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Cotidiano

Jovem pisa mais de 40 mil vezes em cobras pela ciência

Biólogo conduziu uma pesquisa que pode ajudar a distribuir soro antiofídico de forma mais eficiente e orientar a população sobre como evitar ataques de serpentes

Natália Brito

03/06/2024 às 15:45  atualizado em 03/06/2024 às 16:04

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Biólogo João Miguel Alves Nunes de 26 anos

Biólogo João Miguel Alves Nunes de 26 anos | Arquivo Pessoal

O biólogo andreense João Miguel Alves Nunes, de 26 anos, realizou um estudo minucioso pisando 40.480 vezes em 116 jararacas para analisar fatores biológicos e ambientais que estimulam a agressividade desses animais. As mordidas de serpentes são consideradas um problema de alta emergência pela Organização Mundial de Saúde (OMS) nos países tropicais.

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Pesquisa no Instituto Butantan

João, ex-aluno da Etec Julio de Mesquita, em Santo André, ABC Paulista, conduziu essa pesquisa de mestrado nos laboratórios do Instituto Butantan. Ele afirma que é possível prever locais, horários e temperaturas que favorecem a incidência dos ataques. Os resultados foram publicados nas revistas científicas Science e Nature.

Aplicações e metodologia

De acordo com informações do portal "Diário do Grande ABC", o biólogo mencionou que o estudo pode ajudar o governo estadual a distribuir o soro antiofídico de maneira mais eficaz. Além disso, fornece orientações à população sobre os melhores horários para realizar trilhas, reduzindo as taxas de mordidas.

“A abordagem era para simular um encontro acidental entre homem e serpente. Eu vestia uma bota de proteção e me aproximava, pisando 30 vezes levemente no corpo do animal e outras 30 vezes perto dele, em diferentes horários e condições de temperatura”, explicou João na entrevista.

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Ele concluiu que as jararacas são mais agressivas pela manhã e em ambientes mais quentes. Entre as características biológicas, as jararacas menores, fêmeas e filhotes são as mais propensas a ataques.

Resultados e observações

“Quanto maior a temperatura, mais agressivo o animal fica. O estudo considera as mudanças climáticas, que afetam a saúde pública. Observamos diferenças de comportamento entre as jararacas do planalto e do litoral de São Paulo, sendo que os maiores casos ocorrem no Litoral”, destacou.

Além dos 116 animais estudados, a pesquisa de mestrado de João Nunes inclui um capítulo específico sobre a análise das cobras recebidas no Hospital Vital Brazil, do Instituto Butantan.

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“Coletamos 422 serpentes que picaram pessoas aqui no hospital. Alguns pacientes trazem o bicho morto e depositamos na coleção. Medi cada uma delas e o resultado bateu com o outro estudo, o que confirmou o dado de que quanto menor o animal, mais agressivo ele é”, relatou.

Alergia ao veneno e ao soro

Após dois anos de contato direto com serpentes, João desenvolveu alergia ao veneno e ao soro antiofídico. “Evito manusear e trabalhar com animais peçonhentos atualmente; me aposentei dessa parte de pisar nas cobras. Já tive um choque anafilático, e o segundo pode ser pior. Agora, fico menos na parte braçal”, afirmou.

Falta soro antiofídico na grande São Paulo

A pesquisa do biólogo analisa as jararacas presentes no Litoral e no Planalto do Estado de São Paulo. Em relação ao Grande ABC, ele indica que a região apresenta uma boa representatividade de acidentes por mordidas de cobras, mas fica atrás de cidades como Mogi das Cruzes e Cotia.

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“A região mais afetada é o litoral de São Paulo, principalmente Itanhaém e Santos, que podem fazer divisa com parte de São Bernardo”, pontou o biólogo.

“A pesquisa permite saber onde estão os bichos mais agressivos, o que acarreta maior taxa de acidentes. No Grande ABC, nenhum hospital tem o soro antiofídico. Todo paciente das sete cidades é transferido para uma unidade hospitalar maior, especialmente ao Instituto Butantan”, declarou.

Distribuição do soro antiofídico

No Estado, o Hospital Vital Brazil, no Butantã, na Capital, é especializado no atendimento a pacientes picados por animais peçonhentos. Quando o paciente não é transferido, o biólogo afirma que o Butantan precisa trazer o soro para a região para possibilitar o atendimento.

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“Ao entender a incidência dos casos a partir de cada localidade, conseguimos distribuir melhor o antiofídico para os endereços com maior demanda”, concluiu João Miguel.

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