que daria ao presidente eleito parte do centrão e uma base muito mais sólida na Câmara do que se contasse apenas com a esquerda e com partidos de centro e de direita hoje independentes, como PSD e MDB.

Nem Lula nem Lira deram entrevista após o encontro. O presidente da Câmara, porém, postou em suas redes sociais três fotos em que aparece sorridente, ao lado de Lula, durante a visita desta quarta.

De acordo com petistas, o presidente da Câmara se mostrou bastante receptivo à ideia de manter um entendimento com o PT, em troca do apoio ou da não interferência em sua campanha à reeleição, apesar do histórico de divergências durante a campanha.

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As fotos postadas por ele são um sinal claro nesse sentido, avaliam.

Resta, porém, ao futuro governo vencer as resistências de Renan Calheiros (MDB-AL) a essa aliança. O senador é adversário de Lira e tem dado declarações contrárias a um acerto com o centrão.

Participaram também do encontro o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), o coordenador de governo da campanha de Lula, Aloizio Mercadante, o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), e os deputados José Guimarães (PT-CE), Odair Cunha (PT-MG) e Alencar Santana (PT-SP)..

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Logo em seguida, Lula e sua comitiva se deslocaram alguns metros no Lago Sul de Brasília e se reuniram em almoço com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O senador mineiro é simpático a Lula e também é favorito para se reeleger em fevereiro, com o apoio do futuro governo.

Lula também teria encontros nesta quarta com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, e com a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber.

Eleito com a ajuda do governo Jair Bolsonaro (PL) e um dos principais aliados do atual presidente, Lira foi uma das primeiras autoridades a reconhecer a vitória de Lula no domingo (30), logo após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) declarar que o resultado estava matematicamente definido.

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Na ocasião, um dos principais recados que Lira passou foi que a "vontade da maioria manifestada nas urnas jamais deverá ser contestada". O outro foi que era preciso desarmar espíritos e estender as mãos aos adversários para pacificar o país.

Pai do deputado, o ex-senador e ex-deputado federal Benedito de Lira (PP), 80, defendeu em entrevista à Folha de S.Paulo que o apoio dado a Bolsonaro por ele e pelo filho não é obstáculo para que o presidente da Câmara dos Deputados agora feche uma aliança com Lula.

Integrantes do centrão e de outros partidos de centro e direita ouvidos pela reportagem avaliam que uma aliança seria benéfica tanto para Lula como para Lira, o que isolaria o bolsonarismo radical no Congresso a partir de 2023.

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O apoio no Legislativo é essencial para Lula superar um dos primeiros desafios de sua gestão: a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que visa abrir espaço no Orçamento para promessas de campanha.

Entre elas, a manutenção do valor mínimo de R$ 600 para o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família), o benefício adicional de R$ 150 para crianças menores de seis anos e o aumento real (acima da inflação) do salário mínimo.

Nesta quinta (10), Lula deve ser reunir deputados e senadores dos partidos que integraram a sua coligação na disputa presidencial. Também foram convidados os parlamentares do MDB e do PSD, siglas que indicaram quadros para o governo de transição.

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A reunião às 10h será o primeiro compromisso oficial de Lula na sede do governo de transição, o Centro Cultural Banco de Brasil, em Brasília.

MDB e PSD vem sendo apontados como peças fundamentais para o governo de transição, para garantir maioria para a aprovação de medidas importantes. A busca de uma maioria vem sendo um desafio para o governo eleito, considerando o crescimento das bancadas bolsonaristas, em particular no Senado.

O MDB oficializou nesta quarta-feira (9) a sua participação no governo de transição.

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Alckmin já havia confirmado a participação da senadora Simone Tebet (MDB-MS) na equipe de transição, como uma das coordenadoras da área de assistência social. Simone disputou as eleições presidenciais, terminando na terceira posição. No segundo turno, decidiu apoiar Lula e se tornou um importante ativo na campanha.

O MDB indicou na sequência para compor o Conselho Político da Transição os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Jader Barbalho (MDB-PA).

Também foi indicado o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (MDB), que vai atuar na área de indústria e comércio.

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