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Cotidiano

Estudo revela que transplantados reagem à Covid-19 de forma desigual

Resultados indicam que infectados pelo vírus e que receberam transplante de rim podem se recuperar até melhor do que pessoas não-transplantadas

20/09/2021 às 18:06  atualizado em 30/09/2021 às 20:05

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 O 1º boletim da doença foi divulgado pela prefeitura em abril de 2020

O 1º boletim da doença foi divulgado pela prefeitura em abril de 2020 | Felipe Barros/Ex Libris/PMI

Um estudo conduzido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP), constatou que pessoas que passaram por um transplante de fígado e depois contraíram a COVID-19 tiveram recuperação mais rápida e processo inflamatório muito menor do que os transplantados de coração ou rim. Por vezes, esses pacientes evoluíram até melhor do que indivíduos não transplantados.

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Os pesquisadores analisaram a evolução do coronavírus em 39 receptores de órgãos. Desse total, 25 receberam transplante de rim, sete de coração e sete de fígado. Os dados foram comparados com os de outros 25 pacientes com COVID-19 não transplantados (grupo controle), separados por idade e sem comorbidades. Todos os participantes do estudo foram monitorados diariamente com o uso de biomarcadores de infecção pelo SARS-CoV-2 (nome técnico do coronavírus) para que a evolução da doença fosse acompanhada. Os voluntários foram divididos por órgão recebido, idade e tempo desde o transplante.

“Uma hipótese para essa evolução desigual da doença entre transplantados pode estar na diferente quantidade de imunossupressores utilizados para que o órgão não seja rejeitado”, diz à Agência FAPESP Ricardo Wesley Alberca, bolsista de pós-doutorado e autor do artigo.

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O pesquisador explica que transplantes de coração e rim exigem um uso maior de medicamentos imunossupressores que os transplantes de fígado, por exemplo. “Com isso, além de constatar que nem todo paciente transplantado reage de maneira igual à COVID -19, nosso estudo aponta para a possibilidade de testar determinados imunossupressores no tratamento da COVID-19, não necessariamente em paciente transplantado”, explica o pesquisador.

Alberca ressalta, no entanto, que a provável relação entre a quantidade de imunossupressores e a evolução da COVID-19 entre transplantados se trata apenas de uma hipótese, que ainda precisa ser investigada com maior profundidade.

“Esses pacientes recebem tratamentos de imunossupressão diferentes. Os transplantados de rim e de coração recebem uma imunossupressão muito maior que os transplantados de fígado. Inclusive, está sendo realizado um ensaio clínico, por um grupo de pesquisadores de fora do Brasil, com uma imunossupressão muito conhecida que é utilizada nos pacientes de fígado”, afirma.

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A hipótese dos pesquisadores da FM-USP é que uma leve imunossupressão durante a infecção pelo SARS-CoV-2 poderia, eventualmente, trazer bons resultados para o paciente. “Isso ainda precisa ser investigado, mas em tese essa imunossupressão poderia ser benéfica para casos de hiperativação do sistema imunológico, como ocorre na chamada tempestade de citocina típica da COVID-19 grave. Nesses casos, o organismo responde de maneira exagerada à infecção e isso acaba eventualmente sendo letal para os pacientes”, diz.

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