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Cotidiano

'Ele tinha raiva do mundo, não era comigo', diz professora ferida por aluno em ataque

Para Ana Célia Rosa, o adolescente agressor é também uma vítima

Maria Eduarda Guimarães

30/03/2023 às 17:06  atualizado em 30/03/2023 às 17:14

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Alunos da escola estadual Thomazia Montoro e secundaristas do movimento estudantil prestam homenagens às vítimas do ataque, na porta da escola, em Vila Sônia

Alunos da escola estadual Thomazia Montoro e secundaristas do movimento estudantil prestam homenagens às vítimas do ataque, na porta da escola, em Vila Sônia | Fernando Frazão/Agência Brasil

A professora Ana Célia Rosa, 58, gravemente ferida pelo adolescente de 13 anos autor do ataque na escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, atribui a violência do episódio a um sentimento de "raiva do mundo" que o aluno nutria.

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O ataque realizado na segunda (27) terminou com uma professora morta a facadas e cinco feridos. Para Ana Célia, o adolescente agressor é também uma vítima.

"Ele é só uma criança, ele é uma vítima do sistema", disse a professora após prestar depoimento nesta quinta (30) no 34º DP (Vila Sônia), que investiga o caso.

Ela afirma que não se sentiu um alvo preferencial e acredita que qualquer um que estivesse ali em seu lugar seria atacado. "Acho que foi aleatório, mesmo. Quem ele pegasse, ele machucaria", disse.

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Ana Célia contou que, assustada com a correria de alunos durante o ataque e com a intenção de socorrer a colega caída no chão -a professora Elisabeth Tenreiro, 71, morreu esfaqueada-, não percebeu que o jovem usava uma máscara, nem que ele se aproximava para golpeá-la.

No chão e atingida na perna, ela viu quando a professora de educação física Cinthia Barbosa entrou na sala e imobilizou o agressor. "Eu só reconheci o rosto dele, o rostinho dele, na hora que a coordenadora tirou a máscara", contou.

Questionada sobre o que sente em relação ao garoto que a esfaqueou, Ana Célia responde que sente "dó".

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A professora ainda criticou a exibição de imagens do ataque pela imprensa. Segundo ela, a divulgação de cenas como essas podem motivar outros jovens a praticarem ataques e atos de violência, visão que é compartilhada por especialistas.

Ana Célia foi a última professora ferida a falar com a polícia. No total, cerca de 40 pessoas já foram ouvidas na investigação.

Nesta quinta, a Polícia Civil também deu início a uma nova frente de investigação após a autorização da Justiça para a quebra dos sigilos telemático e telefônico de aparelhos eletrônicos usados pelo agressor.

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