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Cotidiano
Ruas do Centro Histórico de São Paulo, como Direita, São Bento e Libero Badaró, seguem sofrendo com queda de frequentadores e fechamento de comércios
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Rua Direita, no Centro Histórico de São Paulo | Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo
Nos cerca de 400 metros da rua Direita, no centro histórico de São Paulo, não se veem mais "vitrines coloridas" e "um movimento intenso", como diz a música consagrada pelos Originais do Samba na década de 1970. Pelo contrário. Neste momento há pelo menos 17 comércios com as portas baixadas boa parte com a placa de "aluga-se". O centro vive um de seus piores momentos - senão o pior.
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A reportagem da Gazeta visitou a via nesta semana - além de outras da região - e presenciou os portões de ferro baixados e comerciantes desanimados. Boa parte dos comércios resistentes é de unidade de grandes redes, como Americanas, McDonald's e Oxxo.
Os motivos da decadência, de acordo com comerciantes ouvidos pela reportagem, são o crescimento da frequência de usuários de drogas, a saída dos escritórios comerciais para outros lugares da cidade e o aumento do home office. As vias estão a poucos metros da sede da Prefeitura de São Paulo e do Vale do Anhangabaú.
"Sou dedicado ao comércio desde pequeno, então sobrevivo na raça. Mas está difícil. Tive que diminuir o número de funcionários", disse Antônio César Alves Monteiro, responsável pela ACA Monteiro, loja de malas e bolsas na rua Direita.
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Quando a reportagem visitou o estabelecimento, ao meio-dia de uma terça, havia apenas um cliente procurando por mochilas no comércio.
Ele afirmou que a região viveu "uma espécie de faroeste" há cerca de um ano. "Estava feio o negócio. Tinha de 60 a 70 assaltos por dia". Hoje, disse, o policiamento aumentou bastante, mas a falta de circulação de clientes continua sendo um problema.
Ele também, de forma esperançosa, disse confiar nos planos do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para trazer o centro de volta aos seus melhores momentos.
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"O governador e o prefeito estão reanimando as pessoas a voltarem ao centro. Quem vem de fora quer conhecer o centro, frequentar os pontos históricos. Confio que vai dar certo".
Segundo ele, a imprensa também tem parcela de culpa pelo sumiço do movimento pelo centro histórico. "A imprensa começou a divulgar muito sobre o índice de assalto, o pessoal ficou assustado, com medo, e deixou de vir", analisou ele.
"Tudo piorou depois da pandemia. Falta segurança. Nunca vi o centro tão inseguro quanto agora. O centro está largado", disse o comerciante Ricardo D'Agosto, responsável pelo chaveiro Dr. Das Fechaduras, localizada em uma galeria da rua São Bento.
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Aos 58 anos, D'Agosto trabalha na região há 43 anos. O avô dele fundou a loja na região em 1935. Ele disse que a rua São Bento é uma espécie de divisão que simboliza a decadência na região.
"Aqui ainda estamos resistindo. Mas da São Bento para cima está tudo fechando, baixando as portas", afirmou.
Segundo ele, hoje o seu faturamento é 60% menor de 2019, antes da pandemia.
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O comerciante acredita que os planos do prefeito Ricardo Nunes podem melhorar a região, "se a oposição não impedir".
Já um outro comerciante, da rua Líbero Badaró, que preferiu não se identificar, confirmou o fechamento rápido dos estabelecimentos.
"O centro deu uma caída grande. A São Bento deu uma melhorada, mas nada demais. Aqui na Líbero Badaró também melhorou um pouquinho, mas até um ano atrás estava bem ruim. Já a rua Direita está aquilo lá que você viu..."
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A Prefeitura de São Paulo anunciou uma série de medidas para revitalizar o centro de São Paulo. Uma delas é o Bonde São Paulo, um sistema de VLT - aos moldes do que existe no Rio de Janeiro - para conectar os principais pontos da região central, da Estação da Luz ao Brás.
Já o projeto mais ambicioso do Governo de São Paulo é o de transferir a sede da gestão estadual do Palácio dos Bandeirantes, na zona sul, para a avenida Rio Branco.
O local, no bairro dos Campos Elíseos, já abrigou a sede do governo estadual de 1915 a 1967. A região fica a menos de um quilômetro do fluxo da cracolândia.
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A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública e a prefeitura sobre o incentivo ao comércio e a insegurança no centro.
Leia, abaixo, a resposta da prefeitura:
"A Prefeitura de São Paulo atua em várias frentes para apoiar o comércio e revitalizar a região central, como a oferta benefícios fiscais para quem busca investir ou ampliar os seus negócios, que inclui a isenção parcial no IPTU; isenção de taxas municipais; redução no ISS para obras em estabelecimentos já existentes e futuros estabelecimentos; procedimentos simplificados, entre outros.
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A administração municipal ainda disponibilizou R$ 170 milhões para micro, pequenos e médios empresários que já estão em atividade ou querem abrir seu negócio, principalmente no Centro Histórico de São Paulo, além da redução de taxas. A criação do AIU do Setor Centro também busca incentivar novos residentes a se mudarem para a região para aumentar o movimento e criar um ambiente propício para investimentos. Há ainda o incentivo ao turismo, que resultou no aumento de 692,39% no número de frequentadores nos Centros Culturais Vila Itororó, Galeria Olido, Memória do Circo e Referência da Dança que ficam na região central, em 2023 com relação a 2022.
Somente na área central, foram expedidos 184 alvarás de obras para novos comércios aprovados, entre 2021 e 2023. No mesmo período, 47.849 empresas transferiram sua sede para a cidade. Destas, 5.828 se fixaram na área da Subprefeitura Sé. Os números são resultados de medidas do município que tiveram como objetivo estabelecer uma carga tributária apta a proporcionar a retenção e atração de contribuintes com alta mobilidade, garantindo a geração de empregos e renda.
A região ainda conta o Smart Sampa, maior sistema de monitoramento de vias públicas da cidade com mais de 8 mil câmeras em operação na cidade. A Guarda Civil Metropolitana também ampliou o patrulhamento comunitário na área central. É importante ressaltar que as políticas públicas de segurança são de responsabilidade da Secretaria da Segurança Pública".
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