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Cotidiano

Direto da Noruega: livro épico sobre o folclore nórdico chega às livrarias do Brasil

Escritora brasileira apaixonada pela natureza lança "A Senhora da Tundra", uma história ilustrada com cenários sombrios que a salvou de traumas vividos na infância

Luana Fernandes

19/07/2022 às 17:04  atualizado em 19/07/2022 às 17:06

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Paola Giometti é mais conhecida por escrever livros ambientados em cenários árticos

Paola Giometti é mais conhecida por escrever livros ambientados em cenários árticos | Divulgação

Com ambientação, cenários escandinavos e sombrios, A Senhora da Tundra (Culturama editora, 376 páginas) é um livro belamente ilustrado, que traz o folclore nórdico e que atrai os leitores mais curiosos que gostam de mundos lendários como o de Tolkien. Publicado na Espanha pela Penguin Random House Publishing Group, o livro traz uma história passada na era viking onde o foco é dado ao povo draugar: criaturas associadas a fantasmas ou morto-vivos, que caminham nos fiordes durante à noite, em busca de carne humana.

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Jarnsaxa, também conhecida como Ursa da Tundra, é uma protagonista com características vikings, um pouco andróginas, e é a filha bastarda do rei dos draugar. Ao contrário do papel das mulheres guerreiras romanceadas na televisão, a Ursa da Tundra é uma draugr e que às vezes pouco se diferencia de um animal com seus excessos selvagens. Às vezes, Jarnsaxa é mencionada de maneira quase fantasmagórica, lembrando-nos uma aparição que veste um manto de urso nas costas em noites com nevascas, e ao mesmo tempo lembramos que ela tem instintos de draugr, e um soco tão pesado quanto o de Conan.

Ao mesmo tempo em que atravessa as terras do Real Vholtor e encontra seres mencionados na mitologia e no folclore, A Senhora da Tundra traz a experiência da escritora Paola Giometti, que vive em uma vila entre as montanhas geladas do extremo norte da Noruega, terra dos draugar.

Os cenários são ricos em detalhes poéticos, onde as estações são trazidas de modo que o leitor possa experienciar as sensações de se caminhar e sentir os ventos gélidos do norte da Noruega. Para os mais curiosos, A Senhora da Tundra vem com dicas de pronúncia para nomes nórdicos e um glossário explicando referências à mitologia e sagas medievais islandesas. 

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Muito pode ser aprendido com essa riqueza de mitos e lendas, trazendo o passado remoto até o presente em suas páginas. Também mostra sinais de uma exigência notável na hora de narrar com documentação, sem perder a paixão pela matéria-prima. As atmosferas mais densas e enraizadas oferecem um substrato diferente a este gênero de livros épicos: há um eco que paira por toda a narrativa, uma aura de imersão e embriaguez. 

A Senhora da Tundra recebeu a sua versão em língua portuguesa pela Culturama e está disponível na Amazon e em todas as livrarias do Brasil.

Sinopse: Quando a longa noite polar estendia seu manto de escuridão sobre o mundo, os nórdicos sabiam que seriam caçados, pois os draugar estavam vindo. Esses seres malditos, que comiam carne de mundanos. Eles, que já foram humanos e deveriam estar sob a terra, mas na morte se entregaram a Grafvölludr-Gulon, a serpente devoradora de homens que lhes deu uma nova existência. Jarnsaxa é uma bastarda do rei Drakkar, que comanda todos os draugar. Atormentada por uma revelação do passado que envolve o seu rei, a Ursa da Tundra – como é conhecida – se torna uma desertora e inicia uma busca por vilarejos, montanhas e santuários à procura de um homem que dizem ser um enviado das Nornas e de Odin e que poderá matar Drakkar. A Senhora da Tundra se passa em um período obscuro da Era Viking, quando os escandinavos acreditavam que os deuses os haviam abandonado. A história é um convite para o leitor adentrar no folclore, na mitologia e na magia nórdicos, percorrendo cenários fantásticos e um enredo épico, repleto de cenas de batalha e personagens memoráveis.

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Autora usou a literatura para superar traumas de infância

Paola Giometti é PhD em Ciências e escritora. Aos onze anos foi considerada a escritora mais jovem do Brasil e é mais conhecida por escrever livros ambientados em cenários árticos e envolvendo vida selvagem, folclore e mitologia nórdica. 

"Sempre fui ligada à natureza de um modo muito forte. Depois que vim morar no extremo norte da Noruega, a mitologia nórdica fez muito mais sentido para mim. As paisagens desoladas e frias são um grande desafio para qualquer ser vivo. Existe uma grande força de impacto que vem das montanhas e dessas paisagens remotas por vezes brancas, por vezes verdes e encharcadas, uma fúria tempestuosa onde a vida continua resistindo, as auroras boreais com sua beleza, o sol da meia noite e o seu impacto sobre todos, as noites polares que parecem sem fim...  Para mim, os gigantes da mitologia agora fazem muito mais sentido, a existência do grande vazio Ginnungagap, do reino gelado de Niflheim e o reino de fogo Muspelheim, além do significado destes nomes. É isso o que mais me atrai na mitologia: eu consigo ver ela viva por aqui".

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Para a escritora, a literatura foi a forma que ela encontrou de ter uma vida melhor na infância mesmo vivendo diante de tantas dificuldades. "Minha infância foi muito difícil e sofrida, mas não tenho vergonha de dizer que escrever livros salvou a minha vida. Minha infância foi dura e complicada. Acho que escrevia porque precisava encontrar formas de viver outras vidas que não eram a minha, além de poder estar em lugares que eu não podia estar. Tive um pai agressivo e que humilhava a mim, meus irmãos e minha mãe. Passei por abusos e isso me levou a tomar medidas para tirá-lo de casa antes que as coisas piorassem. Eu tinha 14 anos e tivemos que ir à justiça. Com 15 anos passei a escrever A Senhora da Tundra e passei por este processo de sobrevivência onde eu era muito rebelde e queria aprender artes marciais para me defender e a caçar para o caso de passar fome, pois vivia em área de mata. Levou mais de 15 anos para terminar A Senhora da Tundra, e só foi depois que eu me mudei para a Noruega que me dei conta de que já estava na hora de finalizar o livro. A Noruega me ajudou a encontrar sentimentos de sobrevivência durante a minha adaptação com a instabilidade do Ártico. Jarnsaxa está relacionada com o meu processo de aprender a me defender. Ela é o que creio que uma mulher necessita ser para sobreviver em um mundo dominado por homens. Jarnsaxa me ajudou a resgatar meu aspecto primitivo, o que me ensinou a ser mais forte".

E com tanto aprendizado, Paola já está preparando o seu próximo projeto. "Hoje eu me dedico a ser uma escritora de Fantasia Polar, que é o gênero com o qual mais me identifico e já desenvolvo este gênero desde 2014 com a publicação de O Destino do Lobo, também disponível em língua inglesa nos EUA. Tenho trabalhado num prequel de A Senhora da Tundra, uma história um pouco mais antiga que conta como os draugar surgiram. Além deste livro, estou trabalhando em outro projeto literário com folclore e mitologia bem antiga, onde jogo runas para determinar o destino dos personagens".

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