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Cotidiano

Instagram colaborou com promoção de rede de contas de pedofilia, diz jornal

Em março, o Pinterest recebeu acusação semelhante

Natália Brito

08/06/2023 às 10:00

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Segundo jornal, o Instagram direcionou usuários para vendedores de conteúdo de abuso sexual infantil através de sistemas de recomendação de perfis semelhantes.

Segundo jornal, o Instagram direcionou usuários para vendedores de conteúdo de abuso sexual infantil através de sistemas de recomendação de perfis semelhantes. | Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Instagram tem conectado e promovido uma rede de perfis que divulga e vende conteúdos de pedofilia, segundo reportagem do jornal americano The Wall Street Journal, em parceria com pesquisadores da Universidade Stanford e da Universidade de Massachusetts Amherst.

De acordo com o jornal, a rede social da Meta hospedou e promoveu conteúdos do tipo por meio de seus algoritmos. O Instagram direcionou usuários para vendedores de conteúdo de abuso sexual infantil através de sistemas de recomendação de perfis semelhantes. Na prática, a plataforma estaria permitindo que os usuários construam redes de venda de conteúdo ilegal, segundo a investigação.

Em resposta, a Meta reconheceu problemas em suas operações internas para aplicação da lei. Disse trabalhar para impedir que os algoritmos recomendem que adultos potencialmente pedófilos se conectem ou interajam com seus conteúdos.

Segundo a empresa, um grupo de trabalho interno foi criado para lidar com as questões levantadas. "A exploração de crianças é um crime horrível. Estamos investigando constantemente maneiras de combater ativamente esse comportamento", afirmou.

O jornal e os pesquisadores verificaram que os usuários conseguiam pesquisar por hashtags explícitas e serem conectados a perfis que usavam os termos para anunciar a venda de material de sexo infantil. Além das hashtags, essas contas usavam termos sugestivos e postavam "menus de conteúdo".

Alguns "menus" incluem preços para vídeos de crianças se machucando e imagens de menores realizando atos sexuais com animais, segundo pesquisadores do Observatório de Internet de Stanford. Por um preço específico, os perfis diziam que as crianças estariam disponíveis para "encontros pessoais".

Pesquisadores criaram perfis de teste a fim de verificar como os algoritmos recomendavam os conteúdos de pedofilia. A visualização de apenas um único perfil do tipo foi suficiente para que outras contas passassem a ser recomendadas em um campo chamado "sugerido para você".

Os perfis sugeridos eram de supostos vendedores e compradores de conteúdo de sexo com menores, bem como contas vinculadas a sites de comércio de conteúdo externos à plataforma. Ao seguir uma das sugestões da rede social, a conta teste passou a ser inundada de conteúdos que sexualizam crianças.

De acordo com a bigtech, 27 redes de pedofilia foram derrubadas nos últimos dois anos. A plataforma disse ao The Wall Street Journal que bloqueou milhares de hashtags que sexualizam crianças e restringiu seus sistemas para evitar a recomendação de termos associados a abuso sexual aos usuários.

Em março, o Pinterest recebeu acusação semelhante. Na ocasião, uma reportagem da emissora americana NBC News afirmou que a rede social recomendava perfis que sexualizam menores de idade, colecionando fotos com esse teor.

O Instagram é uma das plataformas mais utilizadas no mundo, com mais de 2 bilhões de usuários ativos globalmente, segundo a Meta. No Brasil, são mais de 115 milhões de usuários, e nos EUA a marca supera 150 milhões.

"O Instagram é uma entrada para lugares na internet onde há abuso sexual infantil mais explícito", afirmou ao jornal Brian Levine, diretor do Rescue Lab da Universidade de Massachusetts, que pesquisa vitimização infantil online e cria ferramentas forenses para combatê-la.

Os perfis pedófilos criados no Instagram se esforçam para encobrir as atividades ilegais, segundo os pesquisadores. Siglas e emojis que remetem a termos como "pessoa atraída por menores", ou "pornografia infantil", são usadas, segundo Levine. Muitos se declaram "amantes das pequenas coisas da vida".

Para Alex Stamos, chefe do Observatório de Internet de Stanford e ex-chefe de segurança da Meta até 2018, controlar até mesmo abusos óbvios exigiria um esforço contínuo. "O fato de uma equipe de três acadêmicos com acesso limitado ter encontrado uma rede tão grande deve acionar alarmes na Meta", disse ao jornal.

Segundo as diretrizes públicas da Meta, a empresa remove conteúdos que ameacem ou promovam violência ou exploração sexual de menores. O comunicado diz que "quando apropriado", a companhia encaminha esse conteúdo para as autoridades legais.

"Para proteger as vítimas e os sobreviventes, também removemos fotografias ou vídeos que retratam incidentes de violência sexual e imagens compartilhadas como vingança ou sem permissão das pessoas nas imagens", diz a Meta em suas normas.
 

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