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Cotidiano

Lula defende que governo encontre jeito de baratear eletrodomésticos

Lula fez as declarações sobre a linha branca após comemorar o programa criado pelo governo de descontos para carros de até R$ 120 mil, encerrado em 7 de julho

12/07/2023 às 21:56  atualizado em 12/07/2023 às 22:06

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva | Joédson Alves/Agência Brasil

O presidente Lula (PT) sugeriu nesta quarta-feira (12) que membros de seu governo encontrem uma maneira de baratear a compra de eletrodomésticos.

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"Até falei com [o ministro da Indústria, Geraldo] Alckmin: 'que tal a gente fazer uma aberturazinha para a linha branca outra vez?'. [Para] facilitar a compra de geladeira, televisão, máquina de lavar roupa. As pessoas, de quando em quando, precisam trocar os seus utensílios domésticos", disse o presidente em discurso no Palácio do Planalto.

"Quando a geladeira velha está batendo, não está gelando a cerveja bem, e está gastando muita energia, você tem que trocar. Se está caro, vamos baratear, vamos encontrar um jeito. Simone [Tebet, ministra do Planejamento], você e o Aloizio [Mercadante] abram a mão um pouquinho para facilitar a vida desse povo que quer ter acesso as coisas", continuou.

Lula fez as declarações sobre a linha branca após comemorar o programa criado pelo governo de descontos para carros de até R$ 120 mil, encerrado em 7 de julho. De acordo com o presidente, é preciso incentivar o consumo da população, sempre que isso possa ser feito de forma responsável.

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Todos os R$ 800 milhões disponibilizados para o programa que concedeu descontos à compra de carros "populares" foram esgotados. A iniciativa, que tinha um orçamento inicial de R$ 500 milhões, durou um mês.

Mais uma vez, o presidente lembrou do programa Desenrola, promessa de campanha para solucionar a situação de endividados. "Nesses próximos dias, a gente vai anunciar definitivamente o tal do Desenrola. E tem que dar certo, porque se não der quem vai estar enrolado somos nós", disse.

As declarações foram dadas durante solenidade de entrega da Ordem Nacional do Mérito Científico e da retomada do CCT (Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia), extinto pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Dentre os agraciados no evento desta quarta, há dois especialistas que tiveram a honraria revogada em 2021, no auge do negacionismo bolsonarista durante a pandemia: a médica sanitarista Adele Benzaken e o infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda.

À época, em reação ao governo, um grupo de 20 cientistas com a condecoração da Ordem fizeram renúncia coletiva às suas medalhas.

A ideia de baratear eletrodomésticos da linha branca não é nova. Lula, em 2009, no seu segundo governo, já havia editado um decreto reduzindo o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para quatro eletrodomésticos da chamada linha branca: geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupa e tanquinhos.

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Antes disso, o governo também já havia cortado o tributo para materiais de construção. A renúncia fiscal, para os dois, à época, girava em torno de R$ 261 milhões.

A política surgiu como forma de estimular o crescimento do país e compensar os efeitos da crise global de 2008. No começo, os benefícios eram considerados tímidos.

A renúncia fiscal passou a ser mais intensa quando Dilma Rousseff (PT) foi eleita, e explodiram em 2011, seu primeiro ano de mandato. A então presidente ampliou benefício para além de carros e eletrodomésticos da linha branca.

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Foram reduzidas ou zeradas as alíquotas de tributos desde automóveis, queijo do reino, móveis até máquinas de escrever em braille. Na conta entram também isenções para aplicações financeiras.

A Receita passou a monitorar de perto o impacto das medidas apenas em 2010, preocupada com as contas públicas.

Segundo reportagem de 2015 da Folha de S.´Paulo, o Ministério da Fazenda estimou em R$ 26 bilhões os estímulos fiscais concedidos de outubro de 2008 a dezembro de 2009. Com mais R$ 17,5 bilhões de 2010, foram cerca de R$ 43,5 bilhões no governo Lula, em valores da época. As desonerações na gestão de Dilma equivalem, assim, a dez vezes as de Lula.

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A política pressionou as contas públicas e contribuiu para levar o país ao déficit a partir de 2014, agravando o cenário de crise econômica que alimentou o impeachment de Dilma.

No seu segundo mandato, a então presidente emplacou Joaquim Levy na Fazenda, que apresentou um pacote fiscal elevou impostos e cortou despesas. Mas, com a desaceleração da economia, a arrecadação continuou em queda, impedindo o ajuste.

Em 2017, já longe da presidência, Dilma afirmou que a política de desonerações foi um erro. "Vou te falar, acho que cometi um erro importante, o nível de desoneração de tributos das empresas brasileiras.

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Reduzimos a contribuição previdenciária, o IPI, além de uma quantidade significativa de impostos. Com isso, tivemos uma perda fiscal muito grande", afirmou em entrevista ao Valor Econômico na época.

"Nossa expectativa era evitar que a crise nos atingisse de forma pronunciada. Por isso, aumentamos também o crédito, mas acho que aí não erramos. Erro foi a desoneração porque, ao invés de investir, eles aumentaram a margem de lucro às custas de mais fragilidade nas contas públicas", disse Dilma.

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