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Cotidiano
O apoio a Lula na federação PSOL/Rede não é unanimidade, mas acabou aprovada pela maioria da executiva
23/05/2022 às 09:39 atualizado em 23/05/2022 às 09:42
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Lula e Guilherme Boulos | Divulgação/Ricardo Stuckert
Líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e pré-candidato a deputado federal pelo PSOL, Guilherme Boulos será o presidente da federação PSOL/Rede e afirma que os partidos farão parte da coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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O apoio a Lula não é unanimidade nem na Rede nem no PSOL, enquanto a formação da federação enfrentou resistência no PSOL, mas acabou aprovada pela maioria da executiva, em 30 de março, e do diretório, em 18 de abril. Já na Rede, a federação foi aprovada por unanimidade em 12 de março.
Por ser o maior partido, o PSOL ficou encarregado de presidir a federação. E Boulos foi escolhido pela ala majoritária da sigla para a tarefa.
O pré-candidato já assinou o pedido de registro da federação, que, pela regra eleitoral, deve ser enviado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 31 de maio.
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A escolha de Boulos sinaliza o compromisso da federação com Lula. O líder sem-teto abriu mão de concorrer ao Governo de São Paulo para apoiar o PT e é entusiasta da aliança em torno do ex-presidente.
"A perspectiva é a de que a federação apoie Lula e integre a coligação do PT", diz Boulos à reportagem.
Ficou vencida a corrente do PSOL, liderada sobretudo pelo deputado federal Glauber Braga (RJ), que defende uma candidatura presidencial própria e se opõe à federação com a Rede. A aliança de Lula com Geraldo Alckmin (PSB) é um dos pontos criticados pela corrente.
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Na Rede, por sua vez, as ex-senadoras Marina Silva e Heloísa Helena, que podem concorrer à Câmara dos Deputados por São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, fazem parte da ala que rejeita o apoio a Lula.
Por isso, o estatuto da federação permite que filiados apoiem candidatos diferentes daqueles indicados oficialmente pela federação.
"É uma cláusula que reafirma aquilo que está na legislação a respeito das federações, de que cada partido tem sua autonomia. Existem militantes na Rede que não farão campanha para o Lula, mas isso é um problema interno da Rede, que não cabe ao PSOL ou à federação", afirma Boulos.
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Porta-voz da Rede, Heloísa Helena já declarou que a legenda não obrigará o apoio a Lula –ela própria afirmou apoiar Ciro Gomes (PDT).
O partido elaborou uma resolução em que libera o voto de filiados em Lula ou Ciro e proíbe o apoio a Jair Bolsonaro (PL), embora não o mencione.
"Proibição de apoio em qualquer nível eleitoral às forças políticas conservadoras, fascistas, de extrema direita, corruptas e patrimonialistas de conteúdo antivida e antidemocráticas", diz a resolução.
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Boulos e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integra a equipe da pré-campanha de Lula, trabalham para reaproximar Marina de Lula.
A ex-senadora tem mágoas do PT em razão do pleito de 2014, quando se candidatou à Presidência e foi fortemente atacada pela campanha de Dilma Rousseff (PT). Ela deixou o PT em 2009.
Já Helena foi eleita senadora pelo PT em 1998 e, em 2003, foi expulsa da sigla por divergir de orientações da legenda e votar contra projetos de interesse do partido.
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Semelhante às coligações, a federação prevê que as siglas ficarão unidas ao longo de quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal –e não apenas durante a eleição. Por isso, as federações têm estatuto e órgão de comando próprios.
Criada para salvar partidos pequenos da cláusula de barreira, a federação pode facilitar a eleição de quadros a cargos proporcionais. A cláusula de barreira estabelece percentual mínimo de votos e de deputados eleitos para manter o acesso de um partido à propaganda partidária e ao fundo eleitoral.
Na eleição passada, o PSOL elegeu 10 deputados federais e a Rede, 1. Para as eleições deste ano, integrantes da federação veem possibilidade de chegar a 20 cadeiras –Boulos e Marina são potenciais puxadores de votos.
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"Espero que a gente construa um grau de unidade política desde a campanha para que a bancada da federação no Congresso atue com unidade", diz Boulos.
Nos estados, a Rede deve lançar candidatos a governador no Amapá e no Espírito Santo, enquanto o PSOL deve ter candidatos próprios na maior parte dos estados –exceção à SP, RJ, SC, AP e ES.
Em manifesto interno, líderes do PSOL criticaram a federação com a Rede, classificada de erro grave por Glauber Braga. Na votação do diretório nacional, a federação recebeu 38 votos favoráveis e 23 contrários.
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"A Rede é um partido que tem muitas figuras nitidamente de direita e com pautas conservadoras. Como poderemos nos misturar com elas nas eleições? A Rede não é um partido que se propõe lutar pelo socialismo, nem agora e nem em mil anos. A Rede diz combater pela 'sustentabilidade' do sistema capitalista. Isso já a coloca na trincheira oposta à nossa na luta de classes", diz o texto.
Membros do PSOL atribuem a resistência à Rede as falas de Heloísa Helena e Marina Silva contra o PT. Já Boulos minimiza as divergências.
"O PSOL é um partido com posições diversas. É uma riqueza do partido a expressão de sua democracia interna e de sua diversidade. Houve uma maioria para a federação com a Rede e acredito que isso fortalece a unidade do campo progressista", diz.
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