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Cotidiano

Condomínios em São Paulo apostam em comunidade e tecnologia contra roubos

Medida se soma à popularização de centrais de monitoramento, a portarias remotas e ao uso de inteligência artificial

Maria Eduarda Guimarães

15/09/2023 às 13:25  atualizado em 15/09/2023 às 13:28

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Vista aérea de Moema, na zona sul de São Paulo

Vista aérea de Moema, na zona sul de São Paulo | Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo

Quando os relatos de roubos e furtos entre moradores de Moema, bairro da zona sul da capital paulista, ficaram mais frequentes, integrantes de um condomínio resolveram reforçar a segurança com troca de informações com a comunidade no entorno.

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Três anos depois, a ação virou um grupo com mais de cem condomínios, com troca de informações sobre segurança e treinamento das equipes de zeladores e porteiros. É mais uma alternativa para lidar com a sensação de insegurança após casos como a invasão armada em um condomínio de luxo no Morumbi, zona sul de São Paulo, na semana passada.

A medida se soma à popularização de centrais de monitoramento, a portarias remotas e ao uso de inteligência artificial. Para grandes condomínios, já são usados drones que monitoram a área e podem notificar equipes humanas para tomar decisões. Especialistas ouvidos pela reportagem, no entanto, apontam que não adianta investir em equipamentos sem treinar profissionais e moradores.

Foi essa a solução encontrada no edifício em que Marcia Oliveira, 58, é síndica. "Não tenho nada terceirizado aqui. Treino uma equipe com média de casa de 20 anos que conhece os hábitos dos moradores. Um precisa cuidar do outro."

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Uma medida adotada foi criar a chamada vaga de pânico. "É uma vaga especial, para o caso de acontecer algo na rua, já sabem que há um problema." Os porteiros também contatam os moradores, por telefone ou mensagem, caso eles usem vagas de visitante.

"Uma vizinha precisou buscar um exame no apartamento, parou na vaga de visitante e logo ligaram para ela. É bacana, alguns condôminos que moram sozinhos dizem que os cuidados não têm preço."

De acordo com a síndica, grande parte das falhas percebidas é humana, seja por portas deixadas abertas ou informações imprecisas para a liberação de acesso a visitantes e entregadores.

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É o que diz Chen Gilad, chefe do grupo Haganá e cofundador da CoSecurity. Para ele, o controle de acesso deve ser estrito e contar com uma análise humana, além de tecnológicas, como biometria facial, especialmente no acesso de mais de uma pessoa.

"Principalmente em festas, quando a segurança é mais vulnerável e moradores não colaboram com envio de listas. Pior, muitos informam que qualquer um pode entrar. É neste momento que a segurança deve ter o poder de barrar uma atitude dessa e ser apoiada pela administração."

Entre as novidades, segundo o especialista, estão drones com sensores térmicos, ou aqueles ligados a cabos que podem monitorar ininterruptamente a área dos prédios, no caso de condomínios maiores.

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Nem tão novas, as câmeras, agora associadas a sistemas analíticos de reconhecimento, compõem um modelo já sacramentado de controle do perímetro do condomínio, que começa nos sensores.

Se há um disparo de algum desses equipamentos, a análise é completada por câmeras. Sendo um alarme verdadeiro, como invasão, a equipe de segurança deve, idealmente, verificar a situação de uma guarita, para que não se exponha indo até o local.

Gilad também indica quatro pontos básicos de triagem em qualquer situação de visitante, que passa pelo aviso da chegada da pessoa, a autorização para entrar no condomínio, e a checagem ou a realização de cadastro, se for a primeira visita. "No caso de entregadores de encomendas, deveria existir uma área segura para o despacho e recebimento das encomendas, sem permitir o acesso ao interior do condomínio."

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O efeito de dissuasão também é importante, segundo Mauro de Lucca, diretor de negócios da Wesafer. "A gente quer inibir, fazer com que algumas medidas sejam visuais para que alguém planejando veja que tem proteção, câmera, cerca elétrica. Quando o ato vai acontecer, a detecção dessa ação deve ser a mais precoce possível."

Daí entra a inteligência artificial, que avança no monitoramento em relação a sistemas de câmeras que gravam as ocorrências ou à vigilância de equipes presenciais ou remotas. "Seja vistas ao vivo por porteiro, ou em centrais de monitoramento, é uma quantidade enorme de câmeras para monitorar. Vendo 50 ou 60 delas, algo passa despercebido."

Com os sistemas de reconhecimento, diz Mauro, é possível gerar alertas em comportamentos anômalos. "Aglomeração, pessoa vagando em frente ao condomínio de forma desordenada, veículo que para em frente sem descer ninguém. Se tem ação com arma do lado de fora, a inteligência artificial pode avisar, o que dá informações de qualidade para a tomada de decisão."

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Decidir o que fazer em uma situação de perigo, afirma Marcia, exigiu treinamento de moradores e de equipes de prédios na região em que ela mora. "Ao acontecer um assalto na rua, havia uma preocupação de filmar, não ligar no 190. O trabalho é fazer com que liguem antes." Para ela, além da união, é preciso participar de reuniões de associações de bairro e dos Conseg (Conselho Comunitário de Segurança).

Contudo, não descarta a adoção de mais tecnologia. "Muitos condomínios por aqui já têm identificação facial. Seria bacana colocar câmeras em todas as ruas [da região], é o que estamos tentando fazer agora."
Outro cuidado é com etiquetas. Condomínios têm circulado avisos sobre o risco de deixar os dados à mercê de golpistas com o descarte sem a destruição das informações.

"Usam nome completo, endereço e CPF para diversas práticas, inclusive abrir contas bancárias. Também podem fazer mais buscas, achar perfis em redes sociais e aplicar golpes em familiares", afirma a delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).

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