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Cotidiano

Contas públicas têm rombo de R$ 230,5 bi em 1º ano de Lula, pior resultado desde 2020

Mesmo sem o pagamento dos precatórios, o déficit teria sido de R$ 138,1 bilhões o equivalente a 1,27% do PIB

Ana Clara Durazzo

29/01/2024 às 13:47  atualizado em 29/01/2024 às 14:35

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 Trata-se do pior resultado desde 2020, ano da pandemia de Covid-19.

Trata-se do pior resultado desde 2020, ano da pandemia de Covid-19. | Ricardo Stuckert/PR

No primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as contas do governo central tiveram um rombo de R$ 230,5 bilhões em 2023, o equivalente a 2,12% do PIB (Produto Interno Bruto). Trata-se do pior resultado desde 2020, ano da pandemia de Covid-19.

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O resultado foi influenciado pela regularização dos precatórios, dívidas judiciais que haviam sido adiadas pela gestão de Jair Bolsonaro (PL). No fim do ano passado, o governo Lula obteve autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para quitar um passivo de R$ 92,4 bilhões.

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Mesmo sem o pagamento dos precatórios, o déficit teria sido de R$ 138,1 bilhões o equivalente a 1,27% do PIB.

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Nesta comparação, apenas o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) teve um resultado pior no primeiro ano da gestão. Em 2015, o rombo foi de R$ 183,1 bilhões devido à regularização das chamadas pedaladas fiscais. Em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, o déficit foi de R$ 122,6 bilhões. Os valores foram atualizados pela inflação.

O resultado de 2023 foi pior do que a meta traçada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), que prometeu entregar um déficit de até 1% do PIB no primeiro ano da administração.

Antes mesmo da posse de Lula, o governo atuou no Congresso Nacional para aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que autorizou a ampliação de até R$ 168 bilhões nos gastos em 2023 para recompor ações do Orçamento que estavam estranguladas por cortes de até 95%.

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A elevação dos gastos deflagrou uma piora nas expectativas em relação à trajetória fiscal. A equipe econômica chegou a lançar, ainda em janeiro, medidas para recompor as receitas de 2023, mas boa parte não rendeu o esperado ou foi desidratada após longa negociação com o Congresso.

O déficit indica que o governo gastou mais do que arrecadou no ano passado. O dado divulgado nesta segunda-feira (29) agrega estatísticas do Tesouro Nacional, Banco Central e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A série foi iniciada em 1997.

Para a aferição oficial do cumprimento da meta fiscal, o STF autorizou o governo a descontar os gastos com a regularização dos precatórios.

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Por outro lado, o resultado fiscal ainda vai ter uma piora adicional de R$ 26 bilhões, referentes ao resgate de valores abandonados nas contas do Fundo PIS/Pasep.

O BC, órgão responsável pelas estatísticas oficiais das finanças públicas, não considera os recursos do fundo como receita primária uma metodologia distinta da adotada pelo Tesouro Nacional. Por isso, o rombo a ser anunciado pelo BC será ainda maior.

Ainda assim, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) autoriza um rombo de até R$ 213,6 bilhões, o que corresponde a 2% do PIB. Portanto, os números não devem indicar um descumprimento formal da regra.

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Em seu discurso de posse, em janeiro de 2023, Haddad disse que não iria aceitar um resultado "que não seja melhor do que os absurdos R$ 220 bilhões de déficit previstos no Orçamento".

A partir daí, a Fazenda traçou a meta informal de 1% do PIB que em março chegou a virar 0,5%, um objetivo ainda mais ambicioso, mas que logo foi abandonado.

Em entrevista coletiva, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que boa parte da piora do fiscal em 2023 se deve ao pagamento de precatórios e efeitos extraordinários. "Nossa sinalização para o horizonte de médio prazo é uma reversão dessa tendência", afirmou.

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"Esperamos atingir o equilíbrio ou até [um resultado] positivo nos próximos anos", acrescentou Ceron.

Segundo ele, o governo espera que o movimento de recuperação fiscal "fique mais nítido" em 2024.
Haddad estipulou uma meta de déficit zero para este ano, mas esse objetivo enfrenta ceticismo do mercado financeiro e da própria ala política do governo. "Estamos com metas arrojadas que serão perseguidas", afirmou o secretário.

Entre as medidas extraordinárias que acentuaram o déficit, Ceron elencou a antecipação da compensação pelas perdas dos governos regionais após o Congresso, apoiado pelo governo Bolsonaro, limitar as alíquotas de ICMS sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações.

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Em meio à penúria das prefeituras e à demanda por um socorro federal, o governo Lula aceitou antecipar a parcela que seria paga em 2024. O impacto total foi de R$ 21 bilhões.

Houve ainda um aporte de R$ 6,1 bilhões no fundo que vai bancar a nova bolsa para alunos do ensino médio e uma capitalização de R$ 1,4 bilhão no Banco no Nordeste.

No entanto, não foram só essas despesas que cresceram. Segundo os dados do Tesouro, o gasto com subsídios e subvenções teve uma alta real de 34,4%, de R$ 16,4 bilhões para R$ 22 bilhões.

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Além disso, houve uma intensificação dos empenhos e pagamentos de despesas pelos ministérios no mês de dezembro, o que reduziu o chamado "empoçamento" —quando os órgãos têm limites disponíveis para gastar, mas não conseguem porque esbarram em restrições técnicas, como problemas de projeto ou licenciamento.

Em novembro, o empoçamento estava em R$ 34,4 bilhões. Já em dezembro, esse valor caiu significativamente, fechando o ano em R$ 19,8 bilhões.

Do lado das receitas, a Receita Federal divulgou na semana passada que a arrecadação federal teve uma queda real de 0,12% no ano passado, já descontada a inflação. Nos dados do Tesouro, a queda foi ainda maior, de 2,8% em termos reais, influenciadas negativamente por concessões, dividendos de estatais e royalties.

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