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Ligeiramente doce, mas extremamente ácido como o limão, o cambuci não é muito indicado para o consumo in natura | Reprodução
Num tempo distante, quando São Paulo era mais Piratininga e menos arranha-céu, o tupi era a língua mais falada no Páteo do Colégio e os guarani buscavam a Terra sem Mal.
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A Consolação e a Rebouças eram apenas uma trilha até o Rio Pi-iêre. e florescia uma mata exuberante em todos os matizes do verde-esmeralda, com frutas de perfumes variados e flores multicoloridas.
Naqueles dias, a madeira nobre de uma certa árvore servia de alicerce para casas de pau-a-pique. Fundamental na consolidação da “civilização paulista”. Ela batizou um dos bairros mais tradicionais da metrópole e quase foi extinta. E teria sido um prejuízo irreparável.
Hoje, apenas três exemplares dessa planta são conhecidos na terra de Anchieta. Mesmo assim, ela se tornou a árvore símbolo da Cidade.
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Senhoras e senhores: o cambuci está para São Paulo como o pau-brasil está para o País.
E ele está em plena colheita, em pequenos sítios agroecológicos no extremo sul do Município e em pelo menos 12 cidades do ABC, da Grande São Paulo e do Litoral.
Há até um roteiro turístico no Polo de Ecoturismo de São Paulo, extremo sul da Capital Paulista, onde é possível visitar sítios, barres e restaurantes que se dedicam ao turismo rural.
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O programa permite ao visitante colher direto dos galhos a fruta singular, com formato que lembra um disco voador.
Ligeiramente doce, mas extremamente ácido como o limão, o cambuci não é muito indicado para o consumo in natura. Em compensação, tem um perfume extraordinário.
Mais rica em vitamina C do que a laranja, parente da goiaba e da pitanga e com nuances de aroma e sabor que lembram a jabuticaba, o cambuci tem bagas com 6 centímetros de diâmetro, polpa cremosa e suculenta, com poucas sementes.
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Com esses atributos, a fruta tem se tornado estrela na harmonização criativa de chefs da alta gastronomia. E também é o ingrediente principal em sucos, licores e geleias. Na indústria de fármacos e cosméticos se destaca pelas propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas.
A estimativa é que pelo menos 200 toneladas sejam colhidas a cada safra, que começa pouco antes das chuvas de março e vai até maio. Nesse período, o cambuci também é sinônimo de fartura para tucanos, macacos, pacas e antas, as jardineiras da floresta.
A fruta alimentou indígenas por décadas, seduziu portugueses e chegou ao século 21 pelas mãos de ‘garimpeiros’ que preservaram tradições seculares.
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Coube aos tropeiros que cruzavam os sertões de Paranapiacaba e Piaçaguera desde o Planalto até a praia, transportar no lombo de mulas as primeiras riquezas produzidas no Estado.
E, também, a alquimia máxima de unir a fruta em formato de disco voador à cachaça descoberta por acaso no Engenho dos Erasmos, na Santos de Braz Cubas dos séculos 16 e 17.
A partir daí, o cambuci ganhou passaporte para a eternidade!
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Testemunha das transformações promovidas pelo tempo no cenário e nos costumes dos paulistas e de todas as gentes que para cá vieram, o cambuci virou sinônimo de identidade para municípios do ABC, da Grande São Paulo e do Litoral, que neste século 21 passaram a promover festivais gastronômicos com a fruta.
Maior produtora do fruto, a cidade de Natividade da Serra, no Vale do Paraíba, se autointitula “Capital do Cambuci”.
A contribuição da árvore e de seus frutos é tão significativa que o Instituto Federal, Campus Suzano, e produtores da Rota do Cambuci estão requerendo a indicação geográfica, espécie de reconhecimento internacional à fruta.
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Auá significa ‘gente’ na língua tupi. E, há 20 anos, representa o enfrentamento a desafios socioambientais, especialmente os relacionados à Mata Atlântica e às suas riquezas. Fundado na virada do século, o Instituto Auá promove, há 15 anos, a Rota do Cambuci. O evento convida a “uma jornada de descobertas pela cultura e gastronomia” regionais. No fundo, o festival é uma celebração não apenas de um fruto, mas de uma comunidade unida em torno da preservação e do resgate do cambuci e de tudo o que a Mata Atlântica tem a oferecer.
Agenda da 15ª Rota do Cambuci
Paranapiacaba – 20, 21, 27 e 28 de abril
Salesópolis – 16,17 e 18 de Maio
Rio Grande da Serra – 24, 25 e 26 de maio
Bertioga/Festival da Mata Atlântica – 31 de maio à 2 junho
Biritiba-Mirim – 21 à 23 de junho
Caraguatatuba/PESM Caraguatatuba – 30 de junho
Caraguatatuba/19º Festival da Tainha & Pescados Caiçaras – 4 a 7 de julho
Salesópolis/PESM Padre Dória – 9 de julho
Caraguatatuba/25º Festival do Camarão – 12 à 21 de julho
São Lourenço da Serra – 10 de agosto
São Bernardo do Campo/Riacho Grande – 21 e 22 de setembro
Parelheiros – 9 e 10 de novembro
Caraguatatuba/14º Festival do Mexilhão – 15 à 17 novembro
Ribeirão Pires – 6, 7 e 8 de dezembro
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