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Cotidiano
Cinema na rua Augusta foi colocado na Zona Especial de Proteção Cultural e, por ora, não será demolido; Nabil Bonduki celebra a 'luta' pelo espaço
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Espaço Itaú de Cinema - Anexo, na rua Augusta, região central de São Paulo | Reprodução/Google Street View
O Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura de São Paulo aceitou o pedido e colocou o anexo do Espaço Itaú de Cinema – que teve o fechamento das portas anunciado neste mês – na Zona Especial de Proteção Cultural (Zepec) de Áreas de Proteção Cultural (APC).
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Com isso, a expectativa é que o edifício não seja mais demolido para construção de um prédio comercial e se mantenha como cinema. A proteção se estende ao Café Fellini, instalado próximo à bilheteria.
Na prática, um novo edifício comercial pode até ser construído no espaço, desde que se mantenha o cinema e o café com suas características originais.
A Zepec-APC consta no atual Plano Diretor Estratégico de São Paulo, criado em 2015, e visa preservar teatros, cinemas de rua, circos e centros culturais que tenham valor afetivo e simbólico significativo para a Capital, mesmo que estejam instalados em edifícios sem relevância arquitetônica.
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Para o urbanista Nabil Bonduki, um dos idealizadores do Plano Diretor em vigor na cidade e que estava na briga para manter o espaço em pé, a decisão do DPH representa uma vitória para a cultura paulistana.
“Fico muito feliz por ter participado de todas as etapas desse processo: a luta pelo Belas Artes, a proposta da Zepec-APC no Plano Diretor, sua regulamentação em 2015, quando era secretário de Cultura, e agora, junto com a Associação dos Moradores de Cerqueira César, no movimento pela manutenção do Espaço Augusta de Cinema”, disse ele, em contato com a reportagem da Gazeta.
Segundo ele, a Zepec-APC é um “instrumento inovador” criado sob seu comando no Plano Diretor Estratégico. O primeiro espaço a usar a prerrogativa da Zepec-APC foi o Cine Belas Artes, que também correu o risco de fechar as portas, mas permanece aberto na rua da Consolação.
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Bonduki ainda agradeceu à Comissão de Enquadramento da Zepec-APC e à Secretaria da Cultura “que, em caráter de urgência, acelerou a tramitação do processo”.
“Depois desse passo fundamental, é necessário garantir seus desdobramentos para que os cinemas de rua não desapareçam de São Paulo”, completou o urbanista.
Entenda
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Em 16 de fevereiro deste ano, o Espaço Itaú de Cinema - Anexo anunciou ter realizado a sua última exibição. O espaço foi vendido para a incorporadora Vila 11, que pretende construir um prédio comercial no lugar.
O Café Fellini, instalado próximo da bilheteria, funcionaria até o dia 19. Já a sede da rede de cinemas, do outro lado da rua Augusta e que abriga salas maiores, será mantida.
Para Carlos Augusto Calil, presidente do Conselho de Administração da Sociedade Amigos da Cinemateca, o fechamento do espaço terá um impacto muito negativo "no já escasso território da exibição de cinema de rua. São pouquíssimos os remanescentes dessa atividade, em que se destaca o Espaço Itaú de Cinema - Augusta".
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Segundo uma fonte à coluna, porém, o Conpresp “está apenas ignorando o pedido de tombamento”.
Suplicy tentou reverter
O ainda vereador e deputado estadual eleito Eduardo Suplicy (PT) enviou em 9 de fevereiro uma carta a entidades de preservação do patrimônio histórico para tentar reverter o iminente fechamento do Espaço Itaú de Cinema - Anexo.
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Na missiva enviada para o Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) e para o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), Suplicy reforçou a relevância do espaço de cinema e do Café Fellini, que faz parte do local.
"O Cine Café Fellini é bastante frequentado e querido pelos cinéfilos paulistanos, e está situado em um casarão da década de 1950 e foi aberto na década de 1990", diz ele.
Ele também destacou que o Anexo era parte integrante do Instituto Goethe nas décadas de 1960 e 1970, com exibições de filmes alemães, e depois se tornou uma casa para exibição de títulos brasileiros sem espaço em salas comercial.
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Por fim, o petista solicitou "urgentemente aos órgãos competentes a análise da situação e a proteção deste bem tão importante à memória da cidade".
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