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Cotidiano
A Gazeta conversou com um historiador que explicou a origem do pão tipicamente brasileiro, mas que leva o nome de outro país
16/10/2023 às 18:00 atualizado em 17/10/2023 às 14:22
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Em janeiro a maio deste ano, o setor de padaria movimentou R$ 58,6 bilhões no País | Agência Brasil
É celebrado nesta segunda-feira, 16 de outubro, o Dia Mundial do Pão. A prática de fazer pão é antiga; estudos revelam que há 5 mil anos já existia pão propriamente dito. No mundo atual, existem várias receitas e sabores, mas no Brasil nosso pão típico leva o nome de outro país: o pão francês.
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Além do nome homenageando a França, o pão brasileiro também é conhecido como pão de sal na Bahia e Minas Gerais; no Rio Grande do Sul é chamado de cacetinho; no Ceará, de carioquinha; no Rio Grande do Norte é apelidado de pão de água e em Pernambuco, de pão de jacó.
Todos esses nomes simbolizam o pão típico brasileiro, e a Gazeta conversou com o historiador Alan Nicolav para conhecer a história desse alimento consumido todas as manhãs pelos brasileiros, além de descobrir o porquê o pão típico brasileiro leva outro nome.
Como surgiu o pão no Brasil?
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"O que se sabe é que nos períodos coloniais, nos séculos 16, 17 e até o século 18, a presença do pão à mesa não era algo corriqueiro. Isso porque uma das bases da comida na cozinha do Brasil colonial era a farinha de mandioca e seus derivados. Portanto, o hábito de comer pão não era tão comum no Brasil colonial", explicou o historiador.
Alan Nicolav também ressaltou que era mais difícil importar farinha branca e farinha de trigo naquela época. Logo, a mandioca (planta que é abundante nas Américas) e seus derivados como a farinha eram ultilizados para fazer acompanhamentos naquela epóca.
"Por isso, os acompanhamentos de guisados e pratos eram feitos com farinha de mandioca. Muitos pratos da gastronomia regional brasileira têm essa base, como as farofas ou algumas receitas mais sofisticadas", explicou o especialista.
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Como surgiu o pão francês no Brasil?
O pão brasileiro se baseia no pão francês. Os ingredientes hoje em dia são quase os mesmos, mas o tempo de fermentação e os tamanhos são diferentes. O historiador explicou que há vários momentos na história do Brasil em que o pão à moda brasileira aparece. Mas a figura do pão só ganhou mais força no século 19 e, principalmente, no século 20, após a volta dos soldados brasileiros da Primeira Guerra Mundial.
"Existem várias teorias sobre como teria surgido o pão francês à 'moda brasileira'. Alguns dizem que talvez tenha sido um padeiro da Casa Imperial brasileira que usou a farinha ali e tentou improvisar um pão à moda francesa". Já outras teorias apontam que só no século 20 tivemos uma receita de pão francês, logo após o término da Segunda Guerra Mundial", pontuou o especialista.
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Segundo Alan Nicolav, após os soldados voltarem da guerra, eles queriam comer o pão que experimentaram na Europa, a baguete francesa, que é rica em trigo.
Qual a diferença do pão frânces vendido no Brasil, da baguette francesa?
A Gazeta entrevistou o cozinheiro Sergio Fuinhas que explicou e reforçou a diferença entre a baguette francesa e o pão francês brasileiro. “Em primeiro destacamos o tamanho dos pães vendidos nas padarias de cada país. Além disso, a fermentação também é diferente. A baguette francesa se usa de uma fermentação mais demorada e que leva mais tempo entre os processos de finalização do alimento. Já o pão brasileiro usa um tipo de fermentação mais rápida" pontuou o profissional.
Sergio Fuinhas também reforçou que o nosso pão francês é preparado em menos tempo e em maior escala. Já na França não é assim. Apesar de algumas diferenças no preparo, em ambos os países os pães são preparados a base de água, sal, farinha e fermento.
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Como o pão francês se popularizou no Brasil?
Após alguns anos, a receita do pão francês à moda brasileira se estabeleceu na gastronomia nacional. Um certo tipo de comércio também ganhou força no Brasil, as chamadas padarias. "Foi aí que começou a expansão das padarias, principalmente no Sudeste, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde as padarias estão muito presentes. Isso fez com que a imagem da padaria se expandisse para outras regiões do Brasil", finalizou o historiador.
Qual é a importância do pão francês e das padarias no Brasil?
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De acordo com informações do Sindipan-MT (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de Mato Grosso), 76% dos brasileiros optam pelo clássico pão francês à moda brasileira. Além disso, a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) revelou que existem mais de 70 mil padarias distribuídas por todo o Brasil.
Além desses dados, Paulo Meneguelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), informou ao jornal "Valor Econômico" que, no ano passado, o setor movimentou R$ 122 bilhões, um aumento de 16,1% em relação a 2021 (R$ 105,8 bilhões). Dados mais recentes fornecidos pela entidade indicam que, de janeiro a maio deste ano, o setor movimentou R$ 58,6 bilhões no País, cerca de R$ 7,2 bilhões a mais do que no mesmo período de 2022 (R$ 51,4 bilhões), representando um aumento de 13,7%.
*Assistente de Redação, sob supervisão de Matheus Herbert.
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