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Cotidiano
Três deles foram presos na semana passada e o quarto se apresentou à polícia na última segunda (26)
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Computador e celular apreendidos na residência de suspeito preso por armazenar materiais de pornografia infantil | Divulgação/Polícia Civil
A Polícia Civil apura se quatro jovens, entre 19 e 22 anos, atacaram um morador de rua na capital paulista. A vítima morreu por causa das agressões - a instituição não disse quando foi o ataque nem em que ponto da cidade.
Três deles foram presos na semana passada e o quarto se apresentou à polícia na última segunda (26). Eles são investigados por estupro de vulnerável e produção, armazenamento e distribuição de material pornográfico envolvendo criança ou adolescente.
A suspeita de agressão contra o sem-teto surgiu com a análise de mensagens no Discord trocadas pelos quatro presos. Nelas, segundo a polícia, havia conteúdo instigando emboscadas contra moradores de rua e ataques a escolas.
Os policiais também querem saber se eles chegaram a participar diretamente ou indiretamente de algum ataque a escola, segundo o delegado Anderson Honorato dos Santos, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).
O advogado de um dos presos disse à Folha que se manifestará posteriormente. Os dos demais suspeitos não foram localizados pela reportagem.
Os quatro jovens, de acordo com o delegado, teriam se aproveitado do fato de que uma adolescente de 13 anos, moradora de Santa Catarina, passava por problemas familiares para convencê-la a vir se encontrar com eles em agosto de 2022. Por cerca de 15 dias, ela foi abusada sexualmente por ao menos dois suspeitos e agredida. Depois, a vítima voltou para o estado do Sul.
Registradas em fotos e vídeos, as cenas do abuso foram encontradas no computador de um dos suspeitos, morador de Bauru, interior paulista. Ele negou aos policiais a acusação de estupro.
Os outros três presos são moradores da capital. Em depoimento à polícia, disseram que se conheceram em uma praça na Liberdade, na região central paulistana. O morador de Bauru afirmou ter feito amizade com eles pelo Discord.
Segundo Santos, durante as investigações foram encontradas fotos e bandeiras com apologia ao nazismo. Aos policiais, o grupo alegou se tratar de uma brincadeira.
A ocorrência foi parar no Deic porque, em um primeiro momento, havia denúncia de se tratar de crime de extorsão, o que até aqui, segundo Santos, não se concretizou.
O uso do Discord por criminosos foi revelado em maio pelo Fantástico e confirmado pela Folha. No aplicativo, a reportagem encontrou conteúdos que incitam a exploração sexual, pedofilia, automutilação, racismo, apologia do nazismo, maus-tratos de animais e incitação a assassinatos.
No fim do ano passado, a Folha acessou grupos no Discord com milhares de membros, sendo que o maior contava com mais de 3.000 integrantes, 500 online no momento do acesso. Nele, havia cenas de extrema violência, como supostos homicídios, exibidos em transmissões ao vivo.
Em maio, o Discord afirmou que trabalhava para barrar o que denominou de "conteúdo abominável". A plataforma surgiu em 2015 e se popularizou para bate-papo durante jogos online. Tudo isso circula em grupos que misturam usuários adultos com menores de 18 anos.
Os Ministérios Públicos estaduais de ao menos três estados (São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul) investigam a plataforma.
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