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Cotidiano

Especialista defende educação financeira nas salas de aula de todo Brasil

Abordar questões financeiras nas instituições de ensino pode ser caminho para que as próximas gerações tenham uma melhor relação com o dinheiro

LG Rodrigues

20/09/2022 às 19:40

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Os números indicam que aprender sobre dinheiro nunca foi tão importante

Os números indicam que aprender sobre dinheiro nunca foi tão importante | Tania Rêgo/Agência Brasil

Desde 2020, conforme previsão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os currículos da educação básica – da Educação Infantil ao Ensino Médio – precisam abordar a educação financeira. O documento orienta que o tema seja trabalhado de forma transversal e integrado a outras disciplinas, como Matemática, Língua Portuguesa ou Ciências, possibilitando que crianças e jovens aprendam, desde cedo, a gerenciar finanças pessoais, elaborar planejamentos financeiros, investir, poupar e consumir de forma consciente.

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Os números indicam que aprender sobre dinheiro nunca foi tão importante. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, cerca de 77% da população brasileira estava endividada em 2021. O cenário é preocupante não apenas para o presente, mas também para as próximas gerações, já que grande parte da experiência financeira dos jovens é culturalmente herdada pela família.

O desafio de ensinar crianças e jovens a controlar os orçamentos domésticos, evitar dívidas e usar o dinheiro de forma adequada não é inédito. Antes da BNCC, o Brasil já contava com a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), política pública lançada em 2010. Mas mesmo depois de mais de uma década, o cenário que se tem ainda é delicado. O Pisa, um dos principais programas de avaliação de aprendizagem e desempenho escolar, mostrou que 53% dos alunos brasileiros estão abaixo do nível mínimo quando o assunto é conhecimento financeiro, índice que deixa o país atrás dos vizinhos Chile (38%) e Peru (48%). Há, portanto, ainda muito a ser feito. 

De acordo com Daniel Alberini, diretor de Gestão e sócio da gestora independente CTM Investimentos, a educação financeira também é assunto para ser abordado dentro de casa.
“Na escola ou em casa, com a família, a educação financeira deveria ser iniciada na infância. Isso significa, antes de mais nada, conhecimento. Munidas de informações e com as ferramentas necessárias para a tomada de decisão, as pessoas têm chances de reduzir a inadimplência, montar planejamentos financeiros viáveis e, como consequência, deixam de pagar juros desnecessários, têm mais poder de compra e constroem um futuro melhor para si”, explica o executivo.

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Para avançar nos próximos anos, o caminho é a formação de gestores escolares e professores, sendo que algumas iniciativas importantes já estão em andamento. O Programa Nacional de Educação Financeira nas Escolas, do Ministério da Educação em parceria com a Comissão de Valores Imobiliários, é uma delas. O objetivo do programa é capacitar 500 mil professores do 9º ano do Ensino Fundamental e da 1ª série do Ensino Médio de escolas públicas municipais, estaduais e militares de todo o país nos próximos três anos. O Banco Central também assumiu um compromisso com o tema, trabalhando com o programa Aprender Valor, que propõe projetos escolares de educação financeira para gestores escolares e oferece formações virtuais para educadores em três pilares estratégicos: planejar, poupar e gerenciar.

“Ter educadores mais preparados para trabalhar a questão da educação financeira é uma maneira muito promissora para formar crianças e jovens mais preparados para lidar com dinheiro. Quando o assunto é tratado com a importância que merece, a autonomia e a autoconfiança são estimuladas, além de favorecer decisões mais conscientes e responsáveis”, aponta Alberini.

E não são apenas as crianças que serão impactadas por esse esforço conjunto entre escola e sociedade. O histórico dos programas de educação ambiental e de trânsito já indicam que levar questões com relevância social para o ambiente escolar também pode influenciar e refletir no comportamento dos adultos, criando novos ciclos e promovendo transformações estruturais.

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