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Cotidiano
Ex-presidente divulgou nesta sexta-feira (22) nota em que chama Michel Temer, seu ex-vice e sucessor, de golpista e traidor
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Ex-presidente Dilma Rousseff | Roberto Stuckert Filho
Quatro dias após encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com líderes emedebistas, a ex-presidente Dilma Rousseff divulgou nesta sexta-feira (22) nota em que chama o ex-presidente Michel Temer (MDB), seu ex-vice e sucessor, de golpista e traidor.
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Temer é apontado como um dos articuladores do impeachment de Dilma, tendo assumido sua cadeira em 2016. Na nota, em que se refere ao ex-vice como "este personagem", Dilma afirma que
"Temer não engana mais ninguém", e "o que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo".
As declarações da petista são uma resposta à entrevista ao UOL em que Temer atribuiu o impeachment de Dilma a dificuldades de relacionamento com o Congresso. Temer também chamou a antecessora de honestíssima.
"Não houve golpe. Eu quero dizer que a ex-presidente é honesta. Eu sei, e pude acompanhar, que não há nada que possa apodá-la de corrupta. Ela é honestíssima. Mas houve problemas políticos. Ela teve dificuldades no relacionamento com a sociedade e com o Congresso Nacional. Esse conjunto de fatores levou multidões às ruas", disse Temer ao UOL.
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Em resposta, Dilma diz que é inócuo afirmar que não houve golpe, "pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014".
"Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes", publicou ela.
Ainda segundo Dilma, as provas materiais estão expressas em medidas adotadas na gestão Temer e cuja condução em um eventual governo Lula é hoje alvo de curiosidade, especialmente nas reuniões do petista com empresários.
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"As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estava em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes", escreveu.
Na segunda-feira (18), Lula se reuniu com dirigentes do MDB, entre eles os senadores Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM). Segundo relatos, o petista defendeu uma aliança com o MDB como estratégica para uma vitória no primeiro turno, evitando acirramento de uma disputa que se prenuncia violenta.
No dia seguinte, esses interlocutores de Lula foram ao encontro de Temer, recomendando o adiamento da convenção programada para oficializar, no dia 27, a candidatura de Simone Tebet (MS) à Presidência. Temer concordou com a proposta.
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Mas o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), resiste, o que deve levar o embate à Justiça.
Apesar desse esforço de aproximação de Lula com o MDB, o PT divulgou, na quarta-feira (20), uma resolução em que chama o impeachment de golpe e atribui ao governo Temer retrocesso de avanços políticos e sociais encampados em administrações petistas.
A menção de Temer à honestidade de Dilma foi considerada, por emedebistas, como mais um aceno em direção a um acordo nacional. Dilma deixa claro, na nota, que rechaça uma reaproximação.
Na nota, a ex-presidente diz que a dificuldade de diálogo com o Congresso não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista.
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"Tal 'dificuldade' era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o 'orçamento secreto', realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal", afirma ela.
"Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor".
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