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Cotidiano

Gravidez na adolescência aumenta riscos para gestantes e fetos

Ocorre uma "disputa por nutrientes entre a mãe e o feto", já que a gestante ainda está em fase de crescimento; além disso, a obstetra cita que outros riscos já foram documentados pela literatura médica para adolescentes grávidas

13/09/2022 às 08:33  atualizado em 13/09/2022 às 08:47

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O assunto voltou à tona no Brasil com o caso da menina de 11 anos que está grávida pela segunda vez

O assunto voltou à tona no Brasil com o caso da menina de 11 anos que está grávida pela segunda vez | freestocks.org/Unsplash

A gestação durante a adolescência representa uma série de riscos tanto para a gestante quanto para o feto, apontam obstetras. Entre os problemas, alguns deles são o nascimento precoce do bebê, morte materna e diabetes gestacional.

"Toda gestante adolescente é considerada uma gravidez de alto risco", afirma Fernanda Faig, especialista em obstetrícia de alto risco e medicina fetal e médica do departamento materno infantil do Hospital Israelita Albert Einstein.

A gravidez na adolescência é uma realidade do Brasil. Segundo Marcelo Antonini, ginecologista obstetra do Hospital do Servidor Público Estadual, são cerca de 400 mil gestações entre adolescentes no país a cada ano.

O assunto voltou à tona no Brasil com o caso da menina de 11 anos que está grávida pela segunda vez. Em janeiro de 2021, a garota foi estuprada em uma zona rural do Piauí, onde mora. Então, ela ficou grávida pela primeira vez e prosseguiu com a gestação.

A mãe, uma dona de casa de 29 anos, não autorizou o aborto e disse que o médico afirmara que a menina apontara risco de morte no procedimento. A menina também optou por não realizar o aborto.

Agora, a garota está grávida pela segunda vez também em decorrência de violência sexual. Segundo a mãe, o estupro foi cometido por um tio paterno. Ambos compartilhavam o mesmo quarto na casa do pai da menina.

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O aborto novamente é rejeitado pela mãe da menina. Para ela, aborto é crime. Por outro lado, o pai da vítima diz ser favorável ao procedimento.

No Brasil, a interrupção de uma gravidez é permitida nos casos de estupro, risco de morte para a gestante e anencefalia do feto.

A ginecologista obstetra Natalia Grandini Tannous afirma que um problema no caso dessa menina é a proximidade entre a primeira menstruação e a gestação. Tannous explica que uma gestação até dois anos depois da primeira menstruação representa um problema. Isso porque ocorre uma "disputa por nutrientes entre a mãe e o feto", já que a gestante ainda está em fase de crescimento.

Além disso, a obstetra cita que outros riscos já foram documentados pela literatura médica para adolescentes grávidas. Os principais são morte materna, pressão alta, diabetes gestacional, eclâmpsia, maiores chances de o bebê nascer pequeno e maior probabilidade da realização de uma cesariana. "Isso tudo parece ser piorado se for antes dos 15 anos", afirma Tannous.

Outro problema é a prematuridade. Antonini explica que os riscos de um bebê nascer prematuro é maior no caso de gravidez na adolescência. O obstetra também diz que os problemas da gravidez na adolescência são maiores em garotas abaixo dos 15 anos e com até 1,5 m de altura. Meninas com até 45 kg grávidas também são mais propícias a apresentar complicações. Uma delas é a desproporção céfalo pélvica, que é quando a pelve da gestante não tem a largura adequada para a passagem do bebê.

Em casos assim, a cesariana é uma opção, mas continua representando riscos. "Durante a cesárea, tem uma morbidade maior", afirma Faig.

A especialista também cita outras complicações, como anemia. "Existem alterações nutricionais. É um corpo que não está acostumado, então há maior risco de desenvolvimento anemia", resume.

Faig ainda chama a atenção para outros problemas, como psicológicos e sociais. "Nós falamos muito em uma vulnerabilidade psicológica nessas adolescentes que não estão preparadas psicologicamente para uma gestação."

A menina de 11 anos é um exemplo desse problema. Desde que o primeiro filho nasceu, ela se nega a ter acompanhamento psicológico, abandonou a escola e vive um conflito com os pais.

Gestações consecutivas
O caso da menina também alerta para outro problema: a proximidade entre duas gestações. Ela deu à luz ao primeiro filho em setembro de 2021 e agora já tem três meses da sua segunda gestação.

Antonini afirma que o período de uma gravidez para outra deve ser de no mínimo dois anos para que o corpo da mulher se recupere completamente. Sem isso, problemas já citados, como partos prematuros, podem ser mais comuns.

A orientação também é indicada para mulheres adultas. No entanto, em casos de adolescentes, as complicações advindas de uma gestação seguida de outra podem ser piores.

"O intervalo entre os partos é pior para as adolescentes, mas para as mulheres mais velhas também acontece", conclui Antonini.

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