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Cotidiano

Falta de chuva e outono mais seco da história acendem alerta de crise em SP

Nesta terça-feira, o volume total armazenado no conjunto de todos reservatórios da Grande SP era de 54,7%; em 2013, era de 65,1%; já em 2020 a capacidade era de 67%

Matheus Herbert

08/06/2021 às 14:20

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O Cantareira é o maior reservatório da Grande SP e abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas por dia

O Cantareira é o maior reservatório da Grande SP e abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas por dia | /NILTON CARDIN/AE/FOTO TIRADA EM: 26.12.2014

Os reservatórios de água que abastecem os municípios da Grande São Paulo estão passando pelo outono mais seco da história, e especialistas já temem uma possível nova crise hídrica. De acordo com dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em abril choveu apenas 7,45% da média – o Sistema Cantareira recebeu só 2,2 milímetros de chuva. Em maio, choveu 31,9% da média. Os índices são os mais baixos registrados pela companhia desde 2000. Na manhã desta terça-feira (8) o Cantareira operava com cerca de 49% de sua capacidade.

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Se compararmos o índice de todos os reservatórios (sete no total) que abastecem a região metropolitana de São Paulo e a Capital, a situação atual é bem parecida com a época pré-crise hídrica.

Nesta terça-feira, o volume total armazenado no conjunto de todos reservatórios da região era de 54,7%. Em 2013, era de 65,1%. Em 2020 a capacidade era de 67%, ou seja 12,3 pontos percentuais maior do que este ano. Os dados podem ser acessados no site (mananciais.sabesp.com.br/Situacao).

O Cantareira é o maior reservatório de água da região metropolitana e abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas por dia, 46% da população da região metropolitana de São Paulo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão que regulamenta o setor. O Cantareira faz parte de um sistema integrado composto por outros seis mananciais: Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço.

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Em julho de 2014, quando houve a crise hídrica, o Sistema Cantareira chegou a zero. Abaixo dele, havia o volume morto, que não foi projetado, originalmente, para uso.

 

Trata-se de uma reserva com 480 bilhões de litros de água situada abaixo das comportas das represas do Cantareira. A Sabesp passou a operar bombeando água do volume morto. Até então, essa água nunca tinha sido usada para atender a população.

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A princípio, a Sabesp nega haver risco de desabastecimento.

PREOCUPAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS.

Uma possível nova crise hídrica já começou a deixar os produtores rurais receosos. "O avanço da crise hídrica e as incertezas quanto ao aumento na conta de energia acenderam novo alerta para os agropecuaristas paulistas", diz Fábio de Salles Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).

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A preocupação com a crise hídrica faz redobrar a atenção com o uso de água e sua distribuição no campo, para que o abastecimento não seja interrompido ou fique refém das altas taxas de energia. "Os reajustes batem na cadeia produtiva e se estendem ao consumidor, que é quem compra carne no açougue e o arroz e feijão no mercado e fica com a conta final. A crise hídrica deve ser observada com atenção pelas autoridades e medidas deverão ser tomadas, como a revisão das altas taxas de energia, por exemplo, para não causar o encarecimento dos alimentos", explica Meirelles.

BRASIL.

O governo federal criou no dia 14 do mês passado uma sala de crise e deu início à discussão de um plano de ações para preservar água nos reservatórios das principais hidrelétricas e, com isso, evitar o risco de escassez de energia.

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Essas ações começaram a ser debatidas por um grupo que inclui representantes dos ministérios de Minas e Energia, Desenvolvimento Regional e Infraestrutura, além de órgãos como Agência Nacional de Águas (ANA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O plano de ações vai incluir medidas como redução da vazão de parte dos reservatórios, o que deve levar à suspensão temporária no tráfego de embarcações em algumas hidrovias, como a Tietê-Paraná.

O motivo da mobilização do governo é a situação dos reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por mais da metade da capacidade de geração do País.

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