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Cotidiano

Fernando Alfredo: 'Ricardo Nunes seguirá todo o legado de Bruno Covas'

Presidente do PSDB da Capital, Fernando Alfredo diz confiar 'incondicionalmente' em Nunes, exalta João Doria e reafirma que quer ser candidato ao Senado em 2022

Bruno Hoffmann

16/07/2021 às 17:05  atualizado em 16/07/2021 às 17:16

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Fernando Alfredo é presidente do PSDB da cidade de São Paulo

Fernando Alfredo é presidente do PSDB da cidade de São Paulo | Ettore Chiereguini/Gazeta de S.Paulo

Criado na Brasilândia, bairro da periferia da zona norte da Capital, Fernando Alfredo hoje é presidente do PSDB da cidade de São Paulo, cargo que ocupa desde 2019. A sua trajetória começou quando ia acompanhar o pai, que fazia um bico de panfleteiro para a sigla, em campanhas eleitorais na década de 1990. Foi convidado por dona Lila Covas – esposa do ex-governador Mário Covas – a participar do Clube dos Tucaninhos. Lá, conheceu o adolescente Bruno Covas e nunca mais deixou a legenda.

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Há duas semanas, ele e seu grupo ganharam as manchetes dos principais jornais e portais do País por causa do início de confusão com militantes do PCO (Partido da Causa Operária) durante os atos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro na avenida Paulista. Ele garante que nada de grave aconteceu e que foi respeitado durante todo o ato pelos manifestantes de esquerda.

Nesta entrevista, Fernando Alfredo revela que deseja ser candidato ao Senado em 2022 e defende o governador João Doria e o prefeito Ricardo Nunes – que se trata, segundo ele, de um prefeito social-democrata. Ele também relembra as duas grandes perdas que teve neste ano: a da mãe, vítima da Covid-19, e do grande amigo e inspirador Bruno Covas. “Ele mostrou que é possível fazer política sem ódio”, exalta.

O que aconteceu na Paulista, durante a confusão com integrantes do PCO?

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Vou falar pelo que eu vi, pelo que me relataram, porque eu já estava na Consolação no momento do empurra-empurra. Tinha um grupo nosso da Diversidade Tucana, e mais algumas mulheres negras do partido, que ficaram para trás do carro de som. Havia uma bandeira do orgulho LGBTQIA+ e uma bandeirona do PSDB, umas oito ou 10 pessoas, quando viram um entrevero entre um senhor e uma senhora do PCO, e foram lá separar. Aí começou o empurra-empurra, e eles [do PCO] puxaram as duas bandeiras e ficaram em posse delas. E eu comecei a receber mensagens de jornalista para saber se teve briga, foram expulsos, e eu disse que não sabia, que estava na Consolação. E eu comecei a ver as imagens e via uma pessoa do PCO puxando a bandeira, a briga entre eles mesmos, eles empurrando eles. Era um pessoal de preto e um pessoal de vermelho. Não vi uma pessoa nossa. Comecei a ligar para o pessoal, e perguntei se machucou alguém. Me responderam: “Não, só teve empurra-empurra mas ninguém está machucado”. Aí começaram a perguntar se íamos para a próxima. E respondi que vamos para a próxima e para qualquer manifestação contra o Bolsonaro.

Houve outros problemas durante o ato?

Eu andei a Paulista de uma ponta a outra com a camisa do PSDB, sem nenhuma hostilidade, nada, zero. Nem xingamento de longe. Nada, nada. As pessoas estranhavam de ver o PSDB, olhavam estranho, mas mais nada além disso.

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Fernando Alfredo- presidente do PSBD da Capital - Ettore Chiereguini/Gazeta de S.Paulo

Boa parte dos partidos de esquerda também apoiou a participação de vocês, não?

Todos. A Gleisi Hoffmann [presidente do PT] no discurso dela parabenizou a gente estar lá, o [vereador Eduardo] Suplicy. No nosso carro de som passou o Orlando Silva [PCdoB], a Tabata Amaral [sem partido]. Ficou um palanque ali de quem estava com receio até de ir nos outros caminhões.

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Quantos tucanos foram ao ato?

No mapeamento de mobilização nós contamos 700 pessoas. É óbvio que alguns mais velhos foram mas não ficaram. Mas 700 pessoas foram lá.

A sua ala é um grupo de esquerda dentro do PSDB? Ainda há o Esquerda pra Valer [ala do partido fundada em 2007]?

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É importante essa pergunta. O PSDB não tem grupo de esquerda ou de direita. Nós temos 19 secretariados, e têm pessoas que são mais à direita e mais à esquerda. Eu, por exemplo, sou um cara radical de centro. O Esquerda Pra Valer surge em 2007 dentro do gabinete do deputado Bruno Covas, com o nosso grupo. O primeiro evento do Esquerda Pra Valer foi um colóquio num hotel do centro e trouxemos as lideranças do partido, Fernando Henrique, [José] Serra, Geraldo [Alckmin], Aécio [Neves], com cursos de formação política. Mas não era um grupo que puxava o partido para a esquerda, era um grupo que discutia política dentro do partido. Tanto é que ao longo do tempo o Esquerda Pra Valer se perdeu, por achar que a esquerda tinha que ser uma esquerda radical e não consoante com as questões orquestradas pelo partido. Por exemplo, o Esquerda Pra Valer foi fazer campanha para o Márcio França [PSB], não fez campanha para o Doria. Quando falo ser radical de centro, é a medida de ter muita maturidade de entender que quando o partido fecha questão com o candidato, você seguir essa orientação.

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Fernando Alfredo- presidente do PSBD da Capital - Ettore Chiereguini/Gazeta de S.Paulo

Mas é correto afirmar que Bruno Covas puxou o PSDB mais para a social-democracia, não?

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Sim, totalmente. É só ver o governo dele, como foi a campanha. E não é que tenha um descolamento do que o PSDB da cidade de São Paulo faz em relação às outras instâncias, é que na cidade de São Paulo a política é muito mais latente, é onde se vive o fervo da coisa, tudo acontece em São Paulo. Como todo partido político nós temos alas. Temos no PSDB 19 secretariados, e o que motivou a gente encorpar essa adesão às ruas [contra o Bolsonaro] foi o nosso secretariado, que estavam na ponta, já tinham ido às outras duas manifestações. Eu ouço as pessoas mais conservadoras do partido, respeito, mas a decisão é do colegiado. E sempre com muita conversa, muito diálogo. Eu não acredito em posições monocráticas.

Acredita que está virando o jogo do apoio do Congresso ao Bolsonaro?

O centrão vai sugar o Bolsonaro até o último minuto. Quando perceberam que não tem mais o que fazer ali, eles pulam fora. Cada dia que se abre o jornal é um escândalo novo. Essa omissão e conivência dele em relação às vacinas é algo avassalador. Não que não tivesse morrido muitas pessoas, mas poderiam ter morrido muito menos. Talvez minha mãe estivesse aqui ainda [dona Amélia morreu vítima da doença em março último, aos 52 anos]. E pega os maus exemplos dele: não usa máscara, nega a doença, faz aglomeração. É difícil. Em cima de todas essas bases que o PSDB da cidade de São Paulo se posicionou em relação a ir para as manifestações de rua. Eu entendo que a política nacional do partido tem outras variáveis, mas aqui na cidade, não. Aqui, os diretórios têm voz, têm participação ativa. Não é uma questão política, partidária ou ideológica. Nós estamos indo para a rua em defesa da democracia e a favor da vida.

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O sr. acredita que o prefeito Ricardo Nunes está mantendo o estilo Covas, como ele prometeu? O vereador Eduardo Suplicy (PT) já disse que ele está cedendo a pressões de bolsonaristas em algumas pautas.

Eu conheço bem o Ricardo, de quando ele ainda era vereador, e eu trabalhava como chefe de gabinete de outro vereador. O Ricardo é um conciliador. Ele não só está seguindo como seguirá todo o legado do Bruno.

O sr., então, confia nele nesse sentido?

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Totalmente. Incondicionalmente. O Ricardo é um amigo, independentemente de relação política. É um cara que eu gosto, tenho carinho, tenho respeito. Conheço antes de ser vice-prefeito e de ser prefeito, então posso falar com isso com muita tranquilidade. E na figura de prefeito está sendo o herdeiro legítimo do Bruno. Nas suas posições, na forma de lidar com a equipe, na forma do trato político, sempre muito cordial, muito respeitoso. Para você ter uma ideia, eu falo com o Ricardo dia sim, dia não, por mensagem. Eu ainda não fui oficialmente como presidente do partido lá, porque não tem essa necessidade. O governo é o mesmo.

É injusto dizer que ele está puxando a gestão mais para a direita?

Sim, imagina. O governo do Ricardo é um governo social-democrata. Olha o secretariado dele, olha as atitudes dele. O Ricardo é o melhor herdeiro que o Bruno poderia ter deixado na prefeitura.

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Há um rumor de que Geraldo Alckmin pode deixar o PSDB a qualquer momento. O sr. preferia que ele se mantivesse no partido?

O Geraldo é um dos principais quadros do PSDB no País. Foi o nosso último candidato à presidência da República. Eu tenho um compromisso de apoiar o [vice] governador Rodrigo Garcia se tiver prévias [ao Governo de São Paulo], mas entendo que do Geraldo não se pode e não se tem o direito de abrir mão. Enquanto eu estiver na presidência do partido não vou poupar esforços para que o Geraldo fique no partido, porque se ele disputar as prévias e ganhar será meu candidato a governador.

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Fernando Alfredo - Ettore Chiereguini/Gazeta de S.Paulo

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Mas acredita que ele vai sair do PSDB?

Não acredito. Ele falou comigo há cerca de dois meses que não sairia do partido.

Qual a sua visão sobre o Doria na política interna do partido?

Quando ele foi candidato em 2016 [à Prefeitura de São Paulo], apoiado por Bruno Covas, teve duas posições muito marcantes que me convenceram do Doria político. Primeiro foi a escolha do vice dele, o Bruno Covas, quando boa parte do partido não acreditava que ele deveria escolher um vice de chapa pura, e da mesma forma quando ele deu protagonismo ao Bruno no governo, como secretário das Subprefeituras. Ali o Bruno conseguiu chancelar um trabalho que certamente foi o pilar para ele assumir a prefeitura depois. O João é um sujeito que tem uma capacidade de trabalho enorme. Ele é um trabalhador, um cara que não mede esforços para atingir o objetivo coletivo. O Doria não tem ambição pessoal, até porque política é um processo coletivo. E ele foi eleito em dois processos de prévias e em duas eleições majoritárias. E hoje ele mostra ao Brasil o que é ser um gestor de verdade. Quando você faz política pensando na próxima geração, a questão da vacina, o enfrentamento ao Bolsonaro. Não é agora que ele está batendo no Bolsonaro. No segundo mês ele viu que esse governo não era aquilo que representava na eleição e ele já rompeu ali. João é um trabalhador.

Mas não era possível saber quem era o Bolsonaro no momento em que Doria lançou o Bolsodoria [durante a campanha ao Governo de São Paulo, em 2018]?

Não, porque naquele momento boa parte do País acreditou que o Bolsonaro era a saída contra o PT. E ele foi lá, foi com o Bolsonaro para as urnas, ganhou a eleição, e quando ele viu que Bolsonaro não cumpria com aquilo que ele prometeu, ele rompeu. O PSDB não tem compromisso com o erro. É até salutar e ético a gente assumir isso. “Ah, mas vocês apoiaram o Bolsonaro”. Parte do PSDB apoiou, sim, como o Doria. O PSDB deixou livre sua militância. Mas também soube reconhecer o erro ao dizer que erramos em apoiar o Bolsonaro.

O sr. tem a pretensão de concorrer ao Senado?

Há pelo menos uns dois anos venho levantado essa discussão de uma maior participação da militância no Senado. O PSDB tem dois senadores excelentes, José Serra e Mara Gabrili, mas o partido entende que o momento é de renovação. Inclusive, tiveram colocações duras em relação ao que eu havia dito em sobre o senador José Serra. Na verdade as minhas críticas foram internas em relação ao distaciamento dos senadores à militância do partido. O Serra e a Mara são quadros espetaculares dentro do PSDB, só que cada um com sua limitação de contribuição. E eu acho que o momento hoje vale ter no Senado uma representatividade mais ativa. Por exemplo, no momento em que o Serra se licenciou para ser ministro do Michel Temer e que o Zé Aníbal assumiu o Senado, aí a gente viu um revigor. Porque o Zé é um parlamentar de tribuna, de posição, então nós vimos as coisas avançarem. Quando o Serra voltou ao Senado, até por conta do Senado, a atuação ficou um pouco mais apagada, não menos representativa. São Paulo não pode ter senadores que não desçam na tribuna, que não discursem. Tem que ter atividade parlamentar. E é isso que a gente defende, e o meu nome está à disposição do partido. Se o partido entender que necessita de um militante para ser senador eu estou à disposição. Como também se entender que não é do jogo político.

Qual é seu candidato para presidência da República?

Meu candidato à presidência da República é o governador João Doria. João demonstrou a que veio, o que tem feito pelo País, então hoje dentro do PSDB, na minha opinião, é o melhor quadro que o PSDB tem para ganhar as eleições e voltar a governar o País.

Por fim, qual é o principal legado que o prefeito Bruno Covas deixou?

O principal legado do Bruno, além de ser um exemplo de administrador público, é que no momento de tanto entrevero na política entre os extremos, é que é possível fazer política sem ódio, é possível fazer política com amor.

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