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Cotidiano
O enterro gerou especulações de que o grupo empresarial do político republicano poderia pedir a redesignação do local como cemitério, o que garantiria isenções fiscais
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Donald Trump | Shealah Craighead
Morta em Nova York no último dia 14, a primeira mulher de Donald Trump, Ivana, foi enterrada dias depois em uma propriedade do ex-presidente dos EUA em Bedminster, Nova Jersey. Veículos como o jornal britânico The Guardian analisam agora os motivos que podem ter levado ao sepultamento em um campo de golfe.
Neste fim de semana, ganharam corpo especulações de que, após o enterro, o grupo empresarial do político republicano poderia pedir a redesignação do local como cemitério, o que garantiria isenções fiscais –em um estado com alta tributação imobiliária.
No sábado (29), a professora de sociologia da Faculdade Dartmouth Brooke Harrington, que estuda o tema, escreveu sobre o caso no Twitter e disse que, em tese, uma operação do tipo seria possível.
O código fiscal de Nova Jersey determina que firmas que administram cemitérios sem fins lucrativos estão isentos do pagamento de impostos sobre imóveis, heranças e administração empresarial -além de imposto de renda.
Segundo documentos publicados e analisados por Harrington, a legislação designa essas empresas como "qualquer pessoa física, corporação, sociedade, associação ou outra entidade pública ou privada que possua, opere, controle ou gerencie terras ou locais usados ou dedicados a enterros de restos humanos". Não há menção sobre uma quantidade mínima de corpos que devam estar sepultados para que se obtenha essa classificação.
Até onde se sabe, Ivana seria a primeira pessoa a ser enterrada na propriedade de Bedminster, que foi consagrada, segundo o jornal The New York Times, para que o rito católico pudesse ser seguido. Imagens do que seria o local do sepultamento também circularam nas redes sociais -"um triste e pequeno pedaço de terra", como definiu Harrington, próximo ao buraco número 1.
O clube de golfe de Trump, para onde ele costuma ir no verão acompanhado da família, tem 2 km².
As especulações sobre a redesignação do local em cemitério se deram também devido a projetos anteriores do ex-presidente. A ProPublica, organização de jornalismo investigativo, noticiou que tempos atrás a família tentou mudar a classificação de uma propriedade em Hackettstown, também em Nova Jersey.
E, em relação a Bedminster, há documentos de sua empresa em que ele declararia o desejo de ser enterrado lá. Reportagem de 2017 do jornal The Washington Post reviu estudos que as empresas do político fizeram para o local: primeiro um mausoléu grandioso para Trump, que recebeu críticas de moradores da região; depois um cemitério com mais de 1.000 sepulturas; mais tarde um cemitério familiar; então, um familiar e outro com 284 sepulturas.
Ainda a respeito de isenções fiscais, o texto do Post diz que a propriedade já teria benefícios do tipo, ao ter a designação de fazenda, por causa de uma produção localizada de adubo. Certo é que, por enquanto, nenhum projeto de cemitério saiu do papel no local, nem há notícia de que a reclassificação tenha sido solicitada.
Ivana Trump, 73, morreu em casa ao sofrer um trauma causado por uma queda acidental. Nascida sob o regime comunista da antiga Tchecoslováquia, ela se mudou para os EUA, onde trabalhou como modelo, escritora e empresária.
Ela e o ex-presidente se casaram em 1977 e tiveram três filhos: Donald Jr., Ivanka e Eric. Na década de 1980, Ivana teve papel importante na construção dos negócios da família e da imagem do ex-presidente. Eles se divorciaram em 1992.
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