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Cotidiano
Boulos e Nunes lideram disputa na cidade, em uma reedição da polarização dos últimos anos; Tabata, Kim, Marina e Salles podem embaralhar o cenário
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Ricardo Nunes e Guilherme Boulos lideram as pesquisas para a Prefeitura de São Paulo | Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo; Divulgação
As eleições para a Prefeitura de São Paulo de 2024 devem ser uma das mais intensas da história da Capital. Uma evidência é que as discussões relacionadas ao pleito já se iniciaram, faltando quase um ano para os paulistanos irem às urnas.
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As pesquisas mais recentes mostram que os favoritos para conquistarem uma vaga ao segundo turno são o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), num prolongamento da polarização política entre esquerda e direita que marcou as últimas disputas eleitorais no País.
Outros nomes de destaque neste momento são os deputados federais Tabata Amaral (PSB), Kim Kataguiri (União Brasil) e Ricardo Salles (PL), além da economista Marina Helena (Novo).
Nunes é o pré-candidato mais atuante por ora em relação ao pleito de 2024. Na semana passada, o mandatário voltou a pedir publicamente pelo apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por conselho do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que considerava que Nunes estava muito evasivo sobre a vontade de ter Bolsonaro em seu palanque.
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O desejo por Bolsonaro tem três principais propósitos: os votos dos bolsonaristas, a manutenção do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em sua campanha e o enfraquecimento da pretensão de Ricardo Salles em ser o pré-candidato de Bolsonaro na cidade de São Paulo – e, assim, dividir ainda mais os votos da direita.
Em entrevista à Gazeta na última semana, em um discurso claro e estratégico, Nunes afirmou: “Desejo o apoio do presidente Bolsonaro. É muito importante a gente ter o centro e a direita unidos para vencer a extrema esquerda’, disse, em referência a Boulos.
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O emedebista também voltou a destacar o bom relacionamento que tem com Tarcísio, após o governador dizer que não se oporia a Bolsonaro caso o ex-presidente queira apoiar outro nome na Capital. Há quem aposte, porém, que Bolsonaro e Tarcísio possam romper no próximo ano por causa das eleições paulistanas.
Aos eleitores, Nunes pretende mostrar um centro da cidade requalificado (apesar da questão da cracolândia minar essa pretensão), o recapeamento das vias e as entregas intensificadas de unidades habitacionais. Essa última questão seria uma forma de mostrar serviço em uma área que é a principal bandeira de Boulos, que ganhou notoriedade nacional como líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
“É muito fácil falar que defende a habitação, e ter entrega zero. O importante é isso aqui: realização do sonho”, afirmou o emedebista durante uma cerimônia de entrega de chaves na última semana, na zona sul da cidade.
O subprefeito de Pinheiros, Leonardo Casal Santos, foi na mesma direção do chefe: “O Boulos invade, e a gente entrega”.
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Outra aposta da atual gestão é na tarifa zero para ônibus aos domingos – programa que pode ser expandido em 2024, em outro ataque a um ponto considerado bandeira histórica da esquerda.
Boulos e a vice
O deputado federal Guilherme Boulos coloca luz sobre o drama social vivido na cracolândia para mostrar que Nunes é ineficiente na questão habitacional e na requalificação do centro da Capital. Ele também destaca que as principais ações de Nunes não passam de medidas eleitoreiras.
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Sobre a tarifa zero, o psolista afirmou que foi uma medida tomada sem estudo, apenas de olho nas eleições. “Ele ficou três anos sem fazer nada. Vai chegando perto da eleição e quer deixar uma marca”.
O parlamentar afirmou que a abolição da tarifa dos ônibus é um tema defendido pela esquerda na cidade desde a então prefeita Luiza Erundina (1989-1992), que estava em seu plano de governo para a prefeitura em 2020, e que Nunes sempre disse que a medida “era ilusão”.
“É uma bandeira histórica dos movimentos sociais e de partidos de esquerda. Nossos adversários, inclusive o atual prefeito, diziam que era impossível, que era ilusão”, afirmou à reportagem da Gazeta, em um evento de pré-campanha há duas semanas.
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Com roupas mais alinhadas do que quando era líder do MTST, e não deputado federal, Boulos pretende afastar de si a imagem de “radical”, pecha que os detratores costumeiramente impõem à sua figura. A intenção é mostrar que pode atender aos anseios também do eleitorado de centro-direita e, com isso, aumentar as chances nas urnas.
O parlamentar pretende anunciar o nome de seu vice, ou, mais provavelmente, da sua vice, já em janeiro. Algo é certo: será uma liderança do PT e preferencialmente uma mulher. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou nas negociações e está tentando atrair a ex-prefeita (e ex-petista) Marta Suplicy para a missão, pela força eleitoral que ela mantém em bairros da periferia de São Paulo.
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O entrave é que Marta é a atual secretária de Relações Internacionais de Nunes, além de ter rejeição de parte da cúpula petista por ter deixado o partido dem 2015, após desentendimentos com a então presidente Dilma Rousseff (PT).
Nunes já disse não acreditar que sua secretaria mude de time. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam, porém, que o prefeito não deveria fazer pouco caso do poder de convencimento de Lula.
Tabata com Datena
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A deputada Tabata Amaral também vem tentando atrair um vice de peso para a sua campanha, e o nome da vez é o do apresentador José Luiz Datena, recém-filiado ao PSB. A costura para atrair o jornalista para a sigla contou com a atuação próxima do ministro Márcio França (Pequenas e Médias Empresas), uma das principais lideranças nacionais do partido.
“Datena entende como poucos as principais dores dos paulistanos e, assim como eu, tem diploma de realidade para saber enfrentar com propostas concretas os problemas da nossa cidade. Todos sabemos que ele tem muito para agregar quando falamos sobre segurança pública”, escreveu a parlamentar sobre a chegada de Datena.
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Há um temor de setores do PSB, porém, de que o apresentador desista de concorrer a um cargo político mais uma vez. Ele já ensaiou quatro vezes ser candidato (em 2016 à prefeitura da Capital, em 2018 ao Senado, em 2020 a vice-prefeito e em 2022 novamente ao Senado).
Sem nunca ter colocado seu rosto nas urnas eletrônicas, o jornalista já foi filiado ou se aproximou do PT, PSC, PSL, PSD, PP, DEM, MDB, PDT e, agora, PSB.
Entre os outros principais pré-candidatos, todos são alinhados à direita política: Kim Kataguiri, Marina Helena e Ricardo Salles.
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O provável é que os dois primeiros intensifiquem as críticas a Nunes, para tentar enfraquecer a candidatura de direita. Marina disse em novembro, em entrevista ao podcast De Olho no Poder, da Gazeta, que o atual prefeito tem “um descaso completo” com a segurança pública.
“Isso fica claro no aumento no número de furtos e roubos em São Paulo. Neste ano ele já está gastando seis vezes mais com tapa-buraco do que em segurança. Essa é a prioridade da população?”, questionou ela, que é ex-secretária de Desestatização do Ministério da Economia, a convite de Paulo Guedes.
Já Kim classifocu Nunes como "esse prefeito perdido que abandonou a cidade". Antes de entrar na disputa de vez, porém, o parlamentar precisa ultrapassar a intenção do União Brasil em apoiar o emedebista em 2024.
O xis da questão para entender o jogo político na cidade de São Paulo que culminará nas eleições de 6 de outubro é se Ricardo Salles vai entrar na disputa, porque isso poderia mexer com apoios e desequilibrar a pretensão do atual prefeito de chegar ao segundo turno. Por enquanto, Nunes está esperançoso que isso não vai acontecer.
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