Cuidar das árvores de São Paulo é cuidar da cidade

As últimas fortes chuvas que caíram sobre a região metropolitana de São Paulo por três dias seguidos deixaram, mais uma vez, um rastro de destruição: segundo contagem do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil foram mais de 400 árvores caídas, o que causou inúmeros acidentes, dificultou ainda mais o trânsito e deixou um grande número de pessoas sem energia em casa ou no trabalho, em alguns casos por um período de mais de 20 horas.

Ou seja, estamos pagando um alto preço pela falta, na cidade, de um plano efetivo de poda de árvores, algo que de acordo com declarações da própria Defesa Civil e da Enel “é essencial para mitigar o risco de queda e preservar a integridade do sistema elétrico, contribuindo para a redução de riscos de acidentes, incêndios e quedas de energia”.

As mudanças climáticas estão tornando cada vez mais frequentes os temporais com ventos fortes e devastadores e isso implica em termos um cuidado especial com as nossas árvores. A poda regular, não é novidade para ninguém, ajuda a manter a forma estrutural saudável das árvores, aumentando a quantidade de luz e ar que elas recebem e diminuindo o risco de queda de galhos e morte da espécie. Além de preservar o meio ambiente, esse cuidado salva vidas, haja visto o número de acidentes fatais decorrentes desses acidentes. Sendo assim, deveria ser levado mais a sério pelos agentes municipais.

Como entidade que representa os interesses dos moradores dos Jardins, uma das regiões mais arborizadas de São Paulo, a AME vem alertando e buscando trabalhar em conjunto com o poder público municipal para manter nossas espécies arbóreas saudáveis e bem cuidadas, zelando, dessa forma, pela segurança e qualidade de vida da população que reside e circula por toda essa área.

Um estudo realizado em 2012 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) por iniciativa da associação, mapeou as mais de 2 mil árvores adultas e de grande porte existentes na época no quadrilátero formado pela Rua Estados Unidos e as avenidas Rebouças, Brigadeiro Faria Lima e Nove de Julho. O levantamento tornou-se referência para a Prefeitura, apontando que 17% do total de árvores estava sob alerta máximo de risco de queda.

Como conclusão, o IPT sugeriu que fossem realizadas medidas urgentes de manejo e o monitoramento da biodeterioração das árvores, além da remoção dos galhos que dificultavam a passagem de pedestres e veículos, a poda e limpeza com remoção de tocos, galhos secos, podres e senis e a eliminação de parasitas nas copas, bem como a poda emergencial para exemplares que necessitassem de melhora em seu centro de gravidade, alívio do peso da copa e diminuição da área de atuação do vento.

Todos esses cuidados estão valendo - não só para a região dos Jardins, mas na cidade como um todo - e ganham importância cada vez maior quanto mais a cidade sofre com os efeitos do clima. Investir em estudos periódicos que monitorem as condições de nossas árvores e, com base nesses levantamentos, elaborar um plano de poda para a cidade deve se tornar prioridade para a Prefeitura, assim como Saúde e Educação. Afinal, estamos falando da segurança da nossa população. E isso não pode mais ser negligenciado!

*Fernando de Sampaio Barros é presidente da associação de moradores, AME Jardins, entidade que representa os bairros dos jardins América, Europa, Paulista e Paulistano, e morador da região há 39 anos