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Cotidiano

Conheça Cacareco, o animal eleito para a Câmara de SP em 1959

Rinoceronte levou 100 mil votos - mais do que todos os candidatos do partido mais votado - e inaugurou o conceito de 'voto de protesto' em São Paulo

Bruno Hoffmann

13/03/2022 às 22:52  atualizado em 14/03/2022 às 00:48

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Cacareco, pouco antes de embarcar do Rio para São Paulo

Cacareco, pouco antes de embarcar do Rio para São Paulo | Folhapress/Folhapress

Em todas as eleições há candidatos, digamos, exóticos, que ganham um bom percentual do chamado “voto de protesto”. O primeiro caso notório do fenômeno na história do Brasil, porém, não teve nenhum ser humano como protagonista. Nas eleições para a Câmara Municipal de São Paulo de 1959 o nome mais inscrito nas cédulas eleitorais para vereador foi o de Cacareco.

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O “novo vereador” se tratava de um rinoceronte que havia sido emprestado pelo zoológico do Rio para o de São Paulo e que caíra na simpatia dos paulistanos. O bicho levou quase 100 mil votos. O partido mais votado não chegou a 95 mil. O humorista Stanislaw Ponte Preta provocou nas páginas do jornal Última Hora: “Diversos membros do PSP [partido político da época] andam rondando a jaula de Cacareco, para o colocarem no lugar de Adhemar de Barros”. Adhemar, na ocasião, era o prefeito de São Paulo. 

A ideia de lançar um animal para a Câmara Municipal surgiu da cabeça do jornalista Itaboraí Martins, do “Estadão”, que teve a sacada durante uma bebedeira no bar. Até uma quadrinha de apoio foi feita: "Cansados de tanto sofrer/ E de levar peteleco/ Vamos agora responder/ Votando no Cacareco”. O caso até ganhou as páginas da revista norte-americana Time, que destacou a frase de um eleitor: “É melhor eleger um rinoceronte do que um asno”.

Outro caso semelhante aconteceu nas eleições municipais do Rio, em 1988. A revista Casseta Popular (um dos embriões do Casseta e Planeta, da TV Globo) fez uma campanha pelo voto nulo, lançando a candidatura do Macaco Tião, um chimpanzé mal humorado do zoo do Rio que chegou até a cuspir no prefeito Marcello Alencar. A campanha pegou e Tião recebeu 400 mil votos nas cédulas de papel, o que lhe deixou em terceiro lugar entre 12 candidatos. Quando morreu, em 1996, a cidade decretou luto oficial por oito dias.

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