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Cotidiano
Em maio deste ano, a Anistia Internacional pediu para a Fifa pagar uma indenização de pelo menos 440 milhões de dólares (R$ 2,27 bilhões) aos trabalhadores migrantes que sofreram abusos no Qatar
04/10/2022 às 09:47 atualizado em 04/10/2022 às 09:56
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Bola da Copa do Mundo no Catar | Fernando Frazão/Agência Brasil
Na contagem regressiva pelo início da Copa do Mundo do Qatar, França e Dinamarca resolveram, de diferentes formas, boicotar o país sede do Mundial. De um lado, cinco cidades francesas vetaram eventos ou telões para exibir os jogos. Do outro, os dinamarqueses "apagaram" seu escudo do uniforme.
A Prefeitura de Paris anunciou nesta segunda (3) que - assim como Lille, Estrasburgo, Reims, Bordeaux e Marselha - não organizará eventos ou disponibilizará telões para transmissões dos jogos. À AFP, o Secretário de Esportes da capital francesa, Pierre Rabadan, culpou as "condições da organização" da Copa pela postura francesa.
"Para nós, não estava em questão organizar espaços com telões (para a transmissão da Copa do Mundo) por várias razões: a primeira são as condições em que essa Copa foi organizada, tanto em termos ambientais quanto sociais. A segunda é o fato de acontecer em dezembro", disse Rabadan.
Já Pierre Hurmic, prefeito de Bordeaux, chamou o Mundial do Qatar de "desastre humano e ambiental" e afirmou que "comprometidos com os valores do compartilhamento, da solidariedade no esporte e da construção de um lugar mais sustentável, não podemos contribuir para a promoção da Copa do Qatar".
Em maio deste ano, a Anistia Internacional pediu para a Fifa pagar uma indenização de pelo menos 440 milhões de dólares (R$ 2,27 bilhões) aos trabalhadores migrantes que sofreram abusos no Qatar, país anfitrião da Copa do Mundo de 2022.
Na ocasião, a entidade alegou que desde 2010 houve uma "litania de abusos", quando a Fifa concedeu ao Qatar a sede da Copa do Mundo de 2022 "sem pedir melhorias em suas práticas trabalhistas". A organização máxima do futebol disse que está "avaliando o programa proposto pela Anistia", observando que "envolve uma ampla gama de infraestrutura pública que não é da Fifa ou específica da Copa do Mundo".
CADÊ O ESCUDO?
A França não foi a primeira a se posicionar contra a Copa do Qatar. No fim de setembro, a seleção dinamarquesa divulgou seu uniforme para a competição, e um detalhe chamou a atenção: o escudo desbotado.
Em protesto pelas condições trabalhistas no país-sede do Mundial, a Dinamarca optou por camisas monocromáticos, inclusive os logotipos da empresa e da Federação Dinamarquesa.
Para completar, o terceiro uniforme será totalmente preto, simbolizando o luto pelas vítimas das construções de estádios para o torneio. Segundo o jornal "The Guardian" publicou no ano passado, ao menos 6,5 mil trabalhadores imigrantes morreram no país desde o início das obras.
"Nós não queremos propagar nossa imagem durante um torneio que custou milhares de vidas. Nós apoiamos a seleção dinamarquesa até o fim, mas isso não é o mesmo que apoiar o Qatar como país sede", explicou a Hummel Sport, fornecedora de materiais esportivos da seleção europeia.
A seleção dinamarquesa estreou o uniforme na última data Fifa, em jogos válidos pela Liga das Nações. A Dinamarca perdeu para a Croácia por 2 a 1 e venceu a França por 2 a 0.
O Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022 não gostou do posicionamento dinamarquês e rebateu as informações por meio de uma nota oficial: "Contestamos a afirmação da Hummel de que este torneio custou a vida de milhares de pessoas. Além disso, rejeitamos a banalização de nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança de 30 mil trabalhadores que construíram os estádios da Copa do Mundo e outros projetos do torneio".
França e Dinamarca estão no Grupo D da Copa do Qatar, ao lado de Austrália e Tunísia. Os atuais campeões mundiais estreiam contra os australianos, no dia 22 de novembro, às 16h (de Brasília). Os dinamarqueses vão a campo no mesmo dia, às 10h (de Brasília), contra os tunisianos.
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