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Cotidiano

Desemprego cai a 8,3% com menor procura por trabalho, diz IBGE

É o menor nível para o período desde 2015, quando o indicador também ficou em 8,3%

Maria Eduarda Guimarães

30/06/2023 às 17:17  atualizado em 30/06/2023 às 17:25

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O resultado, porém, foi mais influenciado pela queda da procura por emprego do que por um aumento expressivo do número de trabalhadores ocupados, segundo o IBGE

O resultado, porém, foi mais influenciado pela queda da procura por emprego do que por um aumento expressivo do número de trabalhadores ocupados, segundo o IBGE | Marcello Casal Jr Agência Brasil

A taxa de desemprego caiu para 8,3% no trimestre encerrado em maio no Brasil, informou nesta sexta-feira (30) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o menor nível para o período desde 2015, quando o indicador também ficou em 8,3%.

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O resultado, porém, foi mais influenciado pela queda da procura por emprego do que por um aumento expressivo do número de trabalhadores ocupados, segundo o IBGE. Esse é um movimento que vem chamando atenção de economistas nos últimos meses.

A taxa de maio ficou em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg também esperavam 8,3%. A desocupação estava em 8,6% no trimestre imediatamente anterior, finalizado em fevereiro.

O número de desempregados recuou para 8,9 milhões até maio, apontou o IBGE. É uma redução de 279 mil pessoas (ou -3%) em relação aos três meses anteriores, quando o contingente estava em 9,2 milhões.

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Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). A Pnad investiga tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal -desde os empregos com carteira assinada ou CNPJ até os populares bicos.

"Esse recuo [da taxa] no trimestre foi mais influenciado pela queda do número de pessoas procurando trabalho do que por aumento expressivo de trabalhadores", disse Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

"Foi a menor pressão no mercado de trabalho que provocou a redução na taxa de desocupação", completou.

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A população desempregada, conforme as estatísticas oficiais, é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem ocupação e que seguem à procura de vagas. Quem não está buscando oportunidades, mesmo sem ter um emprego, não entra nessa definição.

A população ocupada com algum tipo de trabalho foi estimada em 98,4 milhões no trimestre até maio. O dado mostra um acréscimo de 278 mil pessoas (ou 0,3%) em relação a fevereiro (98,1 milhões). A variação, contudo, representa relativa estabilidade em termos estatísticos, pondera o instituto.

População fora da força sobe a 67,1 milhões

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A população fora da força de trabalho, por sua vez, alcançou 67,1 milhões. Nesse caso, houve aumento de 382 mil pessoas (ou 0,6%) em relação ao trimestre anterior (66,8 milhões).

A população fora da força de trabalho é formada por quem não é considerado desempregado nem ocupado. Trata-se de um indicador de inatividade.

Beringuy destacou que o crescimento desse contingente não está associado ao desalento com as condições do mercado.

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Segundo a pesquisadora, o que explica no momento a inatividade é a decisão de pessoas que não querem ou que não estão disponíveis para trabalhar.

"O que a gente tem de concreto é que o crescimento da população fora da força não é por crescimento do desalento", disse.

O número de pessoas desalentadas, que desistem de procurar vagas por acharem que não terão vez, foi de 3,7 milhões até maio. Isso representa uma baixa de 6,2% (menos 244 mil) frente ao trimestre anterior (4 milhões).

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Ao falar da população fora da força, Beringuy citou dados recentes da Pnad Contínua que indicaram que jovens têm deixado de participar do mercado de trabalho. Conforme a pesquisadora, é possível que uma parcela do grupo venha priorizando estudos no momento.

Historicamente, os jovens encontram dificuldades para entrada no mercado de trabalho. Na visão de analistas, a oferta de vagas menos atrativas e o reforço de transferências de renda para famílias, via Auxílio Brasil ou Bolsa Família, podem explicar esse contexto.

Renda fica estável 

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Nesta sexta, o IBGE também informou que a renda média real do trabalho foi estimada em R$ 2.901 no trimestre até maio. O indicador ficou relativamente estável frente ao trimestre anterior (R$ 2.908), com leve variação negativa de 0,2%.

Em relação a maio de 2022 (R$ 2.723), o rendimento teve alta de 6,6%. Segundo o IBGE, a trégua da inflação ajuda a explicar o avanço na comparação anual.

Depois dos estragos da pandemia, a geração de empregos foi beneficiada pela vacinação contra a Covid-19 a partir de 2021. A imunização permitiu a volta da circulação de pessoas e a reabertura de empresas, intensificada em 2022.

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Analistas ainda veem sinais de resiliência no mercado de trabalho, mas projetam uma espécie de acomodação em 2023, após a retomada sobre uma base de comparação fragilizada.

"A fotografia agora é de uma evolução mais lenta", diz o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.

"A recuperação deve ficar mais parecida com o que tínhamos antes da pandemia. O mercado de trabalho crescia pouco. Deve ser assim nos próximos trimestres."

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Para ele, há sinais de que a desaceleração da atividade econômica em setores mais dependentes do crédito está impactando a geração de empregos.

O patamar da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, virou motivo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao BC (Banco Central) nos últimos meses.

Possível efeito do Censo 

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Os dados divulgados nesta sexta ainda não sofreram impactos do Censo Demográfico 2022, cujos resultados iniciais foram publicados pelo instituto na quarta (28).

A contagem da população é a base para a atualização das amostras utilizadas em pesquisas como a Pnad.

O Censo contabilizou uma população de 203,1 milhões no Brasil até 31 de julho de 2022. O número ficou abaixo das projeções anteriores do IBGE. A estimativa da Pnad até julho do ano passado, por exemplo, era de 214,1 milhões de pessoas.

A diferença pode gerar revisões em indicadores de emprego e desemprego, segundo especialistas. Isso, contudo, depende dos dados do Censo sobre a população por sexo e faixa etária, ainda não divulgados pelo IBGE.

Os detalhamentos são necessários para a avaliação da amostra da Pnad. "Não é só trabalhar com a população total, de 203 milhões. O critério para calibrar as estimativas da Pnad Contínua vem por sexo e grupo etário", afirmou Beringuy, do IBGE.

O órgão ainda não apresentou o cronograma das novas divulgações do Censo 2022. É esperado que a próxima ocorra entre o final de julho e o começo de agosto, mas a data ainda não está confirmada.

"A calibração da Pnad ainda vai ocorrer, mas, dado o tamanho da diferença para o Censo, pode trazer alterações não desprezíveis", diz Imaizumi, da LCA.

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