A+

A-

Alternar Contraste

Quinta, 21 Novembro 2024

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta

Cotidiano

Jovem pisa mais de 40 mil vezes em cobras pela ciência

Biólogo conduziu uma pesquisa que pode ajudar a distribuir soro antiofídico de forma mais eficiente e orientar a população sobre como evitar ataques de serpentes

Natália Brito

03/06/2024 às 15:45  atualizado em 03/06/2024 às 16:04

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Biólogo João Miguel Alves Nunes de 26 anos

Biólogo João Miguel Alves Nunes de 26 anos | Arquivo Pessoal

O biólogo andreense João Miguel Alves Nunes, de 26 anos, realizou um estudo minucioso pisando 40.480 vezes em 116 jararacas para analisar fatores biológicos e ambientais que estimulam a agressividade desses animais. As mordidas de serpentes são consideradas um problema de alta emergência pela Organização Mundial de Saúde (OMS) nos países tropicais.

Continua depois da publicidade

Pesquisa no Instituto Butantan

João, ex-aluno da Etec Julio de Mesquita, em Santo André, ABC Paulista, conduziu essa pesquisa de mestrado nos laboratórios do Instituto Butantan. Ele afirma que é possível prever locais, horários e temperaturas que favorecem a incidência dos ataques. Os resultados foram publicados nas revistas científicas Science e Nature.

Aplicações e metodologia

De acordo com informações do portal "Diário do Grande ABC", o biólogo mencionou que o estudo pode ajudar o governo estadual a distribuir o soro antiofídico de maneira mais eficaz. Além disso, fornece orientações à população sobre os melhores horários para realizar trilhas, reduzindo as taxas de mordidas.

“A abordagem era para simular um encontro acidental entre homem e serpente. Eu vestia uma bota de proteção e me aproximava, pisando 30 vezes levemente no corpo do animal e outras 30 vezes perto dele, em diferentes horários e condições de temperatura”, explicou João na entrevista.

Continua depois da publicidade

Ele concluiu que as jararacas são mais agressivas pela manhã e em ambientes mais quentes. Entre as características biológicas, as jararacas menores, fêmeas e filhotes são as mais propensas a ataques.

Resultados e observações

“Quanto maior a temperatura, mais agressivo o animal fica. O estudo considera as mudanças climáticas, que afetam a saúde pública. Observamos diferenças de comportamento entre as jararacas do planalto e do litoral de São Paulo, sendo que os maiores casos ocorrem no Litoral”, destacou.

Além dos 116 animais estudados, a pesquisa de mestrado de João Nunes inclui um capítulo específico sobre a análise das cobras recebidas no Hospital Vital Brazil, do Instituto Butantan.

Continua depois da publicidade

“Coletamos 422 serpentes que picaram pessoas aqui no hospital. Alguns pacientes trazem o bicho morto e depositamos na coleção. Medi cada uma delas e o resultado bateu com o outro estudo, o que confirmou o dado de que quanto menor o animal, mais agressivo ele é”, relatou.

Alergia ao veneno e ao soro

Após dois anos de contato direto com serpentes, João desenvolveu alergia ao veneno e ao soro antiofídico. “Evito manusear e trabalhar com animais peçonhentos atualmente; me aposentei dessa parte de pisar nas cobras. Já tive um choque anafilático, e o segundo pode ser pior. Agora, fico menos na parte braçal”, afirmou.

Falta soro antiofídico na grande São Paulo

A pesquisa do biólogo analisa as jararacas presentes no Litoral e no Planalto do Estado de São Paulo. Em relação ao Grande ABC, ele indica que a região apresenta uma boa representatividade de acidentes por mordidas de cobras, mas fica atrás de cidades como Mogi das Cruzes e Cotia.

Continua depois da publicidade

“A região mais afetada é o litoral de São Paulo, principalmente Itanhaém e Santos, que podem fazer divisa com parte de São Bernardo”, pontou o biólogo.

“A pesquisa permite saber onde estão os bichos mais agressivos, o que acarreta maior taxa de acidentes. No Grande ABC, nenhum hospital tem o soro antiofídico. Todo paciente das sete cidades é transferido para uma unidade hospitalar maior, especialmente ao Instituto Butantan”, declarou.

Distribuição do soro antiofídico

No Estado, o Hospital Vital Brazil, no Butantã, na Capital, é especializado no atendimento a pacientes picados por animais peçonhentos. Quando o paciente não é transferido, o biólogo afirma que o Butantan precisa trazer o soro para a região para possibilitar o atendimento.

Continua depois da publicidade

“Ao entender a incidência dos casos a partir de cada localidade, conseguimos distribuir melhor o antiofídico para os endereços com maior demanda”, concluiu João Miguel.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados