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Empresa diz ter dado vida à espécie com uso de DNA extraído de fósseis antigos | Reprodução/Colossal Biosciences
A imagem de três filhotes que supostamente seriam lobos-terríveis, espécie extinta há mais de 10 mil anos, foi divulgada pela empresa norte-americana de biotecnologia Colossal Biosciences, na última segunda-feira (7/4).
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Segundo a empresa, foram usadas modificações genéticas em lobos-cinzentos modernos com DNA extraído de fósseis antigos para gerar os animais que voltaram a pisar na terra após milhares de anos.
Apesar do resultado divulgado, cientistas afirmam que ainda é cedo para classificar o nascimento dos animais como uma conquista na missão de trazer à vida animais extintos.
A desconfiança surge porque o comunicado não foi publicado em revistas científicas nem revisado por cientistas independentes.
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Assim, a comunidade científica e especialistas têm dúvidas sobre o feito. Em entrevista à agência Reuters, o professor de Ecologia Global da Universidade Flinders, na Austrália, Corey Bradshaw afirmou que o animal não pode ser classificado como lobo-terrível verdadeiro, mas, sim, como um lobo-cinzento levemente modificado.
Uma reportagem da revista “Time” explicou que o feito da empresa não envolveu a recriação integral do DNA do lobo-terrível, mas uma edição genética do material de lobos modernos.
A alteração foi feita em cerca de 20 regiões do genoma para obter características da espécie extinta (tamanho, ombros e cabeça, dentes e mandíbulas maiores, pernas mais musculosas e vocalização característica).
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Ainda segundo o professor Corey Bradshaw, as alegações feitas pela Colossal precisam de provas robustas para grandes afirmações como essa. Ele ainda diz que na maior das hipóteses eles exageraram, ou, na pior, estão mentindo descaradamente.
O professor destacou que a degradação do DNA em fósseis inviabiliza a reconstrução completa de genomas de espécies extintas. Isso reduz drasticamente as chances de "desextinção".
Segundo o paleogeneticista Nic Rawlence, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, em entrevista à BBC News, os animais são classificados como “híbrido”, que seria algo entre as espécies lobo-cinzento e lobo-terrível.
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O pesquisador ressalta que o lobo-terrível, espécie extinta há milhares de anos, se separou evolutivamente do lobo-cinzento (ancestral dos lobos modernos) entre 2,5 milhões e 6 milhões de anos atrás.
Segundo ele, as duas espécies pertencem a gêneros biológicos distintos, o que indica diferenças genéticas profundas. Apesar disso, a empresa Colossal Biosciences afirma que com apenas 20 alterações em 14 genes teria conseguido criar algo próximo de um lobo-terrível.
Rawlence, no entanto, critica essa abordagem ao argumentar que mudanças tão pontuais, em um universo de aproximadamente 19 mil genes, não recriam as complexidades genéticas do lobo-terrível original.
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