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Cotidiano
Um total de 641 pessoas foram detidas na região no período analisado, resultando em 535 prisões e 53 processos judiciais
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Uma média de 12 pessoas da cracolândia foram detidas em cada processo | Rovena Rosa/Agência Brasil
Um relatório produzido pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo mostrou que 90% das prisões em massa feitas na Cracolândia entre setembro e novembro de 2022 foram ilegais.
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641 pessoas foram detidas na região no período analisado, resultando em 535 prisões e 53 processos judiciais -uma média de 12 pessoas detidas em cada processo. Os defensores estudaram as detenções ocorridas durante a sexta fase da Operação Caronte.
Desses 53 processos, 45 foram trancados ou arquivados pelo Poder Judiciário, o que para a Defensoria, demonstra que as detenções "se deram em contextos de flagrante ilegalidade".
Em 73,6% das prisões, a Polícia encontrou apenas "resquícios e sujidades" de substâncias ilícitas -ou seja, os usuários nem portavam as drogas naquele momento.
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Os principais argumentos para trancar os processos foram: questionável constitucionalidade das prisões e atipicidade por princípio da insignificância -quando uma ação não é grave a ponto de precisar de pena ou intervenção da Justiça.
Para os defensores, as prisões estão sendo usadas como forma de penalizar os usuários, violando direitos humanos fundamentais, como os direitos à intimidade, privacidade e integridade física.
Análise das detenções em massa mostrou que 63,7% dos presos são negros (soma de pretos e pardos), 30,7%, brancos, 0,2%, amarelos e 4,5%, sem informação.
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Além disso, 86,7% dos detidos não tinham moradia fixa. Os defensores ressaltam que a maioria das pessoas está em situação de "extrema vulnerabilidade social". 91 pessoas foram presas mais de uma vez num período de três meses, segundo o relatório.
Durante as detenções, foram identificadas várias violações de direitos, como revista pessoal injustificada, ordens de nudez forçada e aplicação compulsória de medicamentos.
"A desumanização das pessoas que fazem uso abusivo de entorpecentes resulta nas violações de direito expostas por essa pesquisa, o que é incompatível com o dever de respeito e proteção da dignidade de cada pessoa humana e de seus direitos fundamentais impostos pela Constituição Federal", disse o Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
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Defensoria recomenda descriminalizar uso de drogas
"A porta de entrada para as políticas de saúde e assistência social não pode se dar pelas forças de segurança pública ou pelo sistema de justiça criminal", disseram.
Eles recomendam ainda políticas reparatórias para os presos injustamente no período analisado.
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Defensores pediram ainda ao Poder Público para reforçar as políticas públicas de educação, trabalho, renda, emprego e moradia na região.
Algumas das medidas sugeridas foram o fortalecimento do SEAS (Serviço Especializado de Abordagem Social) e dos Consultórios de Rua, por exemplo.
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