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Cotidiano

Garcia acena a eleitor de Bolsonaro e fala em 'raiz paulista' para minar Tarcísio

Nas últimas eleições, João Doria (PSDB) se elegeu colado a imagem à de Bolsonaro

10/05/2022 às 16:07  atualizado em 10/05/2022 às 16:10

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Rodrigo Garcia (PSDB)

Rodrigo Garcia (PSDB) | Governo de São Paulo

O governador Rodrigo Garcia (PSDB), em pré-campanha à reeleição, tem apostado no discurso linha-dura na segurança pública, que tem grande apelo ao eleitorado do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Ele ainda tenta se diferenciar do candidato do presidente em São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos), nascido no Rio de Janeiro, ao reforçar ser um "paulista raiz".


Nas últimas eleições, João Doria (PSDB) se elegeu colado a imagem à de Bolsonaro, movimento que ficou conhecido como 'Bolsodoria'.


Embora a campanha de Rodrigo por ora não atrele sua imagem à do presidente e demonstre esforços em fugir da polarização nacional, os gestos dele conversam com esse potencial eleitor 'Bolsodrigo'.

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A segurança pública, tema vital no estado em momento de boom de furtos e roubos de celulares, é a principal arena onde se dá a disputa pelos votos dos bolsonaristas.


Rodrigo alcançou 6% na pesquisa Datafolha de abril, empatado no limite da margem de erro com Tarcísio, que marcou 10%. A corrida é liderada por Fernando Haddad (PT), com 29%, à frente de Márcio França (PSB), com 20%.


Na campanha do tucano, o discurso é o de que as questões relativas à segurança se tratam de assuntos de governo e que seus atos a esta altura ainda não miram nenhum candidato específico. No entanto, os gestos soam bastante ensaiados.
Nesta terça-feira (10), por exemplo, o local do evento escolhido é simbólico, a sede da Rota, tropa de elite da Polícia Militar, em compromisso sobre a criação de medalha voltada aos paulistas que atuaram "pela elevação do nome da Polícia Militar".

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Famosa pela letalidade policial, a Rota é evocada de tempos em tempos por políticos tentando seduzir o eleitorado conservador do estado. Em 2002, por exemplo, o ex-prefeito e ex-governador Paulo Maluf prometeu colocar a Rota na rua, mas acabou perdendo a eleição para o tucano Geraldo Alckmin.


Já João Doria, em 2018, prometeu que a polícia iria atirar para matar e levou a eleição. Às vésperas do pleito deste ano, Rodrigo deu declaração neste sentido, embora mais moderada.


"Bandido que levantar arma para a polícia vai levar bala da polícia, porque é isso que a sociedade está esperando, uma polícia ativa, que dentro dos limites da lei vai agir com muito rigor em relação à criminalidade", disse.

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A frase dita num evento de governo foi editada e divulgada nas redes sociais de Rodrigo, reforçando que se trata de uma mensagem ensaiada.


Antes disso, o governador já havia dito em entrevista ter dúvidas de um programa do próprio governo, relativo a câmeras corporais em policiais -a medida, apontada como responsável pela redução de mortes em confrontos e também de policiais, havia sido criticada por Tarcísio.


Após a declaração, o governador recuou e voltou a defender a medida.

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"[As ações do Rodrigo] têm muito de estratégia eleitoral. O Tarcísio hoje é o principal adversário dele e é quem está corroendo a base de apoio que ele queria", diz o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV.


Neste sentido, diz, o discurso de lei e ordem pode funcionar como algo sedutor na disputa deste grupo, fundamental para pavimentar um caminho até o segundo turno.


Além da questão da questão da segurança, a artilharia de Rodrigo mira em um área que é vista até agora como principal ponto fraco de Tarcísio, um suposto oportunismo eleitoral do ex-ministro nascido no Rio e sem vínculos fortes com São Paulo, estado onde concorrerá.

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Nas mídias sociais do governador foi divulgado até um teste em que Rodrigo identifica gírias paulistas e de outros lugares do país. Na brincadeira, ele escolhe bolacha em vez de biscoito, balada no lugar de night e breja no lugar de cerva.


O cientista político Bruno Silva, pesquisador do Laboratório de Política e Governo da Unesp Araraquara, diz que a menção à raiz paulista é um jeito de explorar uma fragilidade de Tarcísio, sem necessariamente atacar Bolsonaro.


Em contraposição, pela narrativa criada, Rodrigo seria alguém que conhece os problemas do estado.

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"Numa disputa de governo do estado, sempre há esse sentimento de pertencimento ao território. [A estratégia é] para mostrar justamente que o outro é uma pessoa que não conhece o estado, que está muito desconectado dos desafios do estado", diz.


Ainda é uma incógnita se Rodrigo conseguirá estancar o crescimento de Tarcísio e ganhar espaço entre eleitores do presidente.


No mundo político, porém, isso já tem acontecido e na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) o voto 'Bolsodrigo' já é uma realidade. Ao menos seis deputados estaduais do PL, partido do presidente, vão apoiar Bolsonaro e Rodrigo, em vez de Tarcísio.

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Entre esses deputados está Alex Madureira, evangélico ligado à Assembleia de Deus, que acredita que não há obstáculos para que o governador cresça entre o eleitorado bolsonarista.


"Ele tem adotado uma postura muito de estado, das coisas do estado e não vejo em nenhum momento o Rodrigo fazer qualquer ataque ao Bolsonaro", diz.


Ainda nesta linha, Rodrigo teria boa aceitação entre o eleitorado evangélico, base de Bolsonaro, que assim como ele é católico. "Ele é muito aberto ao ouvir a igreja, dar atenção às igrejas evangélicas, às famílias mais conservadores".

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Embora o governador já tenha feito críticas a Bolsonaro, na sabatina organizada pela Folha e pelo UOL, ele se recusou a manifestar preferência entre o presidente e o ex-presidente Lula (PT).


A campanha do governador vive em compasso de espera sobre se o ex-governador João Doria (PSDB), com alta rejeição, conseguirá viabilizar sua campanha a Presidência da República.


Para aliados de Rodrigo, se Doria estiver fora, será mais fácil se desconectar da impopularidade do antecessor e emplacar o discurso de que não tem padrinhos políticos.

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Neste ponto, embora os acenos sejam ao eleitor mais conservador, Rodrigo tem tentado minimizar questões ideológicas e focar em questões práticas, o que não deixaria de fora eventuais eleitores à esquerda com perfil mais moderado.

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