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Médicos afirmam que é necessário planejamento, pois cerca 10% das mulheres se arrependem da cirurgia, que é de difícil reversão | Elza Fiúza/Agência Brasil
O Senado aprovou na última quarta-feira (10) um projeto de lei que reduz de 25 para 21 anos a idade mínima para a que a mulher opte pela esterilização voluntária. Além disso, o texto retira a obrigatoriedade do consentimento expresso dos cônjuges para realização da esterilização. Após essas alterações nas regras, um grande número de mulheres passou a ter direito à realização do procedimento junto ao SUS (Sistema Único de Saúde). Veja perguntas e respostas sobre a cirurgia de laqueadura junto à saúde pública no Brasil.
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O que é a cirurgia de laqueadura?
A cirurgia de laqueadura é um procedimento de esterilização voluntária considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um método anticoncepcional que contribui para a prevenção dos riscos à saúde relacionados à gravidez indesejada, sobretudo em adolescentes.
Como é a cirurgia?
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De acordo com o médico Dráuzio Varela, a cirurgia é relativamente simples e tem duração de cerca de 40 minutos. Neste procedimento, as trompas são cortadas e suas extremidades bloqueadas para que a descida dos óvulos e a subida dos espermatozoides não ocorra.
A cirurgia pode ser realizada por meio de abertura da cavidade abdominal para ter acesso às tubas, que é o procedimento mais comum no SUS e que requer internação hospitalar; ou por laparoscopia, que é um método menos invasivo.
É possível reverter a laqueadura?
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Esta cirurgia é considerada um procedimento de difícil reversão. Segundo Patricia de Rossi, ginecologista do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, em São Paulo, cerca de 10% se arrependem do procedimento.
“Por esse mesmo motivo, também não é permitido fazer laqueadura durante o parto, período de maior vulnerabilidade para a mulher tomar uma decisão como essa. A lei só abre exceção quando ela já fez várias cesarianas, ou quando há riscos para saúde em caso de nova gestação”, alerta a especialista.
Como conseguir a cirurgia pelo SUS?
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A ginecologista Patricia de Rossi avalia que a paciente interessada precisa de paciência para enfrentar a burocracia oficial e conseguir realizar a cirurgia. Na cidade São Paulo, por exemplo, a liberação depende da dinâmica de funcionamento da unidade de saúde, que costuma ter um ritmo próprio.
A médica que tem experiência na rede pública há mais de 20 anos esclarece que, primeiramente, a mulher deve procurar a unidade básica de saúde de sua localidade e manifestar o desejo de fazer a laqueadura. A mulher será então encaminhada para uma ou mais reuniões sobre planejamento familiar e receberá explicações sobre outros métodos contraceptivos.
Depois dessa fase inicial, a paciente deve ser ouvida por uma equipe composta por psicóloga, médicos e assistente social. Neste momento, eles confirmarão sobre o desejo de realizar a cirurgia, pois muitas vezes a mulher não sabe que o procedimento é um método praticamente irreversível.
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Tempo de reflexão
Este período de realização de conversas com especialistas em planejamento familiar é determinado pela lei chamado de “tempo de reflexão”. Se trata de um período de 60 dias que antecede o aval para a cirurgia. Somente após este período é que se assina a papelada necessária e são iniciados os trâmites de encaminhamento para o hospital de referência. Caso a paciente queira desistir da cirurgia dentro deste período, ela tem direito de fazê-lo.
Vale a pena?
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A assistente administrativa Karoline Alves afirmou à "BBC" que realizar a cirurgia de laqueadura aos 25 anos foi a realização de um sonho.
"Sempre tive a certeza de que não queria ter filhos. Mesmo usando outros métodos anticoncepcionais, toda vez que atrasa a menstruação a gente fica preocupada.", conta a jovem. "Nunca me vi sendo mãe, nunca me vi tendo filhos, e fazer uma cirurgia para isso seria uma preocupação a menos na vida", afirma.
Apesar de animada com a ideia, todas as histórias que ela ouvia sobre a cirurgia a desanimavam. "Eu sempre ouvia que tinha que ter dois filhos para poder fazer. Mas não faz sentido. E quem não quer ter filho nenhum?", indagou à época.
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Uma pesquisa publicada pelo Jornal da Unicamp em 2004 revelou que cerca de 10% das mulheres que realizam a cirurgia de laqueadura se arrependem do procedimento. É o caso de Zélia Fernandes Alves. Ela fez a cirurgia quando tinha 26 anos e 10 anos depois decidiu voltar ao hospital para tentar religar as trompas. Depois de um mês ela deu a luz a João Hélio.
Outro caso parecido é o da costureira Zélia. A então moradora da cidade paulista de Meridiano já tinha quatro filhos do primeiro casamento quando decidiu fazer a cirurgia. Mas dez anos depois, o companheiro dela, no segundo casamento, expressou o desejo de aumentar a família.
"Procurei o Dr. Antonio e ele conseguiu reverter a laqueadura. E deu tudo certo. Mas eu corri um risco a mais, passando por outra cirurgia. Por isso, indico que as pessoas pensem muito bem antes de decidir passar por uma operação dessas", aconselhou Zélia à época, ao portal "Cidadão Net".
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