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Cotidiano
Dois indígenas morreram e outros cinco ficaram feridos em um conflito em Roraima, na tarde desta segunda-feira (11)
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Dois indígenas morreram em um conflito entre duas comunidades na Terra Indígena Yanomami | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Dois indígenas morreram e outros cinco ficaram feridos em um conflito entre duas comunidades na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na tarde desta segunda-feira (11), segundo relato do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye´kuana, Júnior Hekurari Yanomami.
"Junto com os garimpeiros, a comunidade Tirei atacou a comunidade Pixanehabi, onde morreram dois yanomamis", disse Hekurar em vídeo divulgado pelo G1. Segundo ele, os moradores da comunidade atacada são contra o garimpo. "Por isso os garimpeiros deram 80 armas para a comunidade Tirei, incentivando o conflito".
Também nesta segunda, o MPF (Ministério Público Federal) divulgou um pedido à Justiça Federal para obrigar a União a retomar ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.
O pedido é baseado em denúncias de crimes contra indígenas e ameaças à saúde e à existência das comunidades. Em visita realizada à Serra das Surucucus, em Roraima, o Ministério Público Federal constatou que a região foi toda ocupada por garimpeiros ilegais, que usam as pistas de pouso da Secretaria de Saúde Indígena como apoio logístico para dezenas de aeronaves e helicópteros.
"Isoladas do contato com a sociedade, as comunidades indígenas estão cada vez mais próximas do garimpo e não podem usufruir de seu habitat tradicional, já completamente degradado pelo desmatamento e poluição dos rios", diz o MPF.
Segundo os promotores, operações realizados no ano passado pelo governo federal não foram suficientes para conter o avanço do garimpo ilegal e é preciso realizar ações urgentes de repressão contra crimes socioambientais que ocorrem na região.
Para o MPF, o que ocorre na Terra Indígena Yanomami é uma tragédia humanitária e há o risco de a população tradicional da região ser dizimada por causa da grande quantidade de garimpeiros que ocupam ilegalmente o território e da forma de estruturação da atividade.
YANOMAMI SOB ATAQUE
O relatório "Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomai e propostas para combatê-lo", divulgado nesta segunda pela Hutukara Associação Yanomami, denuncia ataques criminosos contra comunidades indígenas.
De acordo com o documento, em 2021 o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com 2020. Entre 2016 e 2020, o garimpo cresceu 3.350% na Terra Indígena Yanomami.
O relatório revela que existem hoje 273 comunidades e 16 mil pessoas afetadas diretamente pelo garimpo ilegal. Isso significa que 56% da população da terra indígena sofre as consequências dessa prática irregular. Vinte e nove mil pessoas moram em cerca de 350 comunidades na região.
Entre as consequências da extração ilegal de ouro e cassiterita está a explosão de casos de doenças como malária, além de casos de violência como o ocorrido nesta segunda.
O documento destaca também o desmatamento da floresta, a poluição dos rios e a formação de crateras.
"O governo precisa avaliar suas ações, pois muitas operações de combate ao garimpo não surtiram efeito", disse Dario Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami. "O meu povo está sofrendo. Pedimos o apoio da população para se unir ao nosso grito de socorro para a retirada imediata dos garimpeiros do nosso território".
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