Golpista recebe oferta de delação premiada da Comissão

Wellington Macedo de Souza ficou calado na audiência. E mais, o blogueiro não afirmou o compromisso de dizer a verdade. Recentemente, foi preso no Paraguai e já está condenado pela participação no atentado à bomba próximo ao aeroporto internacional de Brasília.

Ele foi ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de inquérito (CPMI) nesta quinta-feira (21), mas nada falou. Apenas declarou que, caso os seus advogados tivessem acesso às investigações, ele poderia colaborar. No entanto, a Comissão já tinha uma certeza, Wellington estava no acampamento do QG do Exército, e lá foram planejados os atos de 5/12/2022, de 20/12/2022, de 24/12/2022 e de 8/1/2033.

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Quem é Wellington?

Jornalista e ex-assessor da Secretaria Nacional dos Direitos e da Criança do ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo de Jair Messias Bolsonaro, ele estava foragido. 

Há mais de três meses se encontrava no Paraguai, e no último 14 de setembro foi preso pela Polícia local. Deixou o governo Bolsonaro para se candidatar a vereador em 2020 em Sobral (CE), mas não se elegeu.

Foi Wellington quem dirigiu o carro que transportou a bomba fabricada por George Washington e instalada por Alan Diego no caminhão combustível em 24 de dezembro de 2022.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), declarou que as investigações remontam o fato de que os atos golpistas foram gestados na manifestação do 7 de setembro de 2022. São os considerados “atos embrionários”.

“Parece que lá atrás, no 7 de setembro, já era uma ação embrionária [para o 8 de janeiro]. Já se pensava então a seguir com esse intento para se depredar claramente os prédios da Praça dos Três Poderes”, ressaltou Eliziane.

Eliziane ofereceu a delação, Wellington se demonstrou disposto, mas seus advogados disseram que nenhuma atitude seria tomada sem que eles tivessem acesso aos autos. 

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) contestou: “O depoente fala o tempo todo que não teve acesso aos inquéritos. Particularmente, o inquérito da bomba do aeroporto, ele já foi sentenciado. Portanto, isso é público. Todos têm acesso. Como é que o advogado dele e ele não tiveram acesso?”, registrou Feghali.

Na sessão, o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), informou aos presentes que, face às recentes decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), está pedindo reações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A solução passaria por uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) para não permitir a ausência de convocados às reuniões da Comissão.