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Cotidiano

Em pior momento da pandemia, apenas 1 hospital de campanha está aberto

Após investimentos milionários em 4 hospitais de campanha na Capital em 2020, só o de Heliópolis foi reaberto neste ano

Bruno Hoffmann

02/03/2021 às 10:44

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Hospital do Heliópolis foi instalado para atendimentos a pacientes contaminados pelo Covid-19

Hospital do Heliópolis foi instalado para atendimentos a pacientes contaminados pelo Covid-19 | /governo do estado de são paulo

Neste momento, apenas um hospital de campanha está em funcionamento na cidade de São Paulo, em uma unidade do AME (Ambulatório Médico de Especialidades), em Heliópolis, na zona sul da Capital, com 44 leitos disponíveis. Uma realidade diferente da vivida entre maio e agosto do ano passado, quando a Capital tinha quatro hospitais de campanha em atividade, com potencial para mais de 2 mil leitos, entre enfermarias e UTIs. Com um fato importante: agora, no início de março, São Paulo vive o pior momento da pandemia, com recorde de número de casos e mortes pela doença.

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As taxas de ocupação dos leitos de UTI estavam no início desta semana em 74,3% na Grande São Paulo e 73,2% no Estado, a maior desde o primeiro caso da doença, em fevereiro do ano passado. Neste momento, 8.701 pacientes estão internados pela Covid-19 em enfermaria e 7.276 em unidades de terapia intensiva. Em julho foi o maior número de internados em UTIs no ano passado, quando 6.257 pessoas estavam nessa situação.

Leia mais:

De acordo com apuração da Gazeta, a gestão João Doria (PSDB) deve anunciar o aumento de leitos de UTI nesta quarta-feira, só que dentro de instituições de saúde, e não mais em grandes espaços provisórios.

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“A gente nunca descartou abrir hospitais de campanha, só que os moldes de hospitais de campanha neste momento são diferentes daqueles, que a gente precisava de enfermaria. Hoje nós precisamos de UTIs. Dessa maneira, as estruturas dos hospitais de campanhas vão acontecer dentro das estruturas dos hospitais”, disse nesta segunda-feira (1º) o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.

Há uma percepção atual do Governo de São Paulo que todas as equipes médicas precisam ser compartilhadas para outras ocorrências, como acidentes automobilísticos e tratamento de outros males de saúde, o que ocorria menos no início da pandemia no ano passado por haver um respeito maior à quarentena.

“Quem está crescendo tanto quanto a Covid são formas graves de outras doenças, como aneurismas, infartos, além de acidentes automobilísticos, e isso também divide equipe. Eu não tenho uma assistência só ao Covid quando a gente falava ‘fica em casa’, e ninguém era atropelado, ninguém batia o carro. Hoje, infelizmente, isso tem acontecido”, disse Gorinchteyn.

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Estruturas provisórias
O primeiro hospital de campanha aberto na Capital foi instalado em 6 de abril dentro do estádio do Pacaembu, na zona oeste, com custo inicial previsto de R$ 28 milhões – e, segundo a prefeitura, o custo final ficou em R$ 23 milhões, incluídos tanto o investimento quanto o custeio, ao ser fechado por número muito baixo de pacientes, em junho.

O hospital contava com 200 leitos, sendo 16 deles de estabilização. Além dele, a prefeitura também criou o hospital de campanha do Anhembi, na zona norte, com capacidade para até 1,8 mil leitos de baixa complexidade.

Além das duas unidades, o Governo de São Paulo abriu outros dois hospitais temporários na cidade: em Heliópolis e no Ibirapuera, ambos na zona sul da capital paulista. Todas as unidades foram fechadas até setembro, e a unidade de Heliópolis foi reaberta em janeiro deste ano.

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Os hospitais de campanha, principalmente o do Anhembi, foram alvo de polêmicas, principalmente por deputados estaduais e vereadores da oposição, que julgavam que a estrutura era grande demais para o baixo número de atendimentos. No dia 4 de junho, um grupo de deputados e assessores entrou na unidade de saúde para, segundo eles, verificar o funcionamento da instituição.

De acordo com vídeos em redes sociais, houve um início de confusão entre os parlamentares e seguranças do Anhembi no começo e, depois, os deputados, já dentro da instituição de saúde, mostraram algumas alas do hospital vazias, conversaram com pacientes e disseram que os investimentos no local representariam um mau uso do dinheiro público.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde disse que os deputados e assessores “invadiram” o hospital de campanha do Anhembi “de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente”. A secretaria municipal também disse que parte desse grupo estava sem EPIs (equipamentos de proteção individual) inicialmente, colocando em risco os pacientes em tratamento na unidade.

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Estiveram no hospital os deputados estaduais Coronel Telhada (PP), Letícia Aguiar (PSL), Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT) e Sargento Neri (Avante).

Naquele momento, de acordo com apuração da Gazeta, o hospital de campanha do Anhembi estava funcionando com cerca de 48% da sua capacidade. Em 2 de junho havia 422 pacientes para 871 leitos disponíveis. Já o hospital de campanha do Pacaembu, na zona oeste, tinha 110 internados, o que representava uma ocupação de 55%.

O investimento inicial para a montagem da estrutura no Anhembi foi de R$ 7,5 milhões. O custo mensal de manutenção, até 1º de agosto, era de aproximadamente R$ 28 milhões. Com o fechamento parcial dos leitos, o custo mensal de manutenção caiu para, aproximadamente, R$ 9 milhões por mês.

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A Gazeta entrou em contato com a Prefeitura de São Paulo para saber sobre a eventual reabertura dos hospitais de campanha, mas a gestão municipal não respondeu até o fechamento deste texto. Em outras ocasiões, porém, o prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que durante a pandemia a gestão municipal colocou para funcionar oito hospitais (novos ou que estavam desativados antes da crise do novo coronavírus), o que possibilitou um aumento de leitos em unidades permanentes, diminuindo a necessidade dos hospitais de campanha.

Atualização: após o fechamento deste texto, a Prefeitura de São Paulo entrou em contato com a reportagem da Gazeta. Veja a nota da gestão municipal abaixo, na íntegra:

"A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, informa que devido ao aumento significativo do número de casos da Covid-19 na cidade de São Paulo, a administração municipal, por meio da área de gestão hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), implantou a partir desta segunda-feira (01/03) mais 100 leitos de UTI e 24 leitos de enfermaria exclusivos ao acolhimento e tratamento de pacientes diagnosticados com a Covid-19 no município. Desde o início da pandemia, oito novos hospitais passaram a funcionar.

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 Vale destacar que a administração municipal atuou de maneira emergencial na ampliação de leitos. Antes da pandemia, a cidade contava com 507 leitos de UTI e, no auge da pandemia, alcançou 1.340 leitos. Atualmente, a cidade dispõe de 26 hospitais municipais, sendo oito deles entregues à população durante a pandemia, como o Brigadeiro, Brasilândia, Bela Vista, Capela do Socorro, Guarapiranga, Sorocabana, Parelheiros e Santo Amaro, além da chegada de novos respiradores entregues pelo governo estadual. Já no Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch (M'Boi Mirim), uma unidade anexa foi construída e 100 leitos foram incorporados à operação do hospital e permanecerão após o fim da pandemia para uso dos moradores da região.Foi essa estruturação da rede que permitiu que os hospitais de campannha fossem encerrados.

Até a data de seus fechamentos, os HMCamp Anhembi e Pacaembu atenderam a um total de 7.868 pacientes - sendo que, destes, 6.500 tiveram altas, 1.317 foram transferidos para outros hospitais e 35 infelizmente vieram a óbito.

O HMCamp do Anhembi, que funcionou de 11 de abril a 8 de setembro, teve um investimento inicial de montagem de R$ 7,5 milhões. O custo mensal de manutenção, até 1º de agosto, era de aproximadamente R$ 28 milhões. Porém, com o fechamento parcial dos leitos, o custo mensal de manutenção caiu para, aproximadamente, R$ 9 milhões por mês. A estrutura do HMCamp Anhembi foi criada para receber até 1.800 leitos. Porém, por demanda, foram utilizados 871 leitos, sendo 807 de enfermaria e 64 de estabilização. É importante reforçar que os pagamentos só eram realizados pelos leitos utilizados, não onerando o erário por leitos não utilizados. A maior taxa de ocupação do HMCamp Anhembi foi de 67% em 16/05, com 584 pacientes internados. Até seu encerramento, o Anhembi atendeu 6.353 pacientes, sendo que 5.281 receberam alta, 1.024 foram transferidos para outros hospitais e 32 óbitos foram registrados, lamentavelmente.

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O HMCamp Pacaembu funcionou de 6 de abril a 29 de junho. Para seu funcionamento, foram investidos R$ 23 milhões. Destes, R$ 7,1 milhões em equipamentos foram doados pela OSS Einstein após o seu fechamento para três hospitais municipais da Zona Leste: São Miguel, Cidade Tiradentes e Itaquera. O hospital operou com 200 leitos, sendo 16 de estabilização. Sua maior ocupação foi em 12 de maio, com 84%. Assim como o HMCamp Anhembi, os leitos não utilizados não geravam despesas à administração municipal. O Pacaembu atendeu 1.515 pacientes, sendo que 1.219 receberam alta, 293 foram transferidos para outros hospitais e 3 infelizmente vieram a óbito".

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