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Cotidiano

Litoral de São Paulo abriga cemitério onde repousam centenas de europeus

Memorial recorda episódio trágico que vitimou mais de 150 búlgaros e gagaúzes na Ilha Anchieta, em Ubatuba; quase todos eram crianças

Bruno Hoffmann

27/11/2024 às 08:00

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Cemitério onde estão centenas de búlgaros e gagaúzes

Cemitério onde estão centenas de búlgaros e gagaúzes | Bruno Hoffmann

Um pequeno terreno da Ilha Anchieta, em Ubatuba, no litoral de São Paulo, abriga um cemitério com uma característica especial: é o local onde estão enterrados centenas de búlgaros e gagaúzos, especialmente crianças, mortos em 1926 após uma intoxicação alimentar.

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A reportagem da Gazeta esteve no local para entender como esse episódio ocorreu no litoral norte paulista.

A tragédia

Milhares de imigrantes da Bulgária provenientes da Bessarábia fugiram da opressão política no país. Uma parte foi parar na cidade de São Paulo. Os estrangeiros, porém, se negaram a seguir para as fazendas de café do interior do Estado, pelo regime de trabalho ainda semelhante à escravidão.

A polícia da época - chamada de Força Pública - obrigou o grupo a seguir para a Ilha Anchieta, conhecida como Ilha dos Porcos àquela altura. E lá foram eles, sem falar nada de português e sem entender da cultura nacional.

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Cemitério da Ilha Anchieta/Bruno Hoffmann
Cemitério da Ilha Anchieta/Bruno Hoffmann
Cemitério da Ilha Anchieta/Bruno Hoffmann
Cemitério da Ilha Anchieta/Bruno Hoffmann

Com fome e pouco conhecimento sobre a agricultura local, os imigrantes comeram mandioca brava, que pode provocar intoxicação grave se não for bem cozida. Foi o que aconteceu. Em 100 dias, 151 estrangeiros morreram por intoxicação - desses, 143 eram crianças.

Cruz ortodoxa

Todos foram enterrados no cemitério que já existia no local. Eles são representados por uma cruz ortodoxa sobre os túmulos. No cemitério, mais tarde, foram enterrados ainda sentenciados e funcionários do presídio que existiu na ilha até 1953.

Uma série de relatos indicam, ainda, que uma entidade gigante vive no local, para proteger em especial as crianças que jazem no cemitério

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"Um amigo meu, que é da quimbanda, me garantiu que esse gigante vive por aqui, e não deixa que nada de mal aconteça às crianças que já sofreram tanto em vida", garantiu um morador de Ubatuba à reportagem da Gazeta.

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