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Cotidiano
Esta é a esperança do prefeito Ademário Oliveira, que acredita que o trabalho planejado nestes últimos anos de governo levará Cubatão a um outro patamar; confira trechos inéditos da entrevista feita com o chefe do Executivo no estúdio do Diário Kiss
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Prefeito de Cubatão, Ademário Oliveira | Nair Bueno/DL
Cubatão completa 74 anos de emancipação político-administrativa neste domingo, dia 9 de abril. Para falar sobre os avanços e os próximos passos da Cidade, o Diário do Litoral entrevistou o prefeito Ademário Oliveira. É dele a esperança sobre o futuro da Cidade, com a prospecção de que Cubatão estará entre as melhores cidades para se viver da Baixada Santista, além de ser a primeira a zerar o déficit habitacional em 10 anos. Confira trechos da conversa que aconteceu ao vivo no Diário Kiss e questionamentos inéditos feitos pela reportagem ao chefe do Executivo:
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Diário do Litoral - Cubatão passou por muitas mudanças ao longo das décadas, principalmente na percepção das pessoas que não conhecem ou não moram na Cidade. Quais são as grandes vitórias destes 74 anos de história?
Ademário Oliveira - Nós temos avanços significativos. Em Cubatão, nós temos um histórico muito ruim. Um esquema de revezamento, um pintava de verde, outro pintou de amarelo. Ficamos assim por muitos anos e não tivemos políticas públicas contínuas. Cubatão até a década de 90 não cobrava IPTU. O imposto que é grande mola propulsora de arrecadação. Em Praia Grande, por exemplo, 30% do PIB vem do IPTU. Você imagina dispensar o IPTU. Os governantes da Cidade não traduziram a riqueza do Polo Industrial em bem social. É inadmissível que Cubatão, que tem um dos maiores polos petroquímicos, tenha uma das maiores comunidades periféricas da Baixada Santista, que é a Vila Esperança, com 35 mil pessoas. Faço esta introdução para falar sobre o que esperar do futuro. Eu fiz a lição de casa. Governar é um desafio. Precisamos estancar esta governança maldita, onde as pessoas utilizam todo o dinheiro público achando que bancar os benefícios e privilégios ao servidor público traria uma perpetuação do poder. Um erro com sequelas horríveis. Nós tivemos que tomar medidas drásticas quanto a isso e você se torna um vilão. O servidor tem a sua importância e nós faremos o melhor por eles dentro das nossas perspectivas, mas não podemos através de dinheiro público tentar definir uma eleição e esquecer de governar para quem está na ponta, que são os cidadãos. A cidade cresceu. Em 90, nós éramos 70 mil e hoje somos 140 mil. Uma hora esta bolha de usar o dinheiro público para se perpetuar no poder ia explodir. Estancamos isso e Cubatão resgatou sua capacidade de investimento. Hoje é gratificante falar que só de superávit e ISS, temos em torno de R$ 280 milhões, com capacidade de investimento. Chegamos a 70% de rejeição, mas fomos reeleitos. E agora colocamos a cidade no eixo.
DL - Cubatão passou por muitas transformações, mas viveu muitos anos sob a sombra do Vale da Morte. Como o senhor vê o futuro?
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Ademário - Estou muito otimista. Nós planejamos. A Vila Esperança terá R$ 1 bilhão de investimento em urbanização. Os bairros Cota, com o programa Serra do Mar, foram extintos. Ficando somente 70% da 200 que foi totalmente urbanizada. A cidade não terá nenhum avanço se você não integrá-la. E nós temos duas 'cidades' às margens: 35 mil pessoas na Vila Esperança e 18 mil na Vila dos Pescadores. Duas cidades vivendo clandestinamente do ponto de vista de arrecadação. Com a urbanização da Vila Esperança, com obras iniciadas, produzindo 1010 unidades e rodovia perimetral, em 10 anos, Cubatão tende a não ter mais favela. Vai ser a primeira cidade a zerar seu déficit habitacional. Vila Esperança e Vila dos Pescadores não são remoções e sim consolidação, vamos levar infraestrutura de bairro e legalizar. Faremos uma urbanização de forma gradativa. O Pilões é o único núcleo que não é passível de reurbanização, mas com as sobras de unidades em conjuntos habitacionais, consigo resolver esta questão. Posso te assegurar que com obras de infraestrutura, podemos prospectar o futuro. Em 10 anos, Cubatão será a quarta melhor cidade da Baixada Santista para se morar.
DL - Falamos muito sobre vandalismo em próprios públicos, principalmente no novo Píer do Jardim Casqueiro. Como o senhor pretende resolver este
problema?
Ademário - Cubatão tem o maior patrulhamento policial da Baixada Santista, proporcionalmente. Com a criação da Guarda Municipal, são 60 homens nas ruas. Além disso, tem 32 agentes em Operação Delegada, doamos 10 novas viaturas para a Polícia Militar. Por outro lado, a ostensividade não tem sido eficiente em combater os pequenos furtos e vandalismos. O que nós estamos investindo agora. A nossa sede de monitoramento, que ficava ali no Centro de Processamento de Dados, vai ter o padrão Praia Grande. Isso quem diz é a própria promotora do Gaema, que está acompanhando todas as instalações. O nosso sistema de monitoramento vai ser moderno, já com licitação publicada. Nós teremos inicialmente 600 câmeras para os próprios públicos e 750 câmeras de rua, com reconhecimento facial. É um investimento robusto em sistema de monitoramento. Não dá para investir em segurança patrimonial sem monitoramento. Um agente na porta não consegue monitorar uma escola do tamanho do Lorena, por exemplo, que tem mais dois quarteirões. A tecnologia será a melhor aliada.
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DL - Recentemente, Cubatão inaugurou o Quilombo Racnegê. Muito interessante, porque aqui na Baixada Santista há uma dificuldade de difundir a cultura africana, e Cubatão saiu na frente lançando um espaço para estudo. O senhor tem a esperança que isso possa ser um exemplo não só para as cidades vizinhas, mas para o Estado e para outras cidades, sobre como é necessário conversar um pouco mais sobre cultura e sobre história racial?
Ademário - Sim. Na verdade, foi uma emenda parlamentar do então deputado Alexandre Padilha, depois tornou-se ministro das Relações Institucionais. É uma iniciativa muito bacana, instalada dentro do Instituto Federal, que vai propagar a nível de cidade e preservar o autor da criação do programa, mas também implementações políticas para divulgarmos a história do Brasil e poder mitigar todos esses impactos que nos últimos anos se potencializou, fez um mal terrível esse processo de desintoxicação da desinformação. O Zeca, nosso secretário de Cultura, tem investido muito nisso. Nós temos emendas impositivas, que é uma ferramenta do parlamentar, que facilita muito essa contratação para os pequenos planos de trabalhos e para divulgar. Nós vamos continuar investindo porque são políticas públicas permanentes e não políticas públicas sazonais. Claro que inaugurar o quilombo no Instituto Federal é bem atípico, mas estamos trabalhando porque nós também entendemos que só através de políticas públicas, a gente pode estancar um pouco essa política de ódio e de segregação.
DL - A gestão do Hospital de Cubatão foi recentemente trocada. Agora entrou a organização "Caminhos de Damasco". Toda vez que há uma troca, há um aumento nas reclamações e uma quebra no serviço oferecido. Como que o senhor vê esta transição e como fazer com que esta troca prejudique menos o cidadão?
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Ademário - Eu também não sou a favor da troca de OS. Nós tínhamos a Fundação, foi dada concessão por cinco anos, prorrogada por mais cinco. Eles optaram por não permanecer, não restando outra alternativa ao poder público em fazer o chamamento. Os serviços eram contínuos antes das terceirizações, efetivados por servidores de carreira e aí não se tinha a figura da troca do contrato administrativo. Então, inevitavelmente, a cada cinco anos vamos passar por esse transtorno. Nós fizemos uma emergencial, em função da essencialidade do serviço. Mandamos editais para mais de 20 empresas e quem ganhou a habilitação foi a Caminho de Damasco, que tem experiência, gere grandes hospitais de São Paulo. A transição até o momento tem sido saudável. E nós vamos acompanhar de perto, com todo nosso staff, para que a gente mitigue qualquer impacto no que diz respeito a essa mudança de instituição. Mas, infelizmente, a mudança no contrato a cada cinco anos é inevitável.
DL - O prefeito falou sobre as obras na Ilha Caraguatá e temos reportagens tratando sobre as remoções de algumas famílias na Rua Cubatão por conta das obras no bairro. Como vai ficar a situação dessas famílias?
Ademário - A Ilha Caraguatá tem o espaço onde está sendo implantado cerca de 700 unidades habitacionais que o Governo do Estado está construindo para contemplar o Programa Serra do Mar, porque tem muita gente ainda no auxílio-aluguel, oriunda das remoções dos bairros Cota. Quando o Estado iniciou a construção do novo conjunto, ele elevou a cota. Não dá mais pra você construir como a Ilha foi construída, na cota zero. Então, o conjunto habitacional foi construído em uma cota no ponto de vista de topografia ideal, suportando o aquecimento global daqui a trinta anos. Com isso, a elevação da cota para construção do conjunto, o entorno acabou ficando afogado. Porque se tem que fazer o conjunto, mas tem que dizer para onde vai a água oriunda do escoamento pluvial. Foi aí que surgiu o projeto feito pelo DAE (Departamento de Água e Energia do Governo do Estado) e a Rua Cubatão seria o melhor caminho para abrir um canal e conectar o deságue lá no mangue. Só que a Rua Cubatão tem quase 79 moradias consolidadas. Quando o DAE anunciou que ia construir esse projeto, quando chegou ao nosso conhecimento, nós peregrinamos ao Governo do Estado dizendo que existiam moradias no local com trinta anos de instalação e questionamos se eles iriam demolir mesmo tudo isso. Foi aí que se criou uma nova discussão para um novo projeto que, provavelmente na semana que vem, a gente deve recorrer ao Governo do Estado para ver se a gente busca, do ponto de vista da engenharia, alguma rota alternativa para o curso d'água. Eu não comungo da ideia de retirar essas famílias da Rua Cubatão. A ideia é zerar o déficit habitacional da Cidade e eu vou criar mais déficit habitacional?
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DL - Ano que vem é seu último ano como prefeito. O senhor tem planos para depois disso?
Ademário - Não tenho. Vou trabalhar incansavelmente para fazer um sucessor para não interromper os trabalhos. Acho que Cubatão não merece.
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